Miele: um espetáculo ambulante

Miele finalmente sucumbiu aos pedidos dos amigos e resolveu contar por escrito as engraçadíssimas histórias que viveu durante quarenta anos no teatro, nos shows e na televisão. Miele é mais que um homem espetáculo: É toda uma época de Elis a Maria Rita, de Simonal a Simoninha, da improvisada televisão dos anos 50s ao sofisticado DVD que acaba de gravar. Miele não monta um espetáculo. Ele é um espetáculo ambulante. É uma girândola de piadas, é aquele tipo de pessoa que se um dia começar a pedir socorro, ninguém vai acreditar, vão todos morrer de rir.

Há mais ou menos um ano, de madrugada, ele despencou na escada de sua casa e quebrou a rótula de um dos joelhos. Os amigos ficaram preocupadíssimos. E agora? Conseguiria fazer sapateado, dançar como antes? Consegue. E para mostrar isso ainda bota um Carlinhos de Jesus no palco e dança com ele e ao lado dele. Confessa que aquele tombo levou-o a uma descoberta científica: ?Uísque realmente faz mal… à rótula?. Mas nem parece.

A palavra que me ocorre para qualificá-lo é histriônico. O ator capaz de fazer com seu corpo e sua voz o que bem quer. É como se de uma máscara saíssem outras máscaras, sem parar. Personagens irrompem com trejeitos e sotaques característicos. É um argentino, um espanhol, um inglês, um judeu, um alemão, o inevitável português e até mesmo um japonês. Vendo-o vestido de samurai, não temos dúvida, Miele fala tão bem um inventado japonês que, se desembarcar em Tóquio, qualquer nipônico vai conversar com ele animadamente.

Miele poderia ser só locutor. Poderia ser só cantor. Poderia ser só bailarino. Poderia ser só apresentador. Poderia ser só humorista. Poderia ser só compositor. Poderia ser só ator. Pois abriu mão disso tudo para ser tudo isso.

Serviço: Apresentação com Miele, hoje, às 21h, no Bar Era só o que faltava (Av. República Argentina, 1334. Info. 3342-0826). Ingressos a R$30.

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