Artista plástico de Cascavel expõe obras mitológicas no MON

Um dos poucos artistas fora do eixo das grandes capitais a se destacar no panorama da arte nacional – segundo o curador Fernando Cocchiarale, do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – o artista plástico gaúcho que vive em Cascavel, Carlos Brugnera (RS ? 1966), exibe 50 obras no Museu Oscar Niemeyer. A exposição ?Wotan? poderá ser visitada pelo público a partir desta quinta-feira (16) até o dia 4 de março.

A curadoria da exposição é assinada pelo próprio artista, com a consultoria de Fernando Cocchiarale e de Laura Buccellato, diretora e curadora do Museu de Arte Moderna de Buenos Aires. A obras de Brugnera refletem o imaginário da mitologia escandinava e o restante faz parte de uma adaptação temática de trabalhos anteriores.

A primeira fase bidimencional inclui desenhos em grafite sobre mdf e a fase tridimensional apresenta trabalhos em metal. A exposição apresenta obras de paredes, instalações, esculturas e objetos. Brugnera destaca a obra chamada de ?Moto número 1-Ragnarök?, que representa o fim da construção atual do mundo e o reinício da reconstrução do mesmo, revigorando as formas e conceitos já existentes?.

A moto relata a batalha primordial que ocorre na planície imaginária de Wigred . ?Ragnarök? é conhecido, segundo a mitologia, como o destruidor. Um ser liberto que traz com ele os males e os desastres para o mundo. Esse personagem mitológico também é chamado de ?Midgard?, o responsável pela destruição total do mundo construído. Ligado a ele está o lobo ?Bragui?, representando o deus da recriação e da reconstrução do mundo. É ?Bragui? quem mata ?Midgard? e dá início ao evento primordial, que recebe o nome de ?Ginnugagap?, a essência criadora de tudo.

?Essa é a primeira moto de uma série de 180 que pretendo executar. Em cada uma delas farei a referência a um deus ou evento. Por isso utilizo a personificação de ?Wotan?, já que na mitologia nórdica não existia o hábito de representar seus deuses graficamente, apenas por descrição literária (…). Pretendo eliminar o imaginário infantilizado dos deuses que foi criado para trazer à realidade as imagens verdadeiras e definitivas.? Brugnera explica que muitos desses deuses da mitologia nórdica, como ?Thor? ?que, segundo ele, na realidade é ?Donar?, foram geralmente ilustrados, do cinema à literatura, de uma ?forma muito infantil, enfraquecida e pobre?.

Outra obra de destaque para o artista é a instalação ?Almas?, composta por 17 desenhos, nos quais ele utiliza a técnica do grafite sobre o mdf . ?A instalação se refere a escuridão de um universo sem fim, onde a luz não consegue penetrar. Os trabalhos ?Almas?, constituídos por uma massa sufocante que aniquila a luz do entorno, remete à espiritualidade?, explica a crítica de arte Nilza Procopiak.

Na série metal, Brugnera apresenta instalações, uma bidimensional e outra tridimensional. As instalações ?Varais Micro? e ?Varais Macro? são compostas por esculturas e remetem a fusos de tecelagem que evocam memórias domésticas. ?Os varais são ícones, vindos de minha mãe costureira.?

Autodidata, Brugnera vive e trabalha em Cascavel, na região Oeste, e desde 1994 fez 13 exposições individuais em Curitiba, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Cascavel. Foi mapeado pelo programa Rumos Itaú Cultural em 1999 e contemplado em 200l. Em 2006 recebeu o prêmio de artes visuais do Instituto Paranaense de Cultura, em Curitiba.

Serviço:
Wotan
Abertura Convidados: 14/11
Abertura Público: 15/11
Período de Exibição: até 04/03
Patrocinadores: Eletrobrás e Copel
Apoio: Governo do Paraná, Caixa Econômica Federal e Ministério da Cultura
Onde: Museu Oscar Niemeyer
Endereço: Rua Marechal Hermes, 999
Centro Cívico ? CEP: 80530-230
Telefone: (41) 3350-4400

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