As figuras maternas da teledramaturgia brasileira

Mãe, dizem, é tudo igual: só muda o nome e o endereço. Mas novelas e “sitcoms” provam exatamente o contrário. Há mães de todos os tipos. Das sofridas e batalhadoras, que quase se matam para dar do bom e do melhor para os filhos, como a Fernanda, de Mulheres Apaixonadas, e a Dinorá, de Agora É Que São Elas, às possessivas, que não fazem outra coisa senão infernizar a vida de genros e noras, como a Vilma, de Malhação, e a Leonor, de Jamais Te Esquecerei. Apesar de tão diferentes entre si, elas têm, pelo menos, algo em comum: juram que só querem o bem dos rebentos.

A dominadora Leonora, de “Mulheres Apaixonadas”, é uma das que pensam assim. Mãe do tímido Fred, personagem de Pedro Furtado, ela não se conforma pelo filho ter se “enrabichado” com uma mulher mais velha: Raquel, interpretada por Helena Ranaldi. “Conheço mulheres que, se não tomarem cuidado, vão ficar iguaizinhas a ela. Eu mesma sou assim. Se não abrir os olhos, faço muito pelos outros e esqueço de mim”, admite a atriz Joana Medeiros.

Mãe do pequeno Antônio, de 3 anos, Joana espera não se tornar uma mãe tão manipuladora quanto Leonora. “Vou saber me colocar no lugar do meu filho”, espera. A atriz Bia Seidl garante que não lembra em nada a controladora mãe de Danilo de “Jamais Te Esquecerei”. Na ficção, Leonor não sossega enquanto não separa o Danilo de Beatriz, personagens de Fábio Azevedo e Ana Paula Tabalipa. Longe das câmaras, Bia Seidl jura que soube administrar bem o seu “complexo de Édipo” em relação ao filho Daniel, de 23 anos. “Quando as pessoas me abordam nas ruas, sempre reclamam das sogras. Curioso, né? Megera é sempre a mãe dos outros!”, ironiza a atriz.

Grandes mães

Mas nem só de mães enxeridas e tirânicas vive a atual teledramaturgia brasileira. Uma grande parcela da população está representada nas figuras de Fernanda e Dinorá, duas autênticas “mães solteiras”. “A Dinorá é dessas mulheres de baixa renda que têm de se virar sozinhas para cuidar dos filhos. Há milhares de Dinorás em favelas e comunidades carentes”, lamenta Joana Fomm. A Fernanda, de “Mulheres Apaixonadas”, também faz a linha “mamãe coragem”, como define a atriz Vanessa Gerbelli. Além de ter de criar sozinha a filha Salete, Fernanda parece guardar a chave do mistério que envolve Théo, personagem de Tony Ramos. “Ela é ao mesmo tempo o pai e a mãe da menina. Mas o público se identifica com isso. Todos se sensibilizam com a luta da Fernanda”, orgulha-se a atriz.

Menos sofrida que a Fernanda, mas igualmente batalhadora é a Nenê de “A Grande Família”. Embora não trabalhe fora como o marido Lineu, interpretado por Marco Nanini, ela também dá um duro danado em casa para cuidar dos filhos Tuco e Bebel, personagens de Lúcio Mauro Filho e Guta Stresser, e aturar um genro como o Agostinho, de Pedro Cardoso. Por essas e outras, Marieta Severo acredita que Nenê é o modelo de “mãe ideal”: amorosa, compreensiva, conciliadora… “Se ela tem algum defeito? Sei lá, acho que não. Mas isso você tem de perguntar para os filhos dela!”, esquiva-se a atriz.

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