Índio caingangue lança CD e faz apelo ao Ibama

Foi-se o tempo em que os índios viviam da caça e da pesca. Apesar de muitas tribos ainda manterem a tradição – principalmente aquelas localizadas no Xingu, Norte do País -, a maioria acabou se rendendo a atividades bem pouco características de sua cultura. Um exemplo é o índio caingangue Panh – nome que na língua indígena significa `cobra’ -, morador da reserva indígena Faxinal, em Cândido de Abreu, que resolveu se arriscar no mundo fonográfico. Há cerca de um mês, ele lançou um CD intitulado O índio Panh – O Missioneiro. São treze canções inéditas, incluindo o carro-chefe Defendendo a Natureza, no qual Panh faz um apelo à população e ao Ibama para que protejam os rios e as matas.

“Os rios estão secando com o desmatamento. Os peixes e os passarinhos estão morrendo. O índio sofre muito com isso, mas com o tempo, todos vão sofrer, até os brancos”, desabafa. Além da questão ambiental, Panh apresenta no CD canções de estilo gaúcho – como xote e vanerão – e romântico. Na 12.ª faixa, intitulada Minha Indinha, Panh arrisca algumas frases na língua caingangue. “Se todas as músicas fossem em caingangue, só os caingangues iriam comprar o CD. Por isso, gravei na língua dos brancos”, justifica.

Em outra faixa, Papai Verdadeiro, Panh divide o microfone com a pequena Rosenilda (Chiquinha), sua filha de seis anos de idade. “É a história da minha vida, de quando a mãe dela (Chiquinha) queria tirá-la de mim”, revela. Ele conta que era casado com uma mulher branca, com quem teve duas filhas – Romilda, que está com dez anos, e Rosenilda. Quando a menor tinha apenas oito meses, a mãe abandonou a casa para casar com outro homem, também branco. Até hoje, quase seis anos depois, Panh ainda se emociona quando se lembra da história. “Ela entrou na Justiça, mas eu ganhei a guarda”, diz orgulhoso.

Reconhecimento

Panh conta que, mais do que vender CDs, o que ele quer de fato é que o povo indígena seja reconhecido. “Nós, índios, somos muito discriminados. Quero mostrar para os brancos que temos capacidade de fazer o que eles fazem, e até melhor”, diz, referindo-se ao dom de compor canções e interpretá-las. “Vamos ver se essas músicas entram no coração do povo.”

Serviço:

Contato para shows e eventos: (42) 9977-5918 ou 9967-6674, com Pedro Palmeira.

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