Lolita de plantão

A atriz Ludmila Dayer levou um susto ao ler a sinopse de sua personagem em Senhora do Destino. Nela, a fútil Danielle é descrita como uma “candidata a celebridade”. Dessas que fazem plástica no nariz, colocam silicone nos seios e contratam assessores para promoverem seu nome na mídia. “Antes mesmo de a novela estrear, muita gente veio me perguntar se ela é a Darlene da nova novela das oito. Mas não tem nada a ver”, refuta a atriz.

Para evitar comparações, Ludmila resolveu seguir os conselhos de Wolf Maya. Um, por exemplo, era que ela assistisse a todos os filmes de Marilyn Monroe. Já no primeiro deles, O Pecado Mora ao Lado, Ludmila descobriu que o caminho a seguir deveria ser o da comédia. “Personagens sensuais existem em todas as novelas. Por isso, queria fazer algo novo. A Danielle é sensual, sim, mas a sensualidade dela é ingênua, natural, espontânea…”, descreve.

Na trama de Aguinaldo Silva, a sensual Danielle mantém um romance de aparência com Giovanni Improtta, o ex-bicheiro interpretado por José Wilker. De aparência porque todos sabem – exceto Danielle – o quanto Giovanni é apaixonado por Maria do Carmo, personagem de Suzana Vieira. “A mãe do Giovanni acha um absurdo o filho namorar uma menina que tem idade para ser a neta dele. Mas a Danielle também gosta dessa situação. Ela vive chamando ele de ‘paizinho'”, debocha. O mito de Lolita, aliás, parece perseguir Ludmila Dayer. Ela já havia interpretado o papel da menina que se envolve com um sujeito mais velho em Diabólica, de Cláudio Torres, um dos curtas baseados em Nelson Rodrigues que compõem o longa Traição. Graças a ele, Ludmila ganhou alguns dos principais prêmios do cinema nacional, como os dos festivais de Brasília e do Recife. Foi graças ao filme, também, que ela ganhou o papel de Danielle em Senhora do Destino. “O Wolf assistiu e achou que eu tinha a ver com o papel. O Traição me rende frutos até hoje… Que ótimo, não?”, orgulha-se.

Sem nudez total

Na época em que rodou o filme, Ludmila tinha apenas 13 anos. Por isso mesmo, cercou-se de alguns cuidados, como pedir para o diretor Cláudio Torres que suprimisse a cena em que o personagem da atriz e o de Daniel Dantas simulavam uma transa na cama. Em outra, o suposto beijo na boca foi apenas sugerido pelo casal. “Tudo ali foi muito conversado. Não queria que nada soasse vulgar aos olhos do público”, justifica. Hoje, aos 21 anos, Ludmila em nada lembra a garotinha dentuça e magricela que estreou no cinema em Carlota Joaquina, aos 10 anos de idade. “Muita gente já veio me dizer que cresci e virei um mulherão. Mas não sou nada disso. A imagem que as pessoas fazem de mim não corresponde à realidade”, esclarece.

Mesmo assim, nem bem estreou na novela e Ludmila Dayer já recebeu o sempre infalível telefonema da Playboy para posar nua. “Não tenho coragem de fazer. Nem por grana. Prefiro ganhar esse dinheiro através do meu trabalho…”, avisa. Embora tenha recusado o convite da Playboy, a atriz aceitou o da VIP. Mas com algumas condições, como vetar roupas vulgares e participar da seleção das fotos. “A minha única preocupação no momento é fazer um bom trabalho na novela. Se vão me transformar em símbolo sexual, tanto faz. O que importa mesmo é aproveitar a chance que me deram”, enfatiza.

A preocupação de Ludmila tem razão de ser. Afinal, o último trabalho da atriz na Globo foi Malhação, em 2001. Depois disso, fez apenas participações em Sítio do Pica-Pau-Amarelo e Linha Direta -Justiça. Os poucos convites que surgiram para fazer novela, pondera ela, foram gentilmente recusados. “Prefiro recusar trabalho a repetir personagens”, justifica. Ludmila, porém, é a primeira a admitir que valeu a pena esperar. Depois de sucessivos trabalhos densos na tevê, como a “politicamente correta” Joana, de Malhação, ela comemora a oportunidade de se divertir em cena. “A Joana era um dramalhão só. Vivia chorando nas gravações. Já a Danielle, não. Desde a hora em que chego até a que vou embora, só faço rir e me divertir”, elogia a atriz, que elege José Wilker e Heitor Martinez os mais engraçados do núcleo.

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