Modernistas em confronto

Dois emblemas do Modernismo Brasileiro estarão de amanhã ao dia 15 de dezembro no Museu de Arte Moderna de São Paulo – Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti. A mostra Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti: Mito e Realidade no Modernismo Brasileiro, com curadoria de Maria Alice Milliet, reúne 112 obras, entre pinturas e desenhos – alguns pouco conhecidos do grande público.

A busca do nacional na obra dos dois artistas é um dos principais focos da exposição. De um lado, a paulista Tarsila do Amaral (1886-1973), nascida de uma família aristocrata rural; do outro, o carioca Di Cavalcanti (1897-1976), de origem suburbana e com uma visão nitidamente política. As obras reunidas privilegiam os trabalhos dos anos 20 e 30, período em que o Modernismo fervilhava no País. Como complemento, a curadora escolheu também alguns poucos trabalhos tardios, mas de grande qualidade plástica, realizados nas décadas de 40 e 50.

A escolha dos artistas modernistas, segundo a curadora, se justifica pelo que os dois re-presentam no cenário artístico brasileiro. “Eles chegam à questão do que é ser brasileiro através de uma visão inovadora, que não estava presente nas artes, mesmo com experiências anteriores como a de Almeida Júnior, por exemplo. Tarsila e Di trazem para dentro da arte nacional o olhar de um outro brasileiro”, observa.

“Eles chegam ao nacional na arte pela inclusão do “outro’, incorporando o caipira, o negro, o caboclo, o suburbano, o boêmio, as culturas que nascem no interior, nas favelas, na beira do cais, no fundo da mata, no botequim, nas ruas da cidade, culturas marginalizadas pela cultura dominante. Essa grande abertura se faz através de uma linguagem sintonizada com as mais avançadas expressões da cultura internacional e aberta à experimentação, uma linguagem nova com alto potencial inclusivo”, diz a curadora.

Tarsila, segundo Maria Alice Milliet, é mais introvertida e intelectualizada, explora o viés do onírico, mesclando recordações, histórias que ouviu e o decorativismo popular – a natureza transfigurada como em sonho. Já Di Cavalcanti extrai seus personagens do cotidiano. Ele faz uma pintura realista. “A visão politizada de Di focaliza a gente do subúrbio, gente que conhece e com quem se relaciona. Ambos têm em comum a aproximação afetiva, o que evita o enrijecimento dos temas, a dureza da forma, a rigidez de princípios”.

O MAM fica no Parque Ibirapuera, na capital paulista. Ingressos a 5 reais (estudantes pagam meia). Outras informações pelo telefone (11) 5549-9688.

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