Obras de Dalton Trevisan em exposição na Biblioteca Pública

A Biblioteca Pública do Paraná abre, nesta quinta-feira (14), a exposição ?Dalton Trevisan ? O vampiro de Curitiba?, com painéis de trabalhos do escritor curitibano. No fim da tarde, às 18h, começa a programação do Projeto Paraná Canta, com a exibição do DVD da Ópera Tosca, em homenagem ao maestro Alceo Bocchino, o primeiro regente da Orquestra Sinfônica do Paraná. Também a partir das 18h, a poeta Roza de Oliveira coordena a Oficina Permanente de Poesia. São aulas teóricas e práticas de leitura e interpretação de poemas.

A mostra de Dalton Trevisan, importante contista da literatura brasileira, reúne 12 painéis, instalados no hall térreo da Biblioteca Pública até o dia 30 deste mês. Avesso a entrevistas e exposições em órgãos de comunicação social, recebeu o apelido de ?Vampiro de Curitiba?, nome de um de seus livros. A partir dos habitantes da cidade, Trevisan criou personagens e situações de significado universal, em que tramas psicológicas e costumes são recriados por meio de linguagem concisa e popular, que valoriza os incidentes do cotidiano sofrido e angustiante.

Publicações ? Nascido em 14 de junho de 1925, Dalton Trevisan sempre foi enigmático. Antes de chegar ao grande público, quando ainda era estudante de Direito, costumava lançar seus contos em modestíssimos folhetos. Em 1945, estreou na literatura com o livro ?Sonata ao luar?, e, no ano seguinte, publicou ?Sete anos de pastor?. Dalton renega os dois. Declara não possuir um exemplar sequer dos livros e ?felizmente já esqueci aquela barbaridade?.

Entre 1946 e 1948, editou a revista Joaquim, ?uma homenagem a todos os Joaquins do Brasil?. A publicação tornou-se porta-voz de uma geração de escritores, críticos e poetas nacionais. Reunia ensaios assinados por Antonio Candido, Mário de Andrade e Otto Maria Carpeaux e poemas até então inéditos, como O caso do vestido, de Carlos Drummond de Andrade. Além disso, trazia traduções originais de Joyce, Proust, Kafka, Sartre e Gide e era ilustrada por artistas como Poty, Di Cavalcanti e Heitor dos Prazeres.

Já nessa época, Trevisan era avesso a fotografias e jamais dava entrevistas. Em 1959, lançou o livro Novelas nada exemplares – que reunia a produção de duas décadas e recebeu o Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro – e conquistou o grande público. O escritor, arredio, não foi buscar o prêmio, mas enviou representante. Escreveu, entre outros, Cemitério de elefantes, também ganhador do Jabuti e do Prêmio Fernando Chinaglia, da União Brasileira dos Escritores, Noites de amor em Granada e Morte na praça, que recebeu o Prêmio Luís Cláudio de Sousa, do Pen Club do Brasil. Guerra conjugal, um de seus livros, foi transformado em filme em 1975. Suas obras foram traduzidas para diversos idiomas: espanhol, inglês, alemão, italiano, polonês e sueco.

Enigmático

Dedicando-se exclusivamente ao conto (só teve um romance publicado: A Polaquinha), Trevisan se tornou o maior mestre brasileiro no gênero. Em 1996, recebeu o Prêmio Ministério da Cultura de Literatura pelo conjunto de sua obra. Em 2003, divide com Bernardo Carvalho o maior prêmio literário do País – o 1.º Prêmio Portugal Telecom de Literatura Brasileira – com o livro Pico na Veia. Mas o escritor continua recusando a fama. Cria atmosfera de suspense em torno de seu nome que o transforma num enigmático personagem. Não cede o número do telefone, assina apenas ?D. Trevis? e não recebe visitas – nem de artistas consagrados.

Serviço:
Exposição: Dalton Trevisan ? o vampiro de Curitiba
Data: 14 a 30 de junho
Local: Hall térreo da Biblioteca Pública do Paraná ? Rua Cândido Lopes, 133

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