Memórias de um pirata real

As memórias de René du Guay-Trouin – comandante-geral da Armada de França e comendador da Ordem Real e Militar de São Luís – foram publicadas originalmente na França, em 1740, e somente agora, em 2002, os leitores brasileiros terão acesso à primeira edição em língua portuguesa, através da Editora Bom Texto, com tradução de Carlos Augusto Nougué.

O Corsário – Uma Invasão Francesa no Rio de Janeiro reproduz o cotidiano das expedições comandadas por Guay-Trouin, nascido em 1673 e falecido em 1736, quatro anos antes da primeira publicação de seu Diário de Bordo. Ele comandou a vitoriosa invasão ao Rio em 1711. A naturalidade com que descreve seus saques, seqüestros e pedidos de resgate causam espanto nos dias de hoje. No entanto, seu prestígio com a Coroa francesa, os nobres, os burgueses e a Igreja Católica revelam o quanto sua “profissão” era reconhecida e bem-vista.

Conhecedor das artes militares e de navegação, Du Guay-Trouin era um especialista na captura e pilhagem a navios estrangeiros, e sua “base” ficava no porto de Saint-Malo, onde planejava suas viagens. Suas expedições tinham a bênção da Igreja Católica e eram financiadas por nobres e burgueses franceses, que compartilhavam dos lucros. Depois de se tornar um expert no assunto, ele resolve ampliar suas investidas e comanda a invasão do Rio de Janeiro, com recomendação do rei da França. A cidade só foi libertada após o pagamento de resgate, e os “investidores” obtiveram um lucro de quase 100%.

A obra é ilustrada com mapas e imagens desse período, e contém um glossário de termos náuticos usados pelo autor; cópias dos interrogatórios de presos e de cartas de altos oficiais da Marinha e de nobres, elogiando a vitoriosa invasão do Rio de Janeiro; uma lista dos oficiais e das tripulações dos navios comandados por Du Guay-Trouin, ao longo de sua carreira, e ainda uma cópia das cartas de nobreza que o rei da França concedeu a René Du Guay-Trouin e a seu irmão, pelos seus “feitos”. Nada mais atual…

 

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