Mário Lúcio Marques lança em show CD ‘Monolito’

O músico e compositor Mário Lúcio Marques pode passar horas falando sobre budismo, filosofia e música. Mas basta dizer o nome de uma cantora, atriz ou modelo para fazê-lo parar tudo e perguntar, sacana: “Já pegou? Quer pegar, né? Pode dizer aí, porque eu sou lésbica!” Cristina Lage, esposa do digníssimo, levanta a sobrancelha e balança a cabeça como quem diz baixinho: “cachorro que late não morde.” Quando finalmente se apaixonou pelo músico, em 2005, ela sabia do tamanho da encrenca. Oito anos antes, foi na casa de uma amiga jogar buraco e lá estava o moço de Poté (MG). Notara algo especial naquelas mechas de cabelo encaracolado, numa mistura de negro, branco, índio e o que mais de cor e som soar.

Em 2005, ela havia sofrido uma mastectomia radical devido a um câncer de mama. Para animá-la, a mesma amiga do jogo de cartas convidou Cristina para um show do Placa Luminosa, banda que Mário Lúcio fizera parte nas décadas de 70 e 80. E ele estaria lá. “Se quando estava inteira eu não queria ninguém, porque, agora, mutilada eu ia querer ter alguém do meu lado? Daí ela (a amiga) me respondeu. Cris…quem na nossa idade não está mutilada de alguma forma? Foi com essa frase que ela me convenceu, e eu fui. Nesse dia começamos a namorar. Foi em 13 de outubro de 2005.”

Cristina também ganhou das amigas o apelido de “pedra”, porque quando coloca alguma coisa na cachola não tem Cristo que tire. E essa morena alta, cabelos longos, sorriso que preenche o rosto inteiro é quem inspira “Monolito”, oitava faixa do disco que leva o mesmo nome, e que representa a família toda do músico, desde Minas Gerais, mãe, filhos, esposa, amigos, sonhos e, até, o cachorro. Depois de anos gravado, com capa e tudo pronto, amanhã (02) finalmente o CD será oficialmente lançado, com show no Teatro Adamastor, em Guarulhos, às 21h.

“O lance do Monolito é que eu sou muito racional. Se tenho uma convicção ou uma ideia já definida, sou como uma pedra. Por isso meu apelido é Pedra. Não saio do lugar. Porém, um bom fundamento me transforma numa pena e me faz voar”, explica a moça. “Daí, um dia, estávamos num sitio em Atibaia (final de 2005) e ele estava me mostrando essa música e falou que, finalmente, tinha conseguido sair dos primeiros acordes. Ele disse assim: ‘acabo de parir… estava grávido há muito tempo. Acho que foi por estar apaixonado. Essa música é para você….’ Todo mundo deu risada.”

À descontração se somou uma música que, no momento, todos ouviam: “Drão”, de Gilberto Gil. “Drão / Não pense na separação / Não despedace o coração / O verdadeiro amor é vão / Estende-se infinito / Imenso monolito / Nossa arquitetura / Quem poderá fazer / Aquele amor morrer / Nossa caminha dura / Cama de tatame / Pela vida afora .” “Então”, diz Cristina, “não tivemos dúvidas: Monolito. O Mário como bom virginiano, é tão cabeça dura quanto eu e aceitou na hora”.

A música é instrumental, assim como todo o disco. Ou seja, não tem letra, nem um cantor. E, no disco, “Monolito” foi gravada em parceria com o guitarrista Tomati, que também se apresenta no programa do Jô Soares, na Rede Globo. É preciso ouvi-la. E entender o por quê o disco todo reúne, em 15 faixas, músicas com pegadas que vão do rap, Smooth Jazz, MPB, Funk e… Monólito, de “levada” inclassificável. No estúdio, Mário não conseguia dar um final para essa música. Do lado de fora, olhando pelo vidro do estúdio, ele só viu Cristina Lage sorrir. Aqueles olhinhos ficam tão pequenos quando ela sorri. E, assim, até no fim da música, ela inspirou o compositor, que diz tocando: “como eu adoro esses zóinho fechado.”

Lançamento do CD Monolito

2 de setembro, 21h

Teatro Adamastor

Av. Monteiro Lobato, 734

Guarulhos, São Paulo

Preço: R$ 10

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