Araquém Alcântara lança três livros com olhar diferenciado

Um dos maiores fotógrafos brasileiros e uma referência mundial na fotografia de natureza, Araquém Alcântara lança, pela Editora TerraBrasil, três livros que abordam com olhar diferenciado as questões da fauna, flora e meio ambiente do País.

Cabeça do cachorro é uma viagem por uma das regiões mais inóspitas da Terra, e a menos conhecida da Amazônia, o desabitado noroeste do Estado do Amazonas, na fronteira com a Colômbia e Venezuela.

Bichos do Brasil, com prefácio do grande zoólogo (e compositor) Paulo Vanzolini, faz uma celebração da riquíssima e colorida fauna brasileira, ao mesmo tempo que alerta para a extinção de espécies devidamente retratadas e a urgência de reverter esse processo.

Mata Atlântica chama a atenção para a riqueza da floresta nativa da costa brasileira e para a importância da preservação, com de apresentação de Paulo Nogueira-Neto, presidente da Fundação Florestal e um dos pioneiros na causa ambiental, com trabalho de reconhecimento internacional.

Araquém Alcântara, catarinense de Florianópolis, criado em Santos, 57 anos, desde 1985 dedica-se integralmente à documentação e à proteção da natureza brasileira. Autor do livro de fotografias sobre natureza mais vendido do País, Terra Brasil (Ed. DBA Melhoramentos), lançado em 1997, e constantemente reeditado, que alcançou a impressionante marca para o gênero de 80 mil cópias vendidas.

Cabeça do cachorro

O livro Cabeça do cachorro, escrito pelo médico Drauzio Varella, com a participação do cientista social Jefferson Peixoto, e ilustrado com 100 fotos de Araquém Alcântara, será lançado nesta terça-feira, no Museu da Casa Brasileira em São Paulo. Trata-se de uma investigação sobre os mistérios e belezas de uma das regiões mais inóspitas do mundo, o desabitado noroeste do Estado do Amazonas, na fronteira com a Colômbia e Venezuela.

É como diz Drauzio Varella nas primeiras frases do livro: “Pegue o mapa do Brasil. Olhe para cima e para a esquerda, no extremo noroeste do Estado do Amazonas. O contorno da fronteira com Venezuela e Colômbia não desenha a cabeça de um cachorro? É a essa região que dedicamos este livro: o Alto Rio Negro, terra das florestas mais preservadas da Amazônia. Sobrevoá-las é viver o êxtase. Até onde a vista alcança, são 360 graus de mata virgem; parece o mar”.

Em algumas viagens pela região, juntos ou separados, Drauzio e Araquém, experientes em aventuras pela selva, se surpreenderam com os milhares de espécies de animais e plantas nativas, os sons e as cores sob a mata fechada. “Viajamos por extensas áreas de igarapés, como também muita terra firme banhada pelas águas pretas do Rio Negro. Encontramos grupos indígenas que há anos não viam gente branca”, relata Araquém. A emoção, o impacto e o perigo de cada instante estão no livro cujo título vem de uma idéia prosaica: Cabeça do cachorro é o apelido dado pelo povo da região ao traçado fronteiriço entre Brasil e Colômbia, que lembra um cão como se estivesse com a boca aberta e olhando em direção ao Pacífico.

Embora represente um pequeno trecho no mapa do Amazonas, a área explorada por eles é enorme. São 200 mil km² de floresta com densidade populacional de 0,25 habitante/km². Segundo o arqueólogo Eduardo Neves, da Universidade de São Paulo, 23 etnias vivem no local há mais de 3 mil anos. Isolados, indígenas preservam costumes ancestrais, como idiomas falados há mais de 500 anos e a produção de objetos artesanais.

O livro é beneficiado pela Lei Rouanet e cust,a R$ 145,00.

Bichos do Brasil

Chega às lojas nesta quarta-feira, o livro Bichos do Brasil, com 150 fotos ampliadas em 300 páginas. Araquém faz uma celebração da riquíssima e colorida fauna brasileira, ao mesmo tempo que alerta para a extinção de espécies devidamente retratadas e a urgência de reverter esse processo.

O prefácio é de Paulo Vanzolini, o zoólogo e compositor paulista, um dos idealizadores da Fundação de amparo à pesquisa do Estado de São Paulo (Fabesp).

“O planeta vive uma grande onda de extinções, problema que afeta especialmente o Brasil. Se por um lado nos orgulhamos de abrigar cerca de 22% dos animais já catalogados, por outro permitimos que as queimadas, o agronegócio e o comércio ilegal de animais ponha a perder esse patrimônio”, protesta Araquém, com energia.

O fotógrafo fala com autoridade. Em quase 40 anos de carreira, já perdeu a conta de quantas viagens empreendeu pelos diferentes biomas do Brasil.

“O Brasil tem cerca de 200 mil espécies animais registradas. Estima-se que esse número represente só um décimo do total existente. Além disso, apenas 1% das espécies conhecidas é estudado com profundidade, pois o País carece de taxonomistas. Publicações como esta mostram seres que muitas vezes nem os brasileiros conhecem. Mais do que isso, ajudam a colocar a fauna na pauta do dia”, propõe o fotógrafo.

Bichos do Brasil tem textos de Antônio Paulo Pavone e Marcelo Delduque e custa R$ 130,00.

Mata Atlântica

Como forma de chamar a atenção para a riqueza da floresta nativa da costa brasileira e para a importância da preservação, a editora TerraBrasil lança também nesta quarta-feira, o livro Mata Atlântica, com fotos de Araquém Alcântara e texto de apresentação de Paulo Nogueira-Neto, presidente da Fundação Florestal e um dos pioneiros na causa ambiental, com trabalho de reconhecimento internacional.

Em 140 fotos, Araquém registra todos os aspectos e regiões da mata, do sul ao nordeste do Brasil. Com um trabalho apaixonado, propõe uma experiência sensorial ampla. “A Mata Atlântica é uma sinfonia de sons e silêncios. São milhares de espécies de animais, flores, plantas e árvores. Tem avencas e samambaias pelo chão, orquídeas por toda parte, as bromélias estão em cada árvore, os liquens parecem cobertores para os troncos. A Mata Atlântica é a coisa mais bela que já vi”, se delicia Alcântara.

Com a juventude passada em Santos (SP), o fotógrafo possui ligação afetiva com a floresta: “Há mais de dez anos eu queria fazer um livro específico sobre a Mata Atlântica. E agora o dedico a Tom Jobim, um apaixonado pela natureza e que a definiu como ‘floresta encantada'”, afirma Araquém sobre este seu 37.º livro.

Mata Atlântica tem edição bilíngüe, português-inglês, e custa R$ 130,00.