Ana Maria Braga lança CD

São Paulo – Receita pra felicidade. Ser especial. Eu sei, mas não devia. Conselhos. Saúde, Paz, Amor e Alegria. Xô, Baixo-Astral! Parece o hit parade dos livros de auto-ajuda, lista dos mais vendidos de não-ficção no jornal de domingo, mas são apenas títulos de canções do disco de estréia da apresentadora Ana Maria Braga, Sou Eu (BMG).

Investida das funções de “Perfeita Cozinheira das Almas desse Mundo” (mas infelizmente desprovida de alguma receita antropofágica, como as de Oswald), a apresentadora lançou ontem seu álbum num cenário adequado: o neo-yuppie hotel Unique, em São Paulo. A maior parte das faixas não é cantada, mas declamada por ela.

Solução

Se você apresenta um quadro de insônia, apatia, pessimismo, monotonia e depressão, não se preocupe: Ana Maria tem a solução. “Pra esse quadro, um terapeuta espanhol vem receitando uma coisa simples, mas que às vezes assusta: um amante”. Trata-se da letra de Procura-se Um Amante, de autor desconhecido, a quinta faixa do seu disco. E a receita para encontrar um amante? Ela também dá, não fique avexado. “Também podemos encontrá-lo na pesquisa científica ou na literatura. Na música, na política, no esporte. No trabalho, na espiritualidade, na boa mesa”. Encontrar um amante na boa mesa? Isso parece sinopse de filme de John Bobbit.

Cúmplices

Muita gente foi cúmplice de Ana Maria nessa empreitada. Fábio Jr., Zezé di Camargo & Luciano, Leonardo, Xandy, Marina Colasanti e Carlos Heitor Cony, autor do texto musicado O Menino das Meias Vermelhas. E ainda Louro José e a Turma da Aninha.

“Com uma flor, se faz um lindo jardim”. Para sermos apenas complacentes, é preciso dizer que o disco de Ana Maria é talvez um dos maiores desfiles de lugares-comuns por metro quadrado do planeta. Claro, surpresa seria se fosse o contrário. Mas, embora saibamos que o trânsito é terrível na Avenida 9 de Julho, cair nele por azar (ou excesso de voluntarismo) sempre é impactante.

Uma jornalista quis saber por que, nessa nova onda de espiritualidade, ela não gravou nenhuma canção em homenagem a Nossa Senhora. Ela explica que os textos são de “alto-astral e bem-estar”, e que nisso repousa sua religiosidade. Enquanto ela fala, as mensagens ricocheteiam pelos alto-falantes, e não tem teflon que resista à sua capacidade adesiva.

Voltar ao topo