Luiz Henrique Nogueira volta a “se estranhar” com personagem

Luiz Henrique Nogueira já está acostumado a entrar em crise todo início de novela. Foi assim em Senhora do Destino, quando achou que o afetado Ubiracy estava "um tom acima" do restante do elenco. Uma conversa com o diretor Wolf Maya, porém, o convenceu de que não apenas o tom do personagem, mas o de toda a novela era de comédia rasgada. Agora, em Prova de Amor, o ator tornou a entrar em parafuso ao descobrir que interpretaria um sujeito malévolo que rouba, seqüestra e… gagueja. "Com um personagem desses, já saio no prejuízo. Afinal, tenho de convencer o público de que aquele parvo gago é capaz de fazer o que faz. Se existe o anti-herói, ele é o anti-vilão", define.

Logo, o autor Tiago Santiago apressou-se em explicar que, na verdade, Pestana serve de contraponto para a desequilibrada Elza, interpretada por Vanessa Gerbelli. "A exemplo do Ubiracy, o Pestana também é ‘cartunesco’. Ele é praticamente o Gaguinho!", compara, brincalhão. Apesar da relutância inicial, Luiz Henrique está gostando do que vê. Mesmo assim, faz questão de avaliar seu trabalho no Orkut. Embora a maioria na comunidade da Internet elogie sua atuação, dois internautas criticaram sua gagueira. "Ator é bicho carente. Se 15 pessoas elogiam o seu trabalho e apenas uma detona, você fica encucado com a que detonou…", diverte-se.

P Personagens de composição, como o Ubiracy e o Pestana, são os mais difíceis de fazer?

R  A maior dificuldade é a de eles sempre ficarem um tom acima. Em Senhora do Destino, tinha certeza absoluta de que ia me ferrar. O que me consolava é que o personagem era pequeno e jurava que ele fosse passar despercebido. Felizmente, não passou… (risos) Acontece que era mais confortável fazer o Ubiracy do que o Pestana. Porque, em Senhora, não só o Ubiracy era um tom acima, mas toda a novela. No caso do Pestana, não quero destoar do resto do elenco…

P Embora o Pestana seja um dos respiros cômicos da novela, dá para acreditar num seqüestrador de crianças… gago?

R  Pois é, foi o que falei para o Tiago. Ele argumentou de que nunca houve um vilão gago, mas é porque gagueira é sinal de fragilidade. Como posso convencer o público de que aquele parvo gago é capaz de fazer o que faz? Não dá, né? Tive medo de transformá-lo num bobalhão frágil. O jeito foi começar a malhar. Quis pegar corpo e torná-lo um pouco mais bronco fisicamente. Acho que deu certo…

P Você acha que o Pestana pode vir a ser odiado pelo público?

R Acho que não. O Pestana é um cara duro, pobre, sem glamour. Se existe o anti-herói, ele é o anti-vilão. Além disso, a relação dele com o Joãozinho é muito forte. Ontem mesmo, gravei uma cena em que o Pestana faz uma verdadeira declaração de amor para o Joãozinho: "A Elza pode até dizer que não, mas eu sou seu pai, sim!". Isso deve redimir o personagem…

P Você é um dos cinco atores de Prova de Amor que vieram de Senhora do Destino, da Globo. Como surgiu o convite para trocar de emissora?

R O convite surgiu durante a entrega do "Prêmio Contigo!". O Sr. Hiram Silveira (diretor de teledramaturgia da Record) veio falar comigo e disse: "Queremos você!". Aí, eu brinquei: "Calma, que eu posso não ganhar o prêmio…" (risos). O curioso é que, ano passado, tentei desesperadamente fazer Escrava Isaura, mas, na época, o pessoal da Record sequer me recebeu. Que coisa louca, não? Eu teria saído muito mais barato para eles. Dessa vez, não. Já que estavam me chamando porque tinha feito sucesso na Globo, fiz milhões de exigências… 

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