Maldades bem-vindas

“Marisol” não esconde as raízes. A novela do SBT é adaptada de um original mexicano, fruto da parceria da emissora com a Televisa, e tem todos os ingredientes de um “dramalhão”. Só que uma dessas “iguarias” vem ganhando mais “sabor”, ou melhor, mais espaço dentro da trama: as vilãs. Maquiavélicas ao extremo, prepotentes em demasia e frias como uma pedra mármore, as antagonistas mexicanas podem sentir orgulho de sua “hermana” Amparo, interpretada por Glauce Graieb.

Com seus trejeitos e ar superior bem caricatos, a grande vilã da trama está aprontando ainda mais para cima de Marisol, vivida por Bárbara Paz, e tentando ainda aliciar Sandra Queirós, papel de Vera Zimmermann. As maldades, assim como em todo folhetim hispano-americanos, são previsíveis. Menos, é claro, para a tonta mocinha romântica que dá nome à novela, que sempre cai nas artimanhas da sogra.

Cada vez mais

Conforme a novela vai chegando na reta final, as malvadezas vão aumentando. Isso, aliás, é uma ferramenta comum nos “dramalhões”. Além de ser uma forma de fazer com que o público fique atento ao que vai acontecer nos próximos capítulos, as vilãs “extremistas” valorizam ainda mais as lágrimas e o sofrimento das mocinhas protagonistas. E “Marisol” vem utilizando esse subterfúgio como ninguém com Amparo, sempre ela, sendo capaz de causar inveja à vilões como Odete Roitman ou Felipe Barreto -mitológicos antagonistas de “Vale Tudo” e “O Dono do Mundo”. Quando descobre que Gil é o filho legítimo de Marisol, ou seja, herdeiro de toda a fortuna da , a malvada resolve matá-lo. A falta de originalidade na hora do crime, porém, é total. Ela empurra o garoto escada abaixo, o que vira uma oportunidade para a novela aumentar o teor dramático e lacrimejante. Gil não morre, mas acaba ficando paralítico e confinado a uma cadeira de rodas.

Parece, mas não é

Mas os textos hispânicos também sempre têm aquele tipo que surge com ares de vilão, mas que acaba se tornando uma aliada da mocinha. É o caso de Sandra Queirós. A bela e sensual personagem de Vera Zimmermann apareceu em “Marisol” como uma grande ameaça à protagonista. Instigada pela sempre manipuladora Amparo, Sandra tenta seduzir Rodrigo – Carlos Casagrande -, o marido e grande amor de Marisol. No entanto, quando descobre que foi a “rival” quem adotou sua filha Vanessa, personagem de Adriana Ferreira, ela vai ter uma espécie de gratidão por Marisol, vai desistir de Rodrigo e jogar todos os podres de Amparo no ventilador.

Ao mesmo tempo em que perderá uma possível aliada, Amparo ganha um “reforço” em forma de “discípula” para perpetrar suas crueldades: Vanessa, a filha adotiva de Marisol, que vem mostrando cada vez mais as garrinhas. E o biotipo da jovem atriz cai como uma luva para a perversa personagem encarnar o verdadeiro “anjo mau”.

Com carinha angelical e jeito meigo, Vanessa é uma peste. Humilha os empregados, trata parentes e amigos com arrogância e conspira contra a própria mãe. E progenitora que se preze em novela mexicana coloca Deus no Céu e o filho na terra. Para elas, suas crias são verdadeiros santos e Marisol vai pecar por ter esta visão errônea de Vanessa. A malvada menina, por sua vez, ainda apronta ainda mais depois que descobre que é adotiva e vai ganhar ares de uma típica “aborrecente”, se rebelando contra tudo e todos.

Ótima audiência

A fórmula de prender a audiência através das maldades da vilã tem dado certo, já que “Marisol” vem registrando médias entre 16 e 18 pontos na audiência, mesmo depois do início do Horário Eleitoral Gratuito, quando a trama passou ser “dividida” em duas partes, exibidas antes e depois da propaganda política – sendo que a segunda está competindo diretamente com “Esperança”, que continua penando para ultrapassar os 40 pontos…

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