Circuito Instrumental leva shows de choro às universidades brasileiras

Começa no dia 4 de maio o Circuito Instrumental Universitário ? série de 15 shows de choro que circulará por universidades públicas brasileiras até julho. As apresentações serão gratuitas e levarão aos palcos o conjunto Quatro a Zero com participação de Joel Nascimento. ?O público assistirá a união do talento consagrado da velha guarda – representado pelo Joel Nascimento – ao lado de quatro jovens que têm se destacado no cenário nacional pela inusitada abordagem que dá às interpretações de choro?, afirma Newton Gmurczyk, idealizador do Circuito Universitário.

O projeto, que é patrocinado pela Petrobras, visa estimular o gosto pela música instrumental brasileira, em especial a linguagem do choro, ampliando horizontes estéticos e contribuindo para a formação de platéias para o gênero. ?Queremos apresentar (ou reapresentar) a esses jovens a capacidade infindável de improvisação dos grupos de chorões, mas de uma forma moderna?, conta Gmurczyk.

Mais que isso, o Circuito Universitário incentivará o envolvimento das representações estudantis nas atividades de produção local e de divulgação do projeto junto aos estudantes. Os shows serão gratuitos e deverão ocorrer em palcos montados nas áreas de convívio social dos campi, ou em teatros e espaços equivalentes dentro de universidades públicas brasileiras. Ressaltando, dessa forma, as atividades culturais e reforçando o vínculo desses representantes com os estudantes.

Contraponto de geração

Os espetáculos mesclarão obras consagradas e desconhecidas, tradicionais e recentes, com interpretações modernas e eletrizantes, expondo assim um panorama amplo e representativo de um repertório tradicional do choro. Para proporcionar maior riqueza e explorar com mais intensidade a música tocada pelos chorões tocavam, o Quatro a Zero se apresenta ao lado de Joel Nascimento ? considerado por muitos, o maior intérprete vivo do Choro -, talento consagrado da velha guarda e solista de projeção nacional.

Joel Nascimento completa 70 anos em 2007, mas foi com mais de trinta anos de idade que se tornou o bandolinista que mudaria a história de seu instrumento. Joel é considerado um renovador dentro de um universo tradicional, pois suas interpretações marcam a ruptura definitiva com o padrão rígido de Jacob do Bandolim. Grande improvisador, tem vários discos gravados, tocou ao lado de Paco de Lucia, John McLaughin, Waldir Azevedo, Paulo Moura, Paulinho da Viola, Beth Carvalho e João Nogueira, Orquestra Sinfônica Brasileira e da Orquestra de Câmera de Blumenau, de Santa Catarina e fez parte do choro camerístico do Camerata Carioca, dirigido por Radamés Gnattali.

Discípulos de Joel Nascimento e fãs incondicionais de seu trabalho, Daniel Muller, 26 anos, Danilo Penteado, 23 anos, Eduardo Lobo, 25 anos e Lucas da Rosa, 27 anos, têm ganhado prestígio no cenário do choro e da música instrumental brasileira com o grupo Quatro a Zero. O quarteto apresenta uma proposta moderna de releitura do choro, fundamentada em pesquisas estéticas, com transposição da linguagem e estrutura do choro para formação instrumental diferenciada, que procura orientar seus trabalhos numa perspectiva de diálogo constante com a história da música popular em nosso país, em especial, no que tange ao universo do choro. Em 2004, obteve o segundo lugar no Prêmio Visa de Música Brasileira e, em 2005, excursionou com o Projeto Pixinguinha, da FUNARTE, patrocinado pela Petrobrás.

O Choro

Quem nunca se emocionou ouvindo um chorinho? O termo choro se deve aos sons graves das melodias feitas no violão por músicos que se exercitavam a partir das passagens de polcas que lhes transmitiam os tocadores de cavaquinhos – esse som induzia a uma sensação de melancolia. Essa melodia chorosa é considerada uma das primeiras músicas urbanas, tipicamente brasileira. Nasceu da improvisação e da adaptação dada pelos músicos ao interpretar ritmos estrangeiros como polcas e xotes, por volta de 1870.

Nessa época, os músicos tinham sempre uma primeira atividade e se dedicavam à música apenas depois do expediente ? funcionários de repartições públicas, operários têxteis, do comércio ou instrumentistas das bandas militares. Pessoas simples que trabalhavam durante o dia e tocavam à noite por puro prazer. Os chorões eram os típicos boêmios. O músico popular tocava a música importada de seu jeito e foi isso o que a distinguiu rapidamente da música que era consumida em salões e bailes da alta sociedade. Síncopes e quebras eram freqüentemente inseridos nas melodias, o que se tornaria a estrutura básica do choro.

Aliás, a improvisação e a disputa eram elementos sempre presentes nesse gênero musical. Os grupos de músicos, muitas vezes, eram cercados por torcedores desses "duelos", que aplaudiam e faziam coro sempre que um chorão conseguia se safar de uma "engasgada". Os chorões faziam, propositalmente, acordes complicados para "derrubar" os outros músicos. Assim, duas habilidades eram imprescindíveis: percepção para os improvisos e o domínio e a intimidade com o instrumento.

O choro consagrou nomes como Joaquim Antonio Calado (Flor Amorosa), Ernesto Nazareth (Oden, Apanhei-te Cavaquinho), Chiquinha Gonzaga (Atraente, Lua Branca), Patapio Silva (flauta), o mestre de banda Anacleto de Medeiros , o pianista paulista Zequinha de Abreu (Tico – tico no Fubá) e o violonista e compositor João Pernambuco (Sons de Carrilhões). Também Pixinguinha que era tenor, compositor, arranjador, saxofonista e flautista (Carinhoso, Lamentos, 1X0, Ainda me recordo, Naquele tempo, Vou vivendo e Marreco quer água). Além desses, Turunas Pernambucanos, Bonfiglio de Oliveira (pistão), Luiz Americano (clarinete), Abel Ferreira (saxofone), Altamiro Carrilho (flauta transversal), Waldir Azevedo (cavaquinho), Garoto (multi – instrumentista), Luperce Miranda, Jacob do Bandolim e Joel Nascimento (bandolim). E outros tantos nomes que não caberiam nesse release.

Agenda de shows

4 de maio, quinta-feira, às 12h
Universidade Federal da Paraná – Curitiba

10 de maio, quarta-feira, às 12h
Universidade Federal do Espírito Santo – Vitória

11 de maio, quinta-feira, às 12h
Universidade Federal do Rio de Janeiro – Rio de Janeiro

1 de junho, quinta-feira, às 19h
Universidade Federal de Alagoas – Maceió

2 de junho, sexta-feira, às 18h
Universidade Federal da Bahia – Salvador

7 de junho, quarta-feira, às 12h
Universidade Federal de Santa Catarina – Florianópolis

8 de junho, quinta-feira, às 12h
Universidade Federal de Santa Maria – Santa Maria

9 de junho, sexta-feira, às 18h
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Porto Alegre

20 de julho, terça-feira, às 18h
UNESP – Bauru

21 de julho, quarta-feira, às 18h
UNICAMP – Campinas

22 de julho, quinta-feira, às 18h
Universidade de São Paulo – São Paulo

28 de julho, quarta-feira, às 18h
Universidade Estadual de Londrina – Londrina

30 de junho, quinta-feira, às 18h
Universidade Federal de São Carlos – São Carlos

3 de julho, segunda-feira, às 12h
Universidade Federal de Pernambuco – Recife

4 de julho, terça-feira às 12h
Universidade Federal de Sergipe – Aracaju

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