Chain e o Big Brother Brasil

O programa Big Brother Brasil, da Rede Globo de Televisão, vem conquistando telespectadores de várias idades, independentemente da classe social a que pertencem. Mas outras pessoas demonstram desinteresse pelo programa. Uma delas é o Aramis Chain, livreiro e professor de História, que me concedeu uma entrevista polêmica:

Jorge – Por que não gosta do Big Brother?

Chain – Fui instado por um amigo para assistir ao Big Brother. Assisti em alguns minutos de um dia e em alguns minutos de outro dia. É um programa medíocre, não se pode perder tempo com isso. Nesses poucos minutos, fiquei intrigado com o nome Big Brother (grande irmão). Eu conhecia os Estados Unidos como Tio Sam, agora é o grande irmão? Começa por aí …

O Big Brother é um show de hedonismo, de permissividade, de agressividade aos valores éticos e morais, enquanto o brasileiro precisa de show de conhecimento, de filosofia e de educação.

Mas o show não é apenas um show inocente. Fiquei horrorizado em saber o que está por de trás de tudo isso, as ligações telefônicas. Gostaria de saber quantos milhões de pessoas fazem ligações telefônicas e quantos milhões são arrecadados com estas ligações para retirar aquele ou aquela sicrana. Quem ganha com isso?

Jorge – O que propicia o Big Brother?

Chain – O Big Brother propicia a falta de valores. A juventude brasileira está sendo agredida, está sendo estimulada a não gostar de trabalhar, a não fazer trabalhos manuais e a não ajudar em casa. A juventude está sendo estimulada a sair mais com cachorros do que com a família, a andar beijando cachorro, a limpar caca de cachorro, mas não está sendo estimulada a limpar seu próprio banheiro. É a isso que estamos assistindo, uma geração inútil.

Jorge – O Brasil é um Big Brother de quem?

Chain – O Brasil está se tornando um Big Brother porque as famílias estão perdendo amarras. Os filhos estão sendo educados maleficamente, estão sendo educados para o nada. (…) O Big Brother está estimulando o consumo da cervejinha. O pai que toma cerveja com o filho ou leva a bebida alcoólica para dentro de casa é um criminoso. Aliás, no final do ano, grande parte dos brasileiros que se dizem educadores compraram nas lojas e levaram para as suas casas um panetone e uma garrafa de vinho ou de champagne. Mas levaram algum livro para dentro de casa? Foram compradas coisas que vão para baixo, para o ralo. Não foram compradas coisas que vão para cima, para o cérebro.

Jorge Antonio de Queiroz e Silva é palestrante, pesquisador, historiador, professor. Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná.

queirozhistoria@uol.com.br

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