Rosana Fabri cria tatuagens comestíveis em suporte inusitado

Tatuagem.jpgA tatuagem, instigante forma de comunicação que faz do próprio corpo o suporte de mensagens, ganha novo caminho pelas mãos da artista plástica Rosana Fabri. Na exposição "Tatuagem Comestível", que tem início às 19h desta quinta-feira (22), na Sala II do MuMA ? Museu Metropolitano de Arte de Curitiba, a artista paranaense reúne 15 trabalhos nos quais a tatuagem é feita em massa de pastel. Na abertura da mostra, os visitantes provarão, literalmente, os efeitos visuais e gustativos das tatuagens criadas por Rosana Fabri.

Seduzida pelas possibilidades dessa expressão artística, há três anos Rosana pesquisa materiais que permitam explorar a tatuagem, chegando à descoberta da massa crua de pastel como superfície ideal, pela semelhança com a textura da pele humana. "Esticava a massa, via como ela reagia, como sofria com as questões de temperatura e umidade, observava as semelhanças com a pele humana", diz Rosana, que passou a se preocupar também em achar um material compatível para marcar a superfície. Como deveria ser tão comestível quanto o próprio pastel, optou pela anilina.

A artista, que trabalha com massa de pastel caseira, adquirida numa casa de massas localizada atrás da Catedral Basílica, transformou a cozinha de sua mãe, Maria Izabel de Castro, em um verdadeiro laboratório. Entre anilinas, testes de temperatura e formas de apresentação da massa, Maria Izabel contribuiu para o resultado ideal da tatuagem comestível, num trabalho que Rosana classifica como "culinária aplicada".

A massa, depois de atingir a espessura certa, ganha pinturas e desenhos realizados com pincéis de vários tipos e tamanhos. "Surpreendentemente, as primeiras imagens que surgiram foram a da cruz e a da espada. Em seguida vieram o Espírito Santo e o Sagrado Coração. Intuitivamente conectada à necessidade primordial do ser humano de marcar na pele os signos e códigos de proteção divina, a artista foi buscar na religião de seus ancestrais os símbolos a serem exultados", registra no texto de apresentação da exposição a especialista em História da Arte, Priscila Jacewicz.

Segundo Priscila, na seqüência das experiências veio a necessidade da palavra escrita. "Inspirada então pelo gênio de Aldus Manutius Romanus Antonio, o grande tipógrafo, Fabri conheceu a arte de registrar o nome sagrado através dos ex-líbris e seus ornamentos." A idéia da artista, a princípio, era captar em fotografias as transformações sofridas pela massa, mas as contribuições dadas pelo tempo, em forma de fungos e craquelês, foram incorporadas às obras. Mesmo depois de três anos, muitos dos trabalhos ainda se mantêm.

"Sem fronteiras, o processo criativo se desenvolveu livre e permitiu que o sagrado a tudo tocasse. Assim surgiu a exposição, um misto de intuição, inspiração, curiosidade, experimentação, devoção, humildade e, como não poderia deixar de ser, diversão", escreve Priscila.

Rosana quer fazer dessa exposição no MuMA um trabalho de conscientização sobre a tatuagem. A equipe de arte-educadores da Fundação Cultural de Curitiba, responsável pela monitoria da mostra, preparou material sobre a história dessa arte, abordando também os perigos da tatuagem, especialmente entre os jovens.

Trajetória artística

Formada e com especialização em Artes Plásticas pela Faculdade de Artes do Paraná ? FAP, Rosana Fabri descobriu nos ateliês do Museu da Gravura de Curitiba o gosto pela gravura, em particular pela serigrafia. Ampliou seus conhecimentos em diferentes técnicas, como xilogravura, monoprint e litografia, além de trabalhar com fotografia e foto digital.

No período compreendido entre 1989 e 1996, a artista foi orientadora da oficina de serigrafia do Museu da Gravura, com participação em várias exposições nacionais e internacionais, entre elas na Argentina e no Japão. Também ministrou curso de serigrafia no Ateliê 99, em Santiago (Chile) e aprimorou técnicas com Dionísio Del Santo, San Peter e Eduardo Castanho.

De 1997 a 2000, Rosana respondeu pela direção do Museu da Gravura de Curitiba, quando o espaço abrigou dois grandes eventos, a exposição Reflexão 97/A Arte Contemporânea da Gravura e a XII Mostra da Gravura (2001). Em 2001, foi coordenadora do Centro Cultural Solar do Barão, e hoje atua na Coordenadoria de Patrimônio Artístico Cultural da Fundação Cultural de Curitiba.

Serviço
MuMA ? Museu Metropolitano de Arte de Curitiba
(Centro Cultural Portão ? Av. República Argentina, 3.430 ? Portão)
Sala II
Exposição "Tatuagem Comestível", que reúne trabalhos de Rosana Fabri
De 22 de setembro (abertura às 19h) a 06 de novembro de 2005
Horário de visitas: de terça a quinta-feira, das 13h às 19h; sextas-feiras, das 13h às 21h; sábados e domingos, das 15h às 19h
Entrada franca

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