Exemplos a serem seguidos na pesquisa jornalística

Três anos e meio de pesquisas para levantar a trajetória de oito jornalistas da área de cultura do Paraná entre as décadas de 50 e 90. Mostrar o quanto esses profissionais eram inovadores e, apesar da correria da profissão, encontravam tempo para pesquisar sobre os assuntos que escreviam, tornando o trabalho muito mais prazeroso e informativo.

Por meio de entrevistas, fotos e reproduções dos periódicos e jornais da época, aproximar o leitor de uma ?época de ouro? do jornalismo cultural no Paraná. Estes são apenas alguns dos objetivos do livro Jornalismo cultural: um resgate, organizado pela pesquisadora Selma Suely Teixeira. Principalmente para os jornalistas novatos, a obra traz ricas informações sobre a área, que talvez possam até servir de exemplo para os dias tão concorridos de hoje. A publicação foi lançada na última terça-feira, em Curitiba.

A obra é dividida em dois livros: um conta a história dos homens e o outro, das mulheres. São eles: Adélia Maria Lopes, Dinah Ribas Pinheiro, Marilú Silveira, Rosirene Gemael, Aramis Millarch, José Carlos Corrêa Leite (Zeca) e Reynaldo Jardim. Todos vivem no Paraná até hoje, com exceção de Jardim, que mora e trabalha em Brasília, e de Millarch, já falecido (que também trabalhou em O Estado do Paraná há muitos anos). Jardim, hoje com 82 anos de idade, foi um dos criadores do Caderno B, do Jornal do Brasil. Mas também trabalhou em rádio, TV e revista. Muitos destes jornalistas ainda atuam na área. Todos fazem parte da primeira turma de Comunicação Social da Universidade Federal do Paraná (UFPR), cujos alunos se formaram em 1972. ?Essa turma foi muito importante, pois os que dela saíram fomentaram o jornalismo até hoje?, comentou Selma.

Uma das grandes surpresas da pesquisadora durante os estudos foi a versatilidade destes jornalistas. ?Eles escreviam sobre tudo, e com muita profundidade. Pesquisavam, apesar da correria?, disse. Na opinião de Selma, não se faz mais jornalismo cultural como antigamente. ?Não sou jornalista, talvez não possa falar, mas percebo que o jornalismo cultural não tem mais o mesmo espaço que já teve. Entrevistando os jornalistas para o livro, percebi que naquela época um artigo de cultura era sagrado, os colunistas eram fixos. E isso não acontece hoje. Não sei se hoje há muitos outros assuntos que acabaram tomando conta da mídia, ou talvez as pessoas tenham se desestimulado. Até a formação do jornalista de cultura não é mais a mesma?, disse a idealizadora do livro.

No início de cada livro, Selma sintetiza a história do jornalismo cultural no Paraná, que teve suas origens em 1854, quando o jornal Dezenove de Dezembro foi publicado em Curitiba. Três anos depois surge o jornal O Jasmim, no qual eram publicados poemas, artigos e até charadas. O jornalismo cultural na capital começou a se destacar a partir de 1880, com a edição das revistas Revista do Paraná, O Guarany, Fanfarra, Caras e Carrancas, O Olho da Rua e A Carga!. Em 1979, Adélia já começava a dar seus primeiros passos na área de cultura no jornal Tribuna do Paraná. Logo depois criou o ?Almanaque?. Hoje se destacam o periódico Coyote (de Londrina), Rascunho (editado em Curitiba) e Et cetera, revista publicada pela Travessa Editores, de Curitiba, sob responsabilidade do jornalista Fábio Campana.

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