A sedução está no ar

Muitos atores que começaram suas carreiras no teatro resistem bastante tempo à idéia de fazer tevê. Mas a maioria, depois que dá o primeiro passo que vai ao ar em rede nacional, não quer mais sair das novelas. Afinal, não é fácil abdicar do retorno financeiro e do grande reconhecimento proporcionado pela tevê, mesmo que, para isso, seja preciso abrir mão de personagens complexos. Um bom exemplo disso é Luís Melo.

Depois de anos atuando apenas no teatro, ele foi convencido pelo diretor Wolf Maia a interpretar o idealista professor Rubinho, que roubava a cena na novela Cara e Coroa. Hoje o ator que ganhou alguns dos mais importantes prêmios teatrais brasileiros, como Mambembe, Shell e Molière aceita fazer personagens simples e secundários, como o coiote Ramirez de América. "Se você não fizer televisão, outro vai fazer. É melhor você ocupar seu espaço do que deixá-lo em aberto", justifica.

Quem também estreou na tevê em 1995 foi Floriano Peixoto, o Tony, de América. Ele passou dez anos fazendo apenas teatro e recusava categoricamente os convites que recebia para tevê. Simplesmente porque não gostava do tipo de interpretação naturalista, preferindo algo mais teatral. Não foi à toa que começou na tevê fazendo justamente o teatral e divertido travesti Sarita de Explode Coração. Desde então, já fez sete novelas. "Fiquei meio cabreiro, mas a Sarita tinha um lado exótico e caiu no gosto do público. A tevê me abriu muitas portas", constata.

Outra que preferiu esperar por um bom papel para debutar na tevê foi Camila Morgado, a May, de América. "Sempre pensei: ‘Se um dia me chamarem para fazer tevê, quero que seja um personagem que realmente valha a pena", frisa. Camila estreou na minissérie A Casa das Sete Mulheres como a enigmática Manuela. Enquanto a personagem ideal não aparecia, ela se dedicou bastante ao teatro. Estudou na Casa das Artes de Laranjeiras, a CAL, no Rio de Janeiro, e integrou a Cia. Ópera Seca, de Gerald Thomas.

 Matheus Nachtergaele, por sua vez, sempre demonstrou uma certa resistência à tevê. Por isso, resolveu ingressar no meio atuando em produções de curta duração. Quando o assunto era novela, a relutância era ainda maior. Tanto que ele só estreou em Da Cor do Pecado. Bastou para ele se encantar. Atualmente, Matheus vive o peão Carreirinha, em América. Nem o constante ar aparvalhado do personagem parece incomodar o ator, que esbanja experiência no teatro e no cinema. "É um peão amoral, desmiolado e sem responsabilidade. Me apaixonei por ele, valoriza". Quem também não tem preconceito com relação ao tamanho do papel é o veterano dos palcos Ítalo Rossi, que aceitou viver o mordomo Alfred em Senhora do Destino. "Para mim, não existe personagem menor", minimiza.

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