Ventos fortes na 7ª perna do Volvo Ocean Race

Ventos fortíssimos batendo de frente. Ondas altas. E, para completar, frio polar. São essas as condições que esperam os velejadores do Brasil 1 na sétima perna da Volvo Ocean Race, que começou ontem, em Nova York. "Nesses três primeiros dias, estamos esperando o pior de tudo o que já enfrentamos até agora. Então, se vier algo um pouco melhor, vamos estar no lucro", explica o regulador de velas Marcelo Ferreira.

A preocupação é geral na equipe. Segundo o navegador Marcel van Triest, o início da perna será uma prova de fogo para todas as tripulações e barcos. "Nos primeiros três dias, três dias e meio, vamos encontrar contravento forte. No final da tarde de sexta-feira, provavelmente, vai estar ventando bastante. No sábado, a ventania será ainda maior. Não sei se teremos vento de 30, 45 nós, como já enfrentamos, mas com certeza ventará bastante. E, nessas condições, o objetivo é manter barco e tripulação inteiros", avisa o holandês, veterano de quatro regatas de volta ao mundo.

Construtor do Brasil 1, Horácio Carabelli passou os dois dias em Nova York fazendo a manutenção do barco. "Os dois dias para chegar a Nova York foram bastante duros para o barco, com contravento e ondas altas. Mais ou menos o que vamos enfrentar agora, nos três primeiros dias. Foram dois dias trabalhosos, mas é bom sair confiando que o barco não deve ter problemas. Mesmo assim, nos dois primeiros dias temos que tomar bastante cuidado, porque se algo quebrar, temos uma perna inteira para velejar antes de chegar ao final", diz o velejador.

Após os três primeiros dias, porém, as condições ficarão um pouco mais amenas. "Logo depois desse contravento, vamos cair em uma zona de alta pressão, com muito pouco vento. Ela está no meio do Atlântico Norte há uma semana e deve continuar lá por mais cinco dias. Nossas opções serão contorná-la ou simplesmente atravessá-la", comenta o navegador.

Além disso, os competidores também terão de enfrentar o frio polar, já que, mais uma vez, velejarão em altas latitudes. "Já preparei balaclava, roupa de tempo e até aquela roupa de astronauta, que você veste e cria uma camada de ar em volta, que te mantém sequinho", avisa o catarinense André Fonseca.

A etapa, de 3.200 milhas (5.900 km), foi inicialmente pensada para que os barcos da Volvo, os monocascos mais rápidos do planeta, quebrassem também o recorde da travessia do Atlântico. A organização, porém, contava com tempos melhores. "Esse tipo de condição é muito duro com o barco e com a tripulação, então ninguém deve dar o máximo logo no começo", avisa o comandante Torben Grael.

A previsão inicial é de que os barcos cheguem a Portsmouth, na Inglaterra, em oito ou nove dias. "Espero que sejam só oito dias no mar. Vai ser muito molhado, muito desconfortável. Eu prefiro em oito", brinca o neozelandês Stuart Wilson, coordenador de velas do time brasileiro. A etapa conta também com um portão de pontuação, no cabo de Lizzard, no sul da ilha da Inglaterra. "Vai ser como um bônus, porque não vai dar tempo de mudarem as posições depois", diz o timoneiro João Signorini. Quem vencer a etapa leva sete pontos. Quem passar em primeiro pelo portão, 3,5.

Após a perna em Nova York, o Brasil 1 assumiu a quarta colocação, empatado com o ABN Amro Two. O time está a 5,5 pontos do segundo colocado, o norte-americano Piratas do Caribe. "Estamos lutando muito por posições e podemos ainda melhorar nossa colocação na classificação geral. Por isso mesmo, é importante continuar lutando bastante nesse final de competição", avisa Torben.

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