Mostra em SP exibe cerâmicas da artista Izabel Mendes

Dona Izabel Mendes da Cunha, de 85 anos, se dedica a criar no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, esculturas em cerâmica de figuras de mulheres. Autodidata como tantos dos mestres da chamada Arte do Povo, ela é a “extraordinária retratista da população feminina do Vale”, como define a historiadora de arte e escritora Lélia Coelho Frota, curadora da mostra aberta hoje na Galeria Estação, em São Paulo, com 18 obras da artista realizadas desde a década de 1970. Izabel por vezes faz também figuras masculinas, mas elas são raras, aparecem como acompanhantes quando a mulher esculpida é uma noiva, por exemplo.

Suas peças têm um certo padrão: não têm pernas, terminam onde terminaria a barra de suas saias. Quando têm braços, seguram flores, pássaros ou bebês – e são todas mulheres da imaginação ou memória de d. Izabel – “caboclas, brancas, negras, mulatas, pobres e ricas”, com a cabeça firme, em postura altiva. E recebem cores.

Filha de paneleira e de lavrador, Izabel começou sua carreira nos anos 70 fazendo figuras de bois, cavaleiros, passarinhos, pequenos presépios e louças, como conta Lélia, que a conheceu em 1975 durante pesquisa para o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Quando começou a fazer as figuras femininas, grandes, concebidas “como moringas”, elas tinham a cabeça destacada do corpo. Até que, depois, Izabel, premiada pela Unesco e com a Ordem do Mérito Cultural, e que ministra hoje workshop na galeria, conseguiu formar blocos únicos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Galeria Estação. R. Ferreira de Araújo, 625 – Pinheiros. Tel. (011) 3813-7253. 11h/19h (sáb. até 15h; fecha dom.). Grátis. Até 10/3.