Filmes vão de caminhão para onde não há cinema

O cinema brasileiro recuperou seu prestígio de público, abalado com o fim da Embrafilme, no início dos anos 90s, mas ainda tem dificuldade para chegar à parcela da população que vive fora das capitais ou longe dos grandes centros urbanos. Segundo levantamento da Filme B, empresa carioca especialista no setor, há 1.997 salas de cinema no Brasil (número de 31 de dezembro de 2004), sendo que mais da metade (1.134) está em apenas três estados: São Paulo (697); Rio de Janeiro (242) e Minas Gerais (195).

A concentração prossegue quando se coloca a lupa dentro de cada estado. Em São Paulo, por exemplo, 234 das 697 salas (33,5%) se encontram na região metropolitana da capital. No Estado do Rio, a relação é ainda pior: são 61,6% (149) das 242 salas de cinema localizadas na cidade do Rio de Janeiro e cercanias. Na tentativa de alcançar os espectadores em cidades fora desse eixo de distribuição comercial, a Eletrobrás lançou, em maio deste ano, um projeto com o objetivo de exibir filmes em sessões ao ar livre em cidades onde não há cinemas. Levado à frente pela produtora Eventos ao Luar, de Belo Horizonte, o Cine Eletrobrás está viajando de caminhão por cinco estados – Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Maranhão e Piauí, oferecendo diversão a um público estimado em 120 mil pessoas em 80 cidades, até fevereiro de 2006.

Espectadores assistem a filme em Piracaia, no interior de São Paulo.

?A minha inspiração para o projeto foi um cinema em praça pública que existia aqui em Minas, nas décadas de 50 e 60, chamado Cine Grátis, que marcou muito a minha geração. Mas em 2004, quando estive nos Estados Unidos, também assisti a algumas exibições de cinema ao ar livre, com toda a tecnologia e segurança?, conta Paulo Nélio Lage Malvar, diretor da Eventos ao Luar.

Para levar o cinema onde o povo está, a produtora investiu pesado, adquirindo um caminhão, que transporta uma tela de oito metros de comprimento por quatro de largura, um processador analógico Smart de sete canais, com equalizador de ruídos e um sistema de som composto por três caixas acústicas de 1.500 watts, duas subwoofer de 2.000 watts e quatro caixas surround de 600 watts. Toda essa parafernália permite que cerca de 500 pessoas assistam aos filmes com qualidade, como se estivessem num cinema de verdade. O custo total do projeto, incluindo pagamento de pessoal para operar o equipamento, é de R$ 1.215.000.

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