Nascido em um circo, Dedé volta a fazer sucesso na tv, agora na A Praça é Nossa

Dedé Santana nasceu em um circo em Niterói, no Rio de Janeiro, e já foi palhaço, equilibrista, acrobata, trapezista e… “trapalhão”. O comediante realmente “começou cedo”. Aos três meses, já foi levado ao palco no colo da mãe, que atuava na peça A Cabana do Pai Tomás. Com 68 anos de vida e de carreira, está agora no SBT, no programa A Praça é Nossa, com o quadro Dedé e o Comando Maluco, onde interpreta o atrapalhado General Berinjela, que lidera uma tropa de palhaços.

Esse “número” surgiu no circo de Beto Carrero e foi ele quem convidou Dedé para protagonizá-lo. Carrero, que também faz participações na Praça, foi quem sugeriu a Carlos Alberto de Nóbrega a exibição do esquete. “A emissora achou o quadro um Chaves moderno. Estou muito feliz, pois é a minha grande volta à tevê”, comemora o humorista, que com o fim de Os Trapalhões, em 1995, viveu de “idas e vindas” na televisão.

Dedé, que ficou conhecido como galã e “escada” do quarteto, está muito empolgado com a retomada da carreira artística e com a possibilidade de o quadro se tornar um programa.

Passando fome

O único detalhe que não está lhe agradando é ter de fazer regime e voltar a “passar fome”, como ele mesmo diz. Mas o que hoje o humorista comenta em tom de brincadeira, aconteceu de verdade no início de sua carreira. Ele morava em um circo em São Paulo e, quando jovem, decidiu ir para o Rio de Janeiro tentar realizar seu grande sonho: fazer cinema. “Passei fome e dormi muitas noites pelas praias”, admite. No entanto, o esforço valeu a pena e Dedé teve oportunidade de sobra de fazer cinema quando entrou para Os Trapalhões, em 1975. Ao todo, foram mais de 40 filmes e um dos que mais o marcou foi O Rei e os Trapalhões. O quarteto foi para o Marrocos rodar o filme e encontrou o país em guerra. “O hotel estava cercado pela polícia e ficamos dias sem poder sair”, conta. Eles ficaram no Marrocos por cerca de 30 dias, tentando fazer as filmagens. “Uma vez nos deparamos com marroquinos com espadas e saímos correndo com latas de filmes”, revela.

Mas os 20 anos de trabalho na tevê também renderam a Dedé momentos memoráveis. Para ele, a cena mais marcante que gravou para o programa Os Trapalhões foi exibida em 1980 e mostrava o Mussum entalado em uma banheira. “Ninguém sabia por onde ele estava preso. Tentamos tirá-lo com chave de fenda, macaco, pé de cabra…”, conta. Dedé, Didi e Zacarias perceberam que o esforço para “resgatar” o companheiro era inútil e resolveram transformar o episódio em atração turística. “A gente cobrava ingresso para quem quisesse ver o Mussum preso na banheira. As pessoas podiam até tirar fotos com ele. É uma cena antológica”, garante Dedé.

Outro momento emocionante da carreira de Dedé foi contracenar com os atores Bud Spencer e Terence Hill. A dupla veio ao Brasil, em 1983, gravar o filme Eu, Você, Ele e os Outros e fez uma participação no humorístico. Dedé, que era fã deles, se surpreendeu com a desenvoltura de Spencer. “Ele já chegou falando português e perguntando se a gente queria ouvir um sambinha. Daí começou a mexer no zíper do casaco fazendo um som que parecia samba”, lembra Dedé.

Dupla

Com o fim do programa na Globo, Dedé, Didi e Roberto Guilherme, intérprete do impagável Sargento Pincel, fizeram, durante quatro anos, uma versão de Os Trapalhões em Portugal, exibida pela emissora SIC. Um dos momentos mais inusitados, segundo Dedé, foi uma entrevista que ele fez para um dos episódios com um português que tinha 20 filhos. “Eu perguntei o nome das esposas e ele me disse: ‘Me pergunte o nome dos filhos que eu sei um por um, mas os das mulheres eu não lembro'”, recorda Dedé. Essa foi a última vez que Dedé e Didi trabalharam juntos. Mas Dedé garante que eles nunca brigaram, apenas a convivência diminuiu. “Agora nos falamos mais por telefone. Antes ficávamos quase 24 horas por dia juntos, só dormíamos separados”, brinca. Recentemente, eles tiveram a oportunidade de se reencontrar no show do projeto Criança Esperança. “Antes de entrar no palco, fiquei escondido o tempo inteiro. Ninguém sabia que eu estava ali, acho que nem o Renato”, revela Dedé.

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