A Descoberta das Américas volta aos palcos de Curitiba

“A descoberta das Américas”, um dos mais consagrados espetáculos teatrais dos últimos anos, volta aos palcos curitibanos com temporada no Teatro da Caixa, de 8 a 11 de janeiro.

Do original de Dario Fo, Johan Padan a la descoverta de le Americhe, o monólogo tem a brilhante e interpretação do ator Julio Adrião – que lhe rendeu o Prêmio Shell/2005 – e retrata a outra história da descoberta das Américas, inspirada em fatos reais que ocorreram na Flórida e foram contados pelo cronista Cabeça de Vaca. Mas a história poderia ser bem daqui, da terra brasileira.

Adrião, que junto com a diretora Alessandra Vannucci também foi responsável pela tradução do texto, vive um Zé Ninguém chamado Johan, rústico, malandro e fanfarrão, que se vira contando vantagens, sempre em fuga da fogueira da Inquisição, embarca em Sevilha numa das Caravelas de Cristóvão Colombo. No Novo Mundo, o nosso herói sobrevive a um naufrágio; testemunha a matança; aprende a língua dos nativos; é preso, escravizado e quase engolido pelos índios antropófagos. Safa-se fazendo “milagres” com alguma técnica e uma boa dose de sorte. Venerado como Filho da Lua, ele treina, catequiza e guia os índios num exército de libertação que acaba caçando os espanhóis invasores.

O monólogo

Um ator só em cena, quase completamente despido do aparato espetacular (cenário, figurino, iluminação e até texto são suportes reduzidos ao mínimo essencial) narra sua história do ponto de vista do povo, virando a História pelo avesso.

O narrador atua num estado de emergência, movido pela cruel e engenhosa economia da fome do protagonista, que quer sobreviver justamente para narrar sua história. A narração depende da presença física e da cumplicidade entre contador e espectadores. Para narrar interpretando todos os personagens, inclusive peixinhos, índios, espanhóis, cavalos, galinhas, Jesus e Madalena, o ator estabelece o pacto de cumplicidade através de um vocabulário mímico e sonoro que tende a substituir a fala.

Como se ele estivesse contando aquela história de improviso, cada detalhe provoca a lembrança do seguinte numa cadeia de significados em que algumas coisas são ditas, outras aludidas, outras inventadas naquela contingência e para aquela platéia.

O desafio do ator neste espetáculo, na opinião de Julio Adrião, “é de achar o jeito, a cada noite diferente, de jogar com a platéia e fazer a platéia jogar. Jogar como? Decodificando as imagens com a ilusão de ‘ver’ tudo”, sugere ele. “Em sua essência, teatro é isso: uma ilusão de realidade, criada pelo ator no espelho vazio da cena e vista pelo público: teatron é visão da visão do outro. Por isso, sem retórica, o espectador é indispensável ao jogo”, completa Adrião.

Serviço

Espetáculo: Peça “A Descoberda das Américas”

Local: Teatro da Caixa

Data: 8 a 11/01/2009

Horários: Quinta a sábado às 21h e domingo às 19h

Endereço: Rua Conselheiro Laurindo, 280 – Edifício Sede II

Ingressos: R$ 10,00 e R$ 5,00 (clientes, idosos e estudantes)

Classificação etária: Livre

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