Zetti já passou pela experiência de jogar a 4 mil metros

O técnico Zetti não esconde a preocupação com os efeitos que a altitude de mais de 4.000 metros possam causar aos jogadores do Paraná Clube. Por isso, na montagem da delegação – e do time – que enfrenta o Real Potosí, amanhã, na Bolívia, trocou idéias com os preparadores físicos Fernando Moreno e Marcos Walczak. Os dois profissionais foram destacados para a viagem, visando assim um acompanhamento mais próximo dos dezoito atletas que têm a missão de vencer o time local para garantir vaga nas oitavas-de-final da Libertadores da América.

Zetti traz na memória momentos de muita dificuldade, vividos enquanto jogador do São Paulo. Como sempre, na Bolívia. ?Foi em 1992, na cidade de Ururo, que fica também a mais de 4.000 metros de altitude?, relembra Zetti. Este jogo ocorreu no dia 17 de março, no Estádio Jesus Bermudes. Mas, apesar de todas as dificuldades, o tricolor paulista fez 3×0, com três gols de Palhinha. ?Ele foi um dos poucos jogadores que nada sentiram. Nem falta de ar nem qualquer outro sintoma?, comentou o ex-goleiro. ?Por isso, é uma questão que a gente só vai saber na prática.?

Naquele jogo, como agora faz o Paraná Clube, a delegação brasileira só chegou ao estádio momentos antes da partida. ?Só que nós fomos num avião da força aérea boliviana.

O drama começou ali?, conta Zetti. ?Não havia cinto de segurança e uma hora você estava no meio das montanhas, no outro em plena pista.? A pista, lembra o treinador, era de cascalho. ?Logo na chegada, a aeronave derrapou e foi uma gritaria só. Foi só o primeiro capítulo?. Na seqüência, viriam a dificuldade para respirar e outros efeitos provocados pelo ar rarefeito.

?Particularmente, eu me senti mal. Cada movimento rápido para se executar uma defesa já causava uma falta de ar. Abafava mesmo?, explicou Zetti. Ele conta ainda que até mesmo outros integrantes da delegação, como dirigentes e o treinador de goleiros Valdir de Moraes, encontraram dificuldades para subir uma simples escadaria.

?O Macedo, que entrou no segundo tempo, saiu de campo desmaiado. O nariz do Erivelton sangrou. Temos que estar preparados para todas essas situações?, alertou o treinador paranista.

Essa não foi a única experiência ruim de Zetti na Bolívia. Nas eliminatórias para a Copa de 94, ele foi flagrado em exame antidoping por ter tomado chá de coca. A substância, segundo a crença local, ajuda as pessoas a amenizar os efeitos da altitude. ?Dessa vez, não tomo e não deixo ninguém tomar desse chazinho?, brincou o comandante paranista.

Dinelson é a principal arma

Ele não esteve em campo nas quatro últimas vitórias do time. Quando atuou pela última vez, o Paraná Clube foi derrotado. Mas, na Vila Capanema ninguém duvida: com Dinelson, o time de Zetti se torna mais competitivo e ousado. Por isso, nem mesmo os quase vinte dias sem ?bater na bola? tiram a confiança do jogador. ?Estou pronto e quero ajudar?, confirmou o meia, logo após o último treino em território brasileiro, no sábado. Dinelson reaparece na equipe, que volta aos primórdios da ?era? Zetti.

Depois de longo período atuando num 4-4-2, o treinador decidiu apostar na formação com três zagueiros, dando mais liberdade aos alas e apostando num ataque veloz para surpreender o Real Potosí. Nessa missão, os ?baixinhos? Dinelson e Henrique têm papel decisivo. ?Com eles, ganhamos velocidade na frente, mas sem descompactar o meio-de-campo?, frisou Zetti. Com essa estratégia – aplicada com sucesso diante do Cobreloa – o treinador espera conseguir um bom volume de jogo, mesmo sem um atacante de referência na área adversária.

Dinelson só não sabe se conseguirá aplicar em Potosí a sua principal virtude: o drible rápido, na direção do gol. ?É algo que só vou poder analisar dentro de campo. Não adianta dar um pique e morrer fisicamente?, lembrou. ?Mas, se eu sentir que dá, vou pra dentro dos caras.?

O ?baixinho? só ficou de fora de um jogo nesta Libertadores (na derrota para o Flamengo, em Curitiba). É um dos jogadores mais regulares da equipe nesta competição, com muitas assistências e dois gols marcados, um deles contra o próprio Real Potosí, na Vila Capanema.

?Já sabemos como eles jogam. E, em casa, vão impor um ritmo forte, pois só sobrevivem com vitória?, comentou Dinelson.

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