Programas ao vivo são os preferidos dos apresentadores

A vida é ao vivo. Por isso os apresentadores de tevê gostam tanto de apresentar seus programas em tempo real. Isso proporciona um poder quase incontrolável para o apresentador, capaz de surpreender a todos com palavras e atitudes. Adriane Galisteu, por exemplo, virou notícia recentemente ao fazer um protesto ao vivo na tevê. Depois de ver seu Charme mudar de horário infinitamente, acabou exilada na madrugada no SBT. Para demonstrar seu descontentamento, comandou o programa usando pijamas e camisolas e foi suspensa por ser considerada uma funcionária rebelde. Programa ao vivo tem mais a ver com o meu temperamento, compara Adriane. No SBT, as queixas são freqüentes contra Silvio Santos, que altera a programação quando bem entende. ?No programa gravado a gente depende muito mais da produção. Mas eu sou sempre a mesma, não faz tanta diferença assim?, minimiza a veterana Hebe, que por diversas vezes disse no ar ter saudades do tradicional programa ao vivo, em que dava seu ponto de vista sobre assuntos da atualidade.

A idéia de que os programas ao vivo são mais atraentes e por isso garantem maior audiência às emissoras prevalece entre os apresentadores. ?O telespectador percebe quando é gravado. Se tiver havido algum acontecimento importante e eu não der uma só palavra sobre o assunto, ele muda de canal?, opina a jornalista e apresentadora do Bom dia Mulher, da Rede TV, Olga Bongiovani. Defensora ferrenha do ao vivo, ela conta que só grava seu matinal diário quando precisa viajar para produzir matérias ou em seu período de folga. Leão Lobo, do Atualíssima, da Band, raras vezes recorre à gravação. ?Prefiro o ao vivo. Na gravação perde-se a espontaneidade e o brilho. Tenho a sensação de que estou mentindo quando faço gravado?, exagera.

O jornalista Britto Júnior, um dos apresentadores do Hoje em Dia, da Record, leva seu programa ao ar ao vivo, deixando para gravar apenas algumas edições de sábado. O receio de que algo saia do controle ao vivo não o preocupa. ?A competência do profissional diminui os riscos?, analisa.

Os programas gravados contam com a vantagem das edições caprichadas, mas também com o excesso de interrupções e repetições. ?Pergunte a qualquer profissional de tevê. Quando a atração é gravada, todo mundo erra. Sempre demora mais, não tem jeito?, reclama Marcos Mion, apresentador do Quinta Categoria e Descarga MTV.

Na contramão do SBT, a Globo mantém o Mais Você ao vivo a contragosto de sua apresentadora. Ana Maria Braga sofre com o horário matinal. Ela já assumiu sua insatisfação em ter de acordar tão cedo para gravar o Mais Você. No entanto, a Globo prefere que o programa mantenha a transmissão direta. ?Tem dia que não estou no meu melhor humor e morro de dor-de-cabeça. Mas, depois que entro no ar, é sempre uma festa?, despista.

Quando começou a apresentar, há seis anos, o A noite é uma criança, na Band, Otávio Mesquita, entrava no ar à meia-noite e meia, de segunda a sexta. Embora gostasse da ?adrenalina? e dos riscos que acompanham um programa ao vivo, o horário fez com que Otávio optasse por gravar à noite. ?Minha vida social estava acabada. Se o programa fosse ao ar em outro horário, tudo bem. Mas àquela hora não dava mais?, lamenta. Mion lembra de outro problema da falta de gravações: ?A desvantagem maior nesse caso é que você não pode ficar doente. Já apresentei programa com 40 graus de febre?, lembra.

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