Se você é fã de uma boa música sertaneja raiz e tem saudade daquela moda de viola que toca a alma, pode comemorar que a dupla Edson & Hudson acaba de lançar o projeto “Modão é Sempre Modão“. O trabalho é um verdadeiro tesouro musical que resgata clássicos da música sertaneja. Tudo isso, claro, contando com a potência vocal de Edson e a vasta experiência musical de Hudson, que também assina a produção do novo trabalho.
Mas esqueça as superproduções e os shows pirotécnicos! Em “Modão é Sempre Modão”, Edson & Hudson decidiram voltar às origens, gravando tudo de um jeito bem “pé no barro”. Imagine a cena: um sítio tranquilo no interior de São Paulo, a dupla com violões na mão e uma banda que sabe o que faz, tudo captado de forma super honesta, sem muita edição ou firula.
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O resultado? Um som que faz parecer que a dupla está cantando ali, do seu lado, perto de um fogão à lenha, com uma chaleira apitando e fazendo a harmonia do ambiente. “Chega uma hora que as pessoas cansam das invencionices. É igual comer arroz. Você gosta do branco, mas aí vem o carreteiro, arroz com galinhada, arroz com milho e não sei mais o que. Quando percebe, tá com saudade do arroz branco mesmo”, diverte-se Edson ao explicar a opção pelo “simples” no novo trabalho..
O projeto reúne canções que não só fizeram sucesso no passado, mas marcaram a infância e o processo de descoberta musical dos irmãos Cadorini. “Não são apenas músicas que fizeram sucesso, foram músicas que fizeram parte da nossa infância. Nosso pai ensinava a gente a cantar, a fazer primeira e segunda voz, exatamente com essas músicas”, revelou Hudson, em entrevista exclusiva à Tribuna. “Não escolhemos um repertório, escolhemos músicas que fizeram parte da nossa vida”, completou.
O repertório tem clássicos de nomes como Rolando Boldrin, Milionário & José Rico, Chitãozinho & Xororó e Trio Parada Dura. Pra ter uma ideia, o primeiro single lançado, “Pinga Ni Mim”, sucesso na voz de Sérgio Reis, é uma canção que Edson e Hudson cantam desde que eram crianças, quando ainda eram conhecidos como Pep e Pup. “Sua letra fala sobre o que vivíamos, afinal, nossa casa era cheia de goteiras e precisávamos trocar as camas de lugar para fugir delas”, contou Edson, provando que cada música tem uma história por trás.
Outra pérola do álbum é “Merceditas”, uma música que, segundo Edson, “nos salvou!” A dupla, que chegou em Limeira sem um tostão no bolso, venceu um concurso cantando essa canção e garantiu um bom prêmio em dinheiro e violões novos. É a prova de que a música, além de arte, pode ser uma salvação!
E os modões fazem parte do dia a dia de todo mundo. Todo mundo, mesmo. Não é mais novidade ver uns modões serem puxados por espectadores de shows de rock, samba ou MPB. “Esses dias a gente viu o Slipknot, que tem aquele baterista brasileiro (Eloy Casagrande), aliás, um dos melhores do mundo. Eles puxaram um Boate Azul. Achei muito engraçado”, lembrou Edson.

Memória afetiva
Difícil encontrar alguém que não tenha uma memória afetiva com os modões. Por isso as regravações retroalimentam essa cultura da música raiz no nosso cotidiano. “Isso é pura realidade, da memória afetiva. É engraçado, porque todas as pessoas que eu mostro um modão, independente da idade, fala que lembra do avô, fala que lembra do pai. É muito bonito o quanto é abrangente, né? Muito mais do que a gente imaginava”, falou Edson.
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Num relato pessoal, dia desses estava ouvindo a música “Foi Deus”, sucesso da dupla, enquanto ninava minha filha. A música aparentemente fala de um amor entre homem e mulher, mas naquele momento a emoção tomou conta ao perceber que “foi Deus que me entregou de presente você”.
Questionei a dupla sobre esse poder que a música tem, de gerar múltiplas interpretações e despertar emoções inesperadas. “Cara, essa música tem uma força. É uma música minha, do Bruno (que faz dupla com o Marrone) e do Felipe, do Felipe e Falcão. Eu lembro que um dia a gente nem dormiu direito, começou a amanhecer o dia, eu peguei o violão e comecei a cantar:. Ai chegou o Felipe, o Bruno e a gente terminou a música. Só depois a gente foi entender o que tínhamos gravado. Foi Deus, foi algo inspirado pelo Pai maior. É uma música que fala de todos os amores possíveis”, recordou Edson.
Simplicidade que encanta
Hudson, que também assina a produção musical do projeto, explica que a ideia era fazer algo “muito cru e de uma forma assim captada tudo pelo shotgun, que são uns microfones gigantes que tem na frente assim, que ele já capta violão, voz”. Ou seja, o som que você ouve é o mais próximo possível do que foi tocado e cantado na hora. “Tem barulho até de passarinho passando, de maritaca, pra você ter uma ideia”, brincou.
E tem um detalhe que faz toda a diferença: a flauta! No lugar das cordas e violinos, que eram comuns nas gravações antigas, Edson e Hudson apostaram na flauta para dar um toque doce e preencher os arranjos. “A soma ficou muito boa porque teve a ver com o que a gente tava fazendo, porque soou de uma forma muito doce e preencheu realmente as cordas assim, que dá impressão que são as cordas que estão fazendo o desenho”, contou Edson.
“Pé no chão” e cheios de fé

Além da paixão pela música, Edson e Hudson são conhecidos por serem pessoas “pé no chão” e de fé. Edson, por exemplo, atribui sua voz impecável a um milagre diário: “Eu entrego meu dom nas mãos de Deus todos os dias quando eu acordo, eu falo: Senhor, unge minhas cordas vocais, que a minha profissão não seja maior que ninguém”. E para ele, a música é uma missão, um jeito de tocar a alma das pessoas.
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Hudson, por sua vez, valoriza a simplicidade da vida e a família. “Minha vida é ficar na minha casa, curtir minha família, é, meu programa favorito é voltar pra casa, ficar com a minha esposa, com meus filhos, vir aqui no sítio, é, ficar com meu sobrinho, cuidar das minhas coisas, ir no galinheiro”, revelou. Essa essência humilde da dupla se reflete na forma como eles se relacionam com o público e com a música.
“Modão é Sempre Modão” já está disponível nas principais plataformas de streaming desde o dia 26 de junho. Então, se você quer reviver memórias, se emocionar com canções que marcaram época e se conectar com a verdadeira essência da música sertaneja, não perca tempo e vá conferir esse trabalho.
O trabalho tem direção de vídeo de Fábio Lopes (Hit Music Business) e participações luxuosas dos músicos Vitor Cadorini (Violões), filho de Edson e sobrinho de Hudson; Nésio Sanfoneiro (Acordeon), Rafa Baterah (Percuteria), Lucas Xokito (Baixo acústico) e Orlan Charles (Flauta).



