O melhor da poesia de Mário Lago

Rio de Janeiro – Vinte e três canções, inclusive os clássicos Ai! Que Saudades da Amélia, Aurora, Nada Além e Atire a Primeira Pedra, estão no songbook A Poesia de Mário Lago. O livro é uma idéia do produtor e jornalista Roberto Moura, que chamou o maestro Cláudio Hodinik para escrever as cifras para violão e as partituras da melodia, e convenceu a Editora Vitale a criar uma coleção reunindo a produção de letristas da música popular brasileira.

“A série começou com o Aldir Blanc (lançado há dois anos) e pode continuar com Nei Lopes, Paulo César Pinheiro e muitos outros, porque bons letristas não nos faltam”, conta Moura. “No caso de Mário Lago, quis mostrar a diversidade de parceiros que ele teve, a sofisticação de sua poesia e também que ele era um grande melodista, pois compôs muita música e letra junto. Ele é dos poucos compositores que fizeram letra para melodias do pai, o maestro Antônio Lago, e música para letras que o filho dele, também chamado Mário, escreveu”.

Mário Lago morreu há um ano e meio, aos 90 anos, e deixou uma obra tão extensa e variada que é difícil defini-lo. Foi ator de televisão, criando personagens inesquecíveis em novelas da Rede Globo, mas antes havia sido rádio-ator e roteirista de programas da Rádio Nacional, em seu período de ouro. Compôs mais de 200 músicas, escreveu musicais e peças dramáticas para teatro e ainda encontrou tempo para a militância política, o que lhe causou problemas profissionais (esteve entre os demitidos da Rádio Nacional em 1964) e prisões ocasionais, que ele descreveu no seu livro Reminiscências do Sol Quadrado.

Acessível

O songbook se restringe a 23 canções para chegar às livrarias a um preço acessível (34 reais), mas o melhor de Mário Lago está lá. Além dos sucessos, geralmente com músicos como Ataulfo Alves, Custódio Mesquita, os mais constantes, há parcerias bissextas, como Questão de Vez, com Nássara, e Número Um, com Benedito Lacerda. “Esta era a música preferida de Getúlio Vargas, foi um sucesso tremendo na gravação de Orlando Silva”, conta Moura, enfatizando a ironia de Mário Lago ter sido um opositor ferrenho do Estado Novo, que o levou algumas vezes à prisão. “Quis também mostrar o lado brincalhão de Mário Lago, em marchinhas como Salve a Preguiça, Meu Pai, que tem letra e música só dele”.

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