Perhappiness discute poesia e suas relações com a música e o cinema

As mesas-redondas do Perhappiness 2005, evento literário anual promovido pela Fundação Cultural de Curitiba, terão como enfoque as relações da poesia com outros campos artísticos, como a música e o cinema. O Perhappiness começa quarta-feira (24) com o show "Saiba", do cantor e compositor Arnaldo Antunes, às 20h, no Teatro UnicenP, e vai até sábado (27), com uma programação de debates, espetáculos musicais, lançamentos de livros e ciclo de cinema.

Investigar a proximidade da poesia com as outras linguagens artísticas é a proposta das três mesas-redondas que acontecem de quarta a sexta-feira, a partir das 9h30, na Universidade Federal do Paraná (Reitoria ? Edifício D. Pedro I ? Anfiteatro do 1º andar). "Vamos procurar explorar a poesia em campos paralelos, abrindo a discussão para o que está além do fazer poético", diz a curadora do evento, a escritora e professora de literatura, Luci Collin. Os interessados em obter certificado de participação nas mesas de debates devem inscrever-se gratuitamente na Secretaria do Delem ? Universidade Federal do Paraná ? 9º andar do Edifício Dom Pedro I (Rua General Carneiro, 460 ? Centro ? telefone: 3360-5183).

A primeira mesa, quarta-feira (24), reúne especialistas que falam sobre a obra de Paulo Leminski (1944-1989). O poeta paranaense é o criador da expressão que dá nome ao evento, organizado em sua homenagem. Participam do debate a professora da UFPR Sandra Novaes, que fala sobre as traduções realizadas por Leminski, os escritores William Teca, que discorre sobre o livro "Catatau", sua obra mais polêmica, e Marcelo Sandman, que aborda sua produção de cartas e correspondências. Essa mesa terá como mediador o poeta Mário Domingues.

Quinta-feira (25), a mesa-redonda que reúne os escritores Sérgio Cohn, Fernando Koproski e Rodrigo Garcia Lopes tem como tema as traduções de obras poéticas e o mercado hoje existente para o setor . "Traduzir um texto literário já é muito complicado, quanto mais a tradução de poesia, que tem implicações ainda mais maiores", explica Luci Collin. O mediador é o professor Maurício Cardozo.

O encontro de sexta-feira (26) é sobre "Literatura e Cinema", reunindo profissionais das duas áreas: a cineasta Flávia Rocha, a atriz Silvanah Santos e o escritor Marcelo Carneiro da Cunha. "Quando pesquisamos a aproximação entre esses dois campos, não nos limitamos à adaptação. Fazemos um estudo mais aprofundado sobre as ferramentas utilizadas em comum pelo cinema e pela literatura, procurando identificar, por exemplo, como cada linguagem situa uma história no tempo e no espaço", explica a curadora. O mediador, nesse dia, será o professor Walter Lima Torres.

Vitor Ramil e Sylvio Back no Paiol

Palestra e debate também estão programados para acontecer à noite, no Teatro do Paiol. Quinta-feira , às 19h30, o compositor gaúcho Vitor Ramil apresenta a palestra "A estética do frio", tema do livro que ele estará lançando. Na ocasião será lançado também o quinto número da revista literária Oroboro.

"A estética do frio" é resultado de uma pesquisa musical realizada por Vitor Ramil nos anos 90. Nessa época, Ramil deixou o Rio de Janeiro e voltou a viver no Rio Grande do Sul, em busca da sua identidade de sulista. Seus estudos deram origem ao espetáculo "Ramilonga ? A estética do frio", que se desenvolve sobre a milonga (ritmo comum ao Rio Grande do Sul, Uruguai e Argentina), e mescla o linguajar gauchesco do homem do campo com a fala coloquial dos centros urbanos.

Sua reflexão sobre a identidade de quem vive no extremo sul do Brasil começa pela recusa ao estereótipo do gauchismo: o canto forte dá lugar a uma expressividade sofisticada e suave, instrumentos convencionais são substituídos por outros, como os indianos e africanos, nunca antes reunidos neste gênero de música. Pela contundência de suas idéias e pela originalidade de sua concepção, "Ramilonga ? A estética do frio" foi um marco na trajetória do artista.

Vitor Ramil começou sua carreira como cantor e compositor. Gravou seu primeiro disco aos 18 anos. Trabalhou com Egberto Gismonti, Wagner Tiso, Luis Avellar, Nico Assumpção e Leo Gandelman. Algumas de suas composições foram gravadas por Zizi Possi, Gal Costa e Mercedes Sosa. Ele se revelou como escritor com a novela "Pequod", ficção criada a partir de passagens da infância do autor, sua relação com o pai, suas andanças pelo extremo sul do Brasil e pelo Uruguai. A partir do lançamento deste primeiro livro, em 1995, de grande repercussão junto à crítica e recentemente lançado na França, o artista passou a ocupar-se simultaneamente da música e da literatura.

Poesia e erotismo

"Poesia e erotismo" é o tema do último debate, sábado (27), às 19h, no Paiol, com a participação do cineasta Sylvio Back, do professor de Literatura Paulo Venturelli e da diretora Margarida Rauen. A vertente literária de Sylvio Back e sua produção de poesias carregadas de erotismo conduzem as discussões. O cineasta tem, além de filmes, 20 livros editados entre poesias, ensaios e os roteiros de várias produções. Sua obra poética está concentrada nos livros "O caderno erótico de Sylvio Back" (1986), "Moedas da Luz" (1988), "A Vinha do Desejo" (1994), "Yndio do Brasil" (1995), "Boudoir" (1999) e "Eurus" (2004). A curadora Luci Collin prevê um debate instigante, onde será colocado em discussão o limite entre o vulgar e o artístico.

A programação inclui ainda as tardes de autógrafos na Livraria Fnac, com vários escritores, entre eles Sérgio Cohn, Fabrício Carpinejar e Miguel Sanchez Neto, uma mostra de filmes na Cinemateca, o espetáculo "Outros Cantos da Palavra", e o recital de poesias "Hora do Ângelus".

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