É na base do ?ou vai ou racha?. O Paraná Clube encara o Brasiliense – às 20h30, no Pinheirão – necessitando desesperadamente da vitória. A pressão aumentou na mesma proporção em que a seqüência de derrotas determinou a queda do clube para a décima colocação do Brasileiro. Para impedir a crise, a aposta é no apoio da galera, no jogo que marca a volta do Tricolor à sua casa, após trinta dias de exílio.
O técnico Luiz Carlos Barbieri já não contava com três titulares (Flávio, Neto e Beto) e ontem perdeu o volante Rafael Muçamba, com uma lesão na coxa direita. Mas, além das mudanças forçadas, o treinador decidiu dar uma oportunidade a Edinho na ala esquerda e confirmou duas estréias: Pierre e Éder. Embora os nomes desses jogadores não constassem do BID divulgado pela CBF no início da noite de ontem, o superintendente de futebol Ricardo Machado Lima assegurou que tudo estaria normalizado antes do fechamento da entidade. ?Com estas mudanças, espero que o time volte a ser consistente e possa não só marcar, como atacar com qualidade?, disse Barbieri, que tenta dissociar o momento do time daquilo que deve ser feito no jogo de hoje.
?O resultado deve vir com superação, mas ao natural?, disse Barbieri. Nos últimos dias, o técnico procurou tirar o peso dos ombros dos atletas. ?Não adianta entrar em campo querendo resolver de qualquer forma. É preciso jogar, mas sem ansiedade?. Para isso, acredita no apoio do torcedor. ?Quero um time com atitude, trazendo a torcida para o nosso lado?, explicou Barbieri. O técnico sabe que o jogo desta noite é chave para a sua permanência no cargo. ?Essa pressão é natural, pois o trabalho se mede por resultados?, afirmou.
Com as mudanças processadas, o treinador pretende corrigir o principal defeito do time nas últimas partidas: a baixa produtividade ofensiva do Tricolor. Como o 3-5-2 está mantido, Barbieri depende de um meia-de-criação e dos alas para ?alimentar? os atacantes André Dias e Borges. Parral pela direita e Edinho pela esquerda terão papel decisivo na armação do time.
No meio-de-campo, Éder assume a vaga de Thiago Neves e Pierre volta a vestir a camisa do Paraná, após dois anos no interior paulista. Com o veto a Muçamba, Mário César foi mantido no time. Tantas mudanças podem comprometer o entrosamento do time. Para o técnico, é apenas um obstáculo a ser superado. ?É hora de encontrar soluções. O grupo é forte e está unido na busca desse objetivo, que é dar um basta a essa seqüência de maus resultados?, disse Barbieri.
O Paraná não vence há seis rodadas e os atacantes não marcam gols há nove jogos. ?São números ruins. Mas, a partir de uma vitória a maré muda. Os reforços motivaram o grupo e com a presença desses novos jogadores o time voltará a crescer?, aposta o treinador paranista, que não vê a hora de comemorar o primeiro resultado positivo no comando do time. A hora é agora.
De volta pra casa. Espera-se cheia
O ?efeito Pinheirão? pode fazer a diferença no jogo desta noite. Pelo menos é o que esperam os jogadores, que não escondem o contentamento com esta ?volta pra casa?. Afinal, foram exatos trinta dias jogando como visitante, num período que o ex-técnico Lori Sandri considerava crítico. Na prática, o temor do antecessor de Barbieri se confirmou. O Paraná, neste período, obteve apenas um ponto e ?despencou? da 4.ª para a 10.ª colocação do Brasileiro.
Um ?risco calculado? não pelo aspecto técnico, mas sim pela necessidade financeira que obrigou o Tricolor a mudar-se para Maringá nos jogos contra os grandes clubes paulistas. Agora, no reencontro com sua torcida, o Paraná espera que a má fase seja deixada para trás. ?O torcedor vai nos apoiar. Tenho certeza. Cabe a nós ter atitude para que eles dêem seu incentivo durante os noventa minutos?, disse o zagueiro Daniel Marques, que volta ao time após cumprir suspensão.
No Pinheirão, o Paraná sofreu apenas uma derrota – 0x2 para o Goiás -, na primeira rodada e ainda com um time desmantelado. Na seqüência, foram cinco vitórias e três empates, que conferem ao Tricolor um aproveitamento de 66,67% atuando no estádio da Federação Paranaense de Futebol. ?Fizemos bons jogos no Pinheirão e sofremos pouquíssimos gols. É uma marca importante e que deve servir de apoio para que a gente faça um grande jogo?, comentou Edinho, animado com a oportunidade.
?Foi muito difícil ficar na reserva. Mas agora a chance surgiu e não vou desperdiçá-la?, afirmou. Edinho passou a ser mais utilizado desde a chegada de Barbieri. ?Ele vem me dando força. Acredito na retomada daquele bom momento, pois só estamos pecando nos detalhes. Se o time recuperar aquela atenção na marcação, temos tudo para dar a volta por cima?, comentou o lateral.
Diretoria espera resposta da galera
Somente seis mil ingressos haviam sido vendidos até ontem à noite. Outros quatro mil – ao preço promocional de R$ 10,00 – estarão disponíveis até 17h, nas sedes do clube (nas farmácias Multifarma, a venda se encerra às 13h). Depois disso, o torcedor terá que desembolsar R$ 20,00, nas bilheterias do Pinheirão.
Na semana passada, o presidente José Carlos de Miranda anunciara que a decisão de transferir para Cascavel o jogo frente ao Internacional dependeria do borderô desta noite. Se o público pagante superar a casa dos dez mil torcedores, o clube deve confirmar a partida frente ao colorado gaúcho para Curitiba. Mas, pela movimentação dos últimos dias, a má fase e o pouco apelo do adversário foram determinantes para o afastamento do torcedor tricolor.
O Paraná possui uma média razoável de público graças aos jogos no interior do Estado. Nos jogos disputados no Pinheirão, só houve públicos expressivos nos jogos promocionais da Nestlé, contra Figueirense (16.253) e Vasco (23.185). Fora essas duas partidas, o maior fluxo de torcedores ocorreu frente ao Botafogo (11.178), quando o Paraná vinha de três vitórias consecutivas.
CAMPEONATO BRASILEIRO
27ª rodada
Local: Pinheirão (Curitiba).
Horário: 20h30.
Árbitro: Vinícius Costa da Costa (RS).
Assistentes: José Antônio Chaves Franco Filho (RS) e Paulo Ricardo Silva Conceição (RS).
Tevê: Pay-per-view – Premiére Canal 75.
Tempo: Nublado.
Temperatura: 13º.
Paraná Clube x Brasiliense
Paraná
Darci; Daniel Marques, Marcos e Aderaldo; Parral, Pierre, Mário César, Éder e Edinho; Borges e André Dias. Técnico: Luiz Carlos Barbieri.
Brasiliense
Eduardo; Dida, Jairo, André Turatto e Márcio Careca; Deda, Pituca, Vampeta e Marcelinho Carioca; Lindomar e Reinaldo Aleluia (Igor). Técnico: Joel Santana.