Clonagem fica em segundo plano

Mais um produto da indústria cinematográfica norte-americana chega as salas brasileiras amanhã. Repleto de efeitos visuais e sonoros, A ilha (The island), dirigido por Michael Bay (Armageddon, Pearl Harbor), aborda a clonagem humana em meados do século XXI num futuro próximo a alta sociedade encomenda clones de si próprios para combater doenças e prolongar a vida. Polêmica atual, o assunto é tratado superficialmente, exaltando as cenas de ação protagonizadas por Ewan McGregor (Obi Wan Kenobi de Star wars) e Scarlett Johasson (a nova queridinha de Hollywood, protagonista de Encontros e Desencontros).

A história começa em uma instalação fechada onde os residentes são monitorados diariamente para seu próprio bem, sob o argumento de que do lado de fora um desastre ecológico havia contaminado todo planeta, exceto a tão sonhada Ilha. Desconhecendo ser clones e vivendo com outros na mesma situação, Lincoln Six-Echo (Ewan McGregor) e Jordan Two-Delta (Scarlett Johansson) descobrem a realidade: a população da instalação é um produto nas mãos de cientistas e o futuro de cada um é uma mesa de cirurgia onde seus órgão são retirados para transplantes.

Em uma hora de filme a forma como os clones vivem, e a estrutura criada para mantê-los condicionados a uma realidade imaginária, remete ao polêmico livro de Aldous Huxley, Admirável mundo novo. Lincoln questiona cada vez mais as restrições impostas à sua vida. A ciência gera controvérsias a respeito da moral e o existencialismo. Um dos personagens chega a perguntar o que significa Deus. Na segunda metade do filme, quando o casal foge do complexo, muita ação, tomadas de cenas fantásticas filmadas no melhor estilo dos heróis americanos e uma trilha sonora tão envolvente, que a polêmica sobre clones, vida ou qualquer outro assunto relevante é facilmente esquecida.

O que fica é a belíssima Scarlett Johansson descobrindo o mundo de fora e dois Ewan McGregor correndo; um para ganhar a liberdade e o outro, seu patrocinador, lutando para devolver seu clone ao instituto responsável. Mercenários, policiais, carros e motos voadores também recheiam a tela culminando em um desfecho tão clichê que chega a ser cômico.

O diretor Michael Bay recebeu o roteiro de A ilha do diretor da DreamWorks, Steven Spielberg. Segundo o produtor Walter F. Parkes, o filme foi oferecido a Bay por sua concentração para assumir uma produção de tal porte. Voltado de forma exclusiva ao entretenimento, Spielberg e Bay marcam história no cinema como autores de super produções invejáveis do ponto de vista técnico audio-visual. A realidade provavelmente fique para uma próxima geração.

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