A gralha azul do Paraná, da sinfonia ao balé

A escola de dança Teatro Guaíra apresentará no auditório Bento Munhoz da Rocha Netto, dias 11, 12 e 13 de novembro de 2005, às 20h30min, o balé A Gralha Azul do Paraná. A apresentação conta com quase 200 participantes. O balé, que se torna realidade no presente, é um sonho acalentado há 50 anos por seu autor musical e produtor do roteiro original, Inami Custódio Pinto.

Natural de Curitiba, compositor, poeta, folclorista, membro da Academia de Letras José Alencar, escritor, produtor de discos e de trilhas sonoras para filmes e teatro, começou a pensar no tema ainda quando era criança, depois de ler a lenda O pinheiro e a gralha azul do escritor Eurico Branco, quando morava em Florianópolis-SC. Em 1946, compôs uma sinfonia com diversos temas que enaltecem as atribuições da gralha azul, especialmente o seu ato de plantadora natural do símbolo da riqueza do Paraná, o pinheiro.

Inami Custódio Pinto.

Ao chegar em Curitiba, em 1950, observou que a gralha azul era lembrada na literatura por parte de autores, como Chicorro Júnior, Diva Gomes, Vasco Guimarães, Nair Cravo Westphalen, Raul Gomes. Então ele destacou três temas da sinfonia original e compôs o hino informal de Curitiba, ou hino da Gralha Azul. Foi gravado por Ely Camargo e pelos Titulares do Ritmo, e hoje faz parte do repertório de corais, bandas, colégios e instituições culturais do Paraná.

Desde a fundação do Teatro Guaíra, Custódio Pinto objetivava apresentar um balé com esse nome. Explica Dirceu Gomes de Brito que ?Inami, quando professor da Faculdade de Educação Musical do Paraná, havia nos mostrado parte da sinfonia de a história da gralha azul, assim sentimos a possibilidade de divulgá-la. Então opinou-se que a maneira mais viável seria transformar a peça em uma suíte e adaptá-la para o balé.?

Em 1969, Custódio Pinto escreveu o roteiro e, em parceria com a maestrina, pianista e professora Helse Maria Marques Pacheco de Carvalho, adaptou a Sinfonia da Gralha Azul para Balé, sob a orientação da primeira bailarina e professora da Escola de Dança do Teatro Guaíra, Marlene Tourinho de Britez.

?Dirijo meus especiais agradecimentos?, relata Custódio Pinto, ?especialmente àquelas pessoas que contribuíram para que meu sonho se tornasse realidade: Helse Maria P. de Carvalho (co-compositora), Marlene Tourinho de Britez (professora), Dirceu Gomes de Brito, Waltel Branco (arranjo e regência), Jocy Beckert (coreografia), Alexandre B. de Magalhães (orquestração e regência).?

?Aos demais profissionais do Teatro Guaíra, Mitis Jacon (superintendente), Nena Inoue (diretora artística), Altair Dorigo (diretora administrativa), Mirian de Pooter (assessora da coordenação da Escola de Dança), Warli Martins Ribeiro (assistente de produção) e Sidney Gaspar, (assistente de administração), aos coreógrafos, músicos, técnicos e ao elenco do Balé A Gralha Azul do Paraná, quero tornar público meus agradecimentos?, disse emocionado o compositor.

Dentre os demais criadores, estão o iluminador Abel Soares, os coreógrafos Camila Chorilli, Gisele Kliemann, Jair Moraes, Jocy Bechert Santos, Lucilene Almeida, Sabrina Ortolan, Cinthia Andrade; o responsável pela direção e roteiro adaptado, George Sada, a co-autora musical, Helse M. Marques Pacheco de Carvalho, a cenógrafa e figurinista, Rosa Magalhães, e a responsável pela concepção original do espetáculo, Marilene Tourinho de Britez.

Entre os convidados se encontram Alexandre Brasolim de Magalhães (orquestração e regência), o coral dos Meninos Cantores de Angola, Denise Sartori (intérprete musical mezzo-soprano), Eleonora Greca e Jorge Schneider (bailarinos do Balé Teatro Guaíra), e os componentes da EMBAP – Escola de Música e Belas Artes do Paraná.

O primeiro ato do balé A Gralha Azul é constituído de 13 cenas, que lembram a criação do mundo, com a chegada dos pássaros, das gralhas, dos índios do Paraná, dos personagens Naipi e Tarobá, de Core-Etuba, do aparecimento dos tropeiros, da devastação das araucárias, da festa popular, dos pinhões abandonados, do caçador e do sonho do caçador.

A primeira cena do segundo ato refere-se à vida moderna de Curitiba. As demais cenas lembram a brincadeira da criança que utiliza a pinha como bola de futebol, o surgimento e o retorno da gralha azul, o vôo ao mundo dos pinheirais e a cena final, o teatro Guaíra.

Zélia Maria Bonamigo é jornalista, mestranda no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social pela UFPR, membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná.

zeliabonamigo@uol.com.br

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