Obstinado

Daniel Ávila é uma espécie de jovem ator velho. Com 16 anos de profissão, o carioca se orgulha de ser um ?CDF? na carreira, que começou aos seis anos de idade como o Zezinho de A história de Ana Raio e Zé Trovão, na extinta Manchete. O ator é do tipo que faz longas pesquisas para os personagens, assiste a todos os filmes relacionados, além de estudar profundamente sobre direção, fotografia e ser experiente em dublagens no cinema. Ou seja, aos 22 anos de idade, Daniel se sente um veterano na atuação. Por isso, assume que vibrou quando foi chamado para viver o ?rebelde sem causa? Tony em O profeta.

Totalmente inspirado no ator James Dean e em filmes da década de 50, o personagem era o motivo que Daniel esperava para mergulhar em pesquisas históricas. Apesar das transformações que o motociclista de topete e jaqueta de couro sofreu na trama de Ivani Ribeiro, o ator garante que Tony não perdeu sua essência ?easy rider?. ?A vida o chamou para a real. Teve de ficar responsável e arrumar emprego. Seus sonhos adolescentes foram por água abaixo. Mas ele continua com a mesma rebeldia de sempre?, analisa.

Falante e absolutamente empolgado ao resgatar memórias de seus nove trabalhos na tevê, Daniel se considera um ator estudioso. ?Assisti a muitos filmes da época da juventude transviada, estudei história da década de 50. Preciso me abastecer para mudar drasticamente a cada personagem?, valoriza.

Na verdade, Tony lhe proporcionou um dos maiores prazeres do ator na tevê: compor personagens de época. Desde que interpretou o Rudá da minissérie Um só coração, em 2004, Daniel passou a saborear mais os papéis que lhe dão possibilidades de pesquisa. ?Minha curiosidade por época é muito forte. Cresci com meu pai admirando Elvis Presley e com minha mãe louca por antigüidades. Sou meio antigo, gosto de Bossa Nova, amo o passado?, anima-se, alisando as robustas costeletas do personagem.

De tanto vasculhar material para composições, Daniel começou a se interessar cada vez mais por cinema, a ponto de se formar na área e fazer pós-graduação em Construção Dramática na Escola Internacional de Cinema e Tevê, em Cuba. ?Minha paixão é dirigir em cinema, mas jamais vou largar a atuação. O próximo passo será fazer cursos de teatro na França e outros de cinema em Londres?, planeja.

Sua inquietude profissional começou cedo. Depois de estrear aos seis anos em novelas, aos nove já começava a fazer dublagens. Chegou a fazer vozes de personagens de produções como Toy Story, Smallville, Peter Pan -O retorno à Terra do Nunca e Plantão médico, entre outras. Isso tudo depois de quase virar jogador de handebol e nadador profissional. ?Nunca quis ser uma criança normal. Não achava ruim decorar textos enquanto meus amigos jogavam futebol. Sempre fui metido, espevitado e esperto?, gaba-se, aos risos.

Essa polivalência na juventude, segundo Daniel, tem sido aproveitada como experiência para tantas transformações no Tony nos últimos meses. Depois de se apaixonar e casar com Baby – de Juliana Didone -, o James Dean tupiniquim foi pai, arrumou emprego, amantes e se tornou um adulto bem distante de sua essência no início da trama: perdeu seu ar libertário. ?É isso que busco cada vez mais nessa carreira: personagens que me dêem tesão, me façam pirar. Quero ter taquicardia com papéis pulsantes. Estou aqui para me divertir?, empolga-se. 

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