São onze filmes documentários e sete filmes de ficção, selecionados pela qualidade
de seu olhar e da pertinência de seu propósito sobre a África Contemporânea.
De 1º a 13 serão exibidos os documentários, e de 21 a 27, os de ficção.
Filmes Documentários:
Dia 1º, Terça:
Contos Cruéis de Guerra (Contes Cruels de la Guerre, Congo-Brazzaville/ Mauritânia/ França, 2002, 51 min).
Direção e Roteiro: Ibea Atondi e Karim Miské.
Sinopse: Através da narração de uma volta ao Congo-Brazzaville, seu país natal, Ibea Atondi lança um olhar singular sobre as guerras da África contemporânea. Fascinada com a loucura assassina de Mignon, um miliciano destruído pelo álcool e pela droga, a narradora tenta descobrir os mecanismos que o levaram, ele e seus companheiros, a perder toda a dignidade humana. Para evocar o horror da guerra, não há imagens de violência, mas um trabalho metafórico apoiado pelos depoimentos de vítimas e carrascos. – Às 15 e 17h. ? Legendas em português.
Poeira urbana (Poussières de Ville, Senegal / Congo-Brazzaville, 2001, 52 min)
Direção: Moussa Touré.
Sinopse:O filme começa com uma imagem surpreendente : sete crianças esfarrapadas vão saindo de debaixo dos tabuleiros em um mercado de Brazzaville, onde passaram a noite. Moussa Touré os descobre e passa a registrar suas perambulações pela cidade, atrás de comida e de pequenos biscates. Aproveitando sua aproximação com as crianças, o cineasta resolve reintegrá-los a suas famílias. Mas o caminho de volta está cheio de dificuldades que revelam o estado da sociedade congolesa. ? Às 19h. ? Legendas em Português.
Dia 02, Quarta:
Poeira Urbana ? Às 15 e 17h
Contos Cruéis de Guerra ? Às 19h
Dia 03, Quinta:
Casa do amor (House of Love, Série ?Steps for the future?, Namíbia/África do Sul, 2001, 26 min)
Direção e Roteiro: Cécil Moller.
Sinopse: Imprensado entre o mar e o deserto, sob um sol a pino, o porto de Welvis Bay na Namíbia é uma prisão a céu aberto para a pequena comunidade de mulheres obrigadas a prostituir-se. Isoladas, dependentes, à espera de marinheiros de passagem, seu único horizonte é a Aids. Com pudor, Cécil Moller colhe o depoimento dessas mulheres, suas histórias pessoais, sua luta diária e sua esperança de redenção, apoiadas por movimentos religiosos que pregam sua reabilitação.
Wa N´Wina (Sincerely Yours, Série ?Steps for the future?, África do Sul, 2001, 52 min)
Direção: Dumisani Phakathi.
Sinopse: ?Eu soube que entre as pessoas da minha geração, uma em cada duas será contaminada pelo virus, antes dos 30 anos.?: Dumisani volta a sua cidade para captar como se vive nesses tempos de aids. Câmera em punho, ao acaso dos encontros, conversa com amigos de infância que encontra e os faz falar, num estilo vivo e incisivo. ?Wa n´Wina é uma carta de amor que mandei para a minha rua e aos habitantes do Soweto. Entre o catastrofismo ambiente, essa é a minha maneira de afirmar que as pessoas são indivíduos, antes de serem estatísticas. É também a afirmação da vontade de sobreviver juntos, em tempo de aids.?- Às 15 e 17h. ? Legendas em português.
Memória entre duas margens (Mémoire entre deux rives, Burkina Faso/ França, 2002, 90 min)
Direção e Roteiro: Fréderic Savoye e Wolimité Sié Palenfo.
Sinopse: Os diretores revisitam a história da colonização francesa na região Lobi, a sudoeste de Burkina Faso. Nessa região, aldeias e famílias ainda estão marcadas pela lembrança desse período doloroso. Comparada aos arquivos dos administradores coloniais, a tradição oral permite restaurar cerca de um século de história, desde a chegada dos primeiros brancos até os dias de hoje. Através de depoimentos transmitidos de geração em geração, o filme desenvolve uma reflexão crítica a respeito da colonialização e suas conseqüências individuais, sociais e religiosas. ? Às 19h. ? Legendas em português.
Dia 04, Sexta:
Memória Entre Duas Margens ? Às 15 e 17h
Casa do Amor e Wa N?Wina ? Às 19h
Dia 05, Sábado:
Ruanda In Memoriam (Rwanda pour mémoire, Senegal / França, 2003, 68 min)
Direção e Roteiro: Samba Félix N´Diaye.
Sinopse: Entre abril e julho de 1994, o massacre dos Tutsi e dos Hutus moderados fez um milhão de vítimas. Pela iniciativa de Fest´Africa, uma dezena de autores africanos, se encontraram para uma oficina em Kigali, quatro anos depois do acontecimento, procurando quebrar o silêncio dos intelectuais africanos a respeito do genocídio.Em maio de 2000,durante o lançamento de uma série de obras inspiradas nessa experiência, escritores e artistas africanos e de outros lugares se reúnem em Ruanda. Ante os rastros do genocídio, Samba Félix N´Diaye encontra a justa medida, filmando o inominável mas deixando uma mensagem de esperança. ? Às 15 e 17h. Legendas em português.
Zimbabwe: Contagem Regressiva (Zimbabwe de la libération au chaos, Zimbabwe / França, 2003, 55 min)
Direção e Roteiro: Michael Raeburn.
Sinopse: Michael Raeburn volta aos acontecimentos que, a partir de 2000 mergulham o Zimbabwe no caos social e na falência econômica. Engajado na luta pela emancipação da Rodésia antes da independência ao lado de Robert Mugabe, o cineasta refaz o percurso percorrido por aquele que venceu o britânico Ian Smith e impôs-se como presidente, depois de 15 anos de guerrilha.Apoiado em depoimentos de seus antigos companheiros de luta, membros da oposição ou fiéis ao presidente Mugabe, disseca os mecanismos que levaram à crise social que corrói seu país, encarando de frente seu próprio desengano. ? Às 19h. ? Legendas em portugues.
Dia 06, Domingo:
Zimbabwe, Contagem Regressiva ? Às 17h
Ruanda Im Memoriam ? Às 19h
Dia 07, Segunda:
Si-Gueriki, Rainha-mãe (Si-Gueriki, la reine mère, Benim / Alemanha / França, 2002, 62 min)
Direção e Roteiro: Idrissou Mora Kpai.
Sinopse: ?Meu pai faleceu e com ele parte da minha infância, minhas certezas, minhas crenças e meus sonhos?. Depois de dez anos de ausência, Idrissou Mora Kpai volta ao Benim para rever sua família. Contra qualquer expectativa essa viagem vai ser a ocasião de descobrir aquela que desde sempre, nada mais fez do que servir a seu pai: sua mãe. Herdeira do título real de seu marido, ela tornou-se uma autoridade na comunidade Wassangari, ao norte do país. Rapidamente, junto com a co-esposa do finado, corrigem a imagem do pai ideal que o jovem cineasta guardou na memória. Diretas e lúcidas, as duas denunciam, não sem humor, um sistema patriarcal do qual foram também vítimas as irmãs e sobrinhas do diretor. ? Às 15 e 17h. Legendas em português.
Dia 08, Terça:
Rastros, pegadas de mulher (Traces, empreintes de femmes, Senegal/Burkina Faso/Belgica, 2003, 52 min)
Direção e Roteiro: Katy Léna Ndiaye
Sinopse: As pinturas murais das mulheres kassenas de Burkina Faso, perto da fronteira com Gana, são famosas pela beleza do traçado e pela harmonia de cor. Interessada no assunto, Katy Léna Ndiaye escolhe comparar tradição e modernidade, através do retrato de três anciãs e de ?sua neta?, que elas iniciam nas técnicas ancestrais.Ela realiza um filme com maestria estética, verdadeiro retrato de uma comunidade artística, por onde se discute a transmissão de ensinamentos, a educação e a memória numa África em mutação.. ? Às 15 e 17h. ? Legendas em português.
Férias em casa (Vacances au pays, Camarões / França, 2000, 75 min)
Direção e Roteiro: Jean-Marie Teno.
Sinopse: Em 1998, Jean-Marie Teno volta, durante o verão, à terra de sua infância, nos Camarões. De Yaoundé, cidade grande, até Badjoun, aldeia onde passava as férias na infância, a viagem lhe permite fazer inventário irônico da situação do país. Ao sabor dos encontros, o autor denuncia a incompetência da administração e o fascínio pela modernidade importada da Europa, que não se adapta à África e suas tradições. ?A escola nos ensinou a desprezar os símbolos de nossa cultura e a palavra de nossos avós? lastima ele. À procura de um novo modelo para a África, sonha com uma modernidade a serviço da maioria, que permita ao país reconciliar-se com sua cultura. ? Às 19h. ? Legendas em português.
Dia 09, Quarta:
Férias em Casa – Às 15 e 17h
Si-Gueriki, Rainha-Mãe ? Às 19h
Dia 10, Quinta:
Xalima, a pena (Xalima la plume, Senegal, 2003, 51 min)
Direção e Roteiro: Ousmane William M´Baye.
Sinopse: Precursor da música folk senegalesa, Seydina Insa Wade ficou famoso nos anos 70. Nos anos 80 mudou-se para a França, onde passou a apresentar-se em clubes de jazz, e aos poucos foi sendo esquecido por seus conterrâneos. Ao sentir que a juventude senegalesa o conhece mal, decide voltar a Dacar para gravar seus últimos trabalhos. Ousmane William M´Baye acompanhou durante dois anos essa volta ao lar, a amizade que surgiu entre os dois mostra um retrato sensível e pessoal do músico: através de suas confidências e canções, descobre-se um personagem multifacetado, e sempre em movimento. ? Às 15 e 17h. ? Legendas em portugues
Rastros, Pegadas de Mulher. ? Às 19h
Dia 11, Sexta:
Férias em Casa ? Às 15 e 17h
Dia 12, Sábado:
Contos Cruéis de Guerra ? Às 15, 17 e 19h.
Dia 13, Domingo:
Memórias Entre Duas Margens– Às 17 e 19h
Dados sobre os diretores: Filmes documentários
Moussa Touré ? Senegal
Moussa Touré nasceu em Dacar em 1958, e formou-se em cinema participando de filmagens como técnico, iluminador, e assistente de direção. Seu primeiro curta-metragem é de 1987, e seu primeiro longa metragem é de 1991, Toubab Bi.
Alguns trabalhos:
Baram, 1988, curta-metragem, ficção.
Toubab Bi, 1991, longa-metragem, ficção.
TGV,1997, longa-metragem ficção.
Poussières de ville (Poeira urbana), 2002, média-metragem documentário.
Nous sommes nombreuses, 2003, média-metragem documentário.
Cécil Moller ? Namíbia
Cécil Moller nasceu na Namíbia em 1967. Cursou arte nos Estados Unidos, exercendo o cargo de técnico de som, câmera e montador em várias produções. Fez vários filmes de ficção, principalmente na Namíbia:
No plot, 1992
Village Square, 1995,série de curtas metragens ficção.
The Naming, 1997, ficção.
Klomasdal Stories, 1999, curta-metragem, ficção.
A Boston Night, 2000, longa-metragem, ficção.
Dumisani Phakathi ? África do Sul
Dumisani Phakathi nasceu em Soweto, em 1997. Contratado por um grande jornal africaner, inicia na produção áudio-visual, e dirige seu próprio programa sobre a juventude e a atualidade. Em 1996 se interessa por teatro e passa a cursar arte dramática para tornar-se ator. Desde 1999 seus trabalhos de ficção, documentários e curtas-metragens, principalmente sobre a aids, deram-lhe o reconhecimento profissional principalmente por:
Rough Ride, 1998, curta-metragem, documentário.
Old Wives Tale, 1999, curta-metragem, ficção.
Christmas with Granny, 2000, curta-metragem, ficção.
Ho Ea Rona, 2001, curta-metragem, documentário (série: ?Steps for the future?)
Waiting for Valdez, 2002, curta-metragem, ficção.
Wolimité Sié Palenfo ? Burkina Faso
Nasceu em Gaoua, em 1965, Wolimité Sié Palenfo é conhecido em Burkina Faso como artista plástico, músico e sobretudo escultor. Participa de várias produções como ator e/ou tradutor. Depois de uma primeira parceria com Frédéric Savoye, junta-se a ele outra vez, para realizar Memória entre duas margens.
Frédéric Savoye ? Tunísia
Frédéric Savoye nasceu em Tunis em 1964. Cursou cinema em Paris e é formado em ciência da informação e comunicação na universidade de Toulouse. Realizou algumas reportagens institucionais, e curtas-metragens de ficção.
Memória entre duas margens é seu primeiro documentário.
Samba Félix N´Diaye ? Senegal
Nascido em Dacar em 1945, Samba Félix N´Diaye fez mestrado de cinema em Paris. Cursou etnopsiquiatria, formou-se em direito e em ciências econômicas em Dacar. Montador e roteirista, mostra-se um documentarista sensível ligado ao respeito às culturas e tradições.
Alguns trabalhos:
Perantal, 1975, curta-metragem documentário.
La confrérie des Mourides, 1976, curta-metragem documentário.
Pêcheurs de Kayar, 1977,curta-metragem documentário.
Geti Tey La pêche d´aujourd´hui, 1978, média-metragem documentário.
La santé, une aventure peu ordinaire, 1986, curta-metragem documentário.
Série: Le trésor des poubelles, 1989, curtas-metragens documentários.
Um peintre sous verre, 1991, curta-metragem documentario.
Dakar Bamako, 1992, longa-metragem, documentário.
Cinés d´Afrique, 1993, longa-metragem, documentário.
Ngor, l´esprit des lieux, 1995, longa-metragem, documentário.
Lettre à Senghor, 1998, média-metragem documentário.
Nataal, 2001, longa-metragem, documentário.
Michael Raeburn – Cairo
Nascido no Cairo em 1948, Michael Raeburn passou a infância no Zimbabwe. Conquista um mestrado em Língua Francesa em Londres, prossegue seus estudos em Aix-em-Provence e no IDHEC em Paris. Realiza filmes engajados na Inglaterra, França, Zimbabwe.
Principais trabalhos:
Rhodesia Countdown,1969, média-metragem, ficção.
The plastic shamrock, 1973, longa-metragem, ficção.
Le Mouvement, Mouvement, 1975, longa-metragem, documentário.
The is Rene / It´s in my bood / this game of old, 1975, documentário.
Beyond the plains where Mas was born, 1976, longa-metragem ficção.
Histoire exemplaire d´un Africain ordinaire, 1977, média-metragem, documentário.
Requiem for a village, 1978, longa-metragem, ficção.
The Grass is singing, 1981, longa-metragem, ficção.
Under African Skies, 1988, média-metragem, documentário
Jit, 1991, longa-metragem, ficção
Soweto, 1991, longa-metragem, ficção.
Home Sweet Home, co-direção: Heidi Draper, 1999, longa-metragem, documentário.
Idrissou Mora Kpai ? Benim
Idrissou Mora Kpai nasceu no Benim em 1967, estudou em Cotonou indo depois para a Alemanha onde se matriculou na Escola superior de cinema de Babelsberg em Berlim.Depois de um estágio como diretor de produção, participa de filmagens.
Alguns trabalhos:
Auslander,1995, curta-metragem, ficção.
Fugace,1996, curta-metragem, ficção.
Fake soldiers,1999, curta-metragem, ficção.
Si-Gueriki é seu primeiro documentário.
Jean-Marie Teno ? Camarões
Nascido em 1954 em Famleng, Jean-Marie Teno cursou técnicas e comunicação áudio-visuais na universidade de Valenciennes. Trabalhou como crítico cinematográfico para ?Buana Magazine? e como editor na televisão de 1985 a 1997. Realizou seu primeiro documentário em 1984 e costuma filmar nos Camarões, principalmente:
Fièvre Jaune ? Taximan, 1985, curta-metragem, ficção.
Hommage, 1985, curta-metragem, documentário.
La giffle et la caresse, 1986, curta-metragem, ficção
Bikutsi Water Blues L´eau de misère,1988, longa-metragem ficção.
Le dernier voyage, 1990, curta-metragem, ficção.
Mister Foot, 1991, curta-metragem, documentário.
Afrique, je te plumerai, 1992, longa-metragem, documentário.
La tête dans les nuages, 1994, curta-metragem, documentário.
Clando, 1996, longa-metragem, ficção.
Chef!, 1999, longa-metragem, documentário.
Le mariage d´Alex, 2003, média-metragem, documentário.
Katy Léna Ndiaye ? Senegal
Katy Léna Ndiaye nasceu no Senegal em 1968, mas chegou à França, onde seus pais se instalaram, muito jovem. Há dez anos trabalha na Bélgica, em Bruxelas, onde exerce a profissão de jornalista. Rastros, pegadas de mulher é seu primeiro filme.
Ibea Atondi ? Congo Brazzaville
Nascida em 1970 em Brazzaville, Ibea Atondi estudou filosofia na Sorbonne seguida de antropologia na EHESS. Faz pesquisa sobre a violência social na África contemporânea. Ganhadora da bolsa Louis Lumière do Ministério das Relações Exteriores em 2001, aproximou-se do cinema através da realização de roteiros. Contos Cruéis da Guerra é seu primeiro filme.
Karim Miské ? Costa do Marfim
Karim Miské nasceu em 1964 em Abidjan, de origem mauritânia. Depois de cursar jornalismo em Dacar, trabalha com áudio-visual na França e realiza principalmente filmes documentários.
Économie de la débrouille à Nouakchott 1989
URSS-Afrique Voyage d´amour 1991
Derrière le voile la séduction en Mauritanie 1993
La dévalisation 1995
Lajji Bisinessman africain 1997.
Ousmane William M´Baye – Senegal
Nascido em Paris em 1952, Ousmane William M´Baye cursou e se formou no Conservatoire Libre du Cinéma , além de estudar na universidade de ParisVIII Vincennes. Aprendeu todos os ofícios do cinema e voltou ao Senegal para fazer cinema. De 1990 a 1997 coordenou os ?Encontros Cinematográficos de Dacar?(RECIDAK).
Seus principais trabalhos:
L´enfant de Ngatch, 1979, curta-metragem, ficção.
Pain sec Dunde Yakar, 1983, curta-metragem, ficção.
Dakar Clando, 1988, curta-metragem, ficção.
Dial-Diali Femmes, 1991, curta-metragem, documentário