Vanessa Chefer bate recorde do heptatlo e será espectadora privilegiada nos Jogos

Enquanto dava duas voltas na Arena Caixa, em São Bernardo do Campo (SP), para a decisiva prova dos 800 metros, a última do heptatlo, Vanessa Chefer ouvia gritos de incentivo de praticamente todas aquelas que participaram da primeira bateria e, até minutos antes, eram suas rivais. De certa forma, o índice olímpico seria também um pouco delas, companheiras durante a mais longa e desgastante prova do atletismo.

Vanessa precisava fazer 891 pontos nos 800 metros. Com a tabela de pontuação na mão, sabia que qualquer resultado abaixo de 2min15s15 a colocaria na Olimpíada. Os gritos de incentivo ajudaram, mas não o suficiente. Com 2min16s00, ela ficou a apenas 12 pontos dos 6.200 necessários. “Estava ventando muito, principalmente na reta oposta. Atrapalhou”, avaliou.

Com as pernas bambas, sofrendo para ficar de pé, Vanessa olhava desanimada para o telão, ainda que soubesse que havia acabado de quebrar o recorde brasileiro de Lucimara Silvestre, que já durava quatro anos. Do sisudo técnico Oleg Ruiev, ucraniano com quem trabalha há quatro anos, ouviu só um: “Fraquinha”. “Já me acostumei”, garantiu ela. “Ele é assim, quer sempre nosso melhor”.

Vanessa sabe que seu resultado, de fraquinho, não tem nada. Forte demais é o índice. A brasileira é a 16.ª do ranking mundial de 2016 e, considerando todo o período de qualificação, desde maio de 2015, ela tem a 23.ª melhor marca. Como são 32 vagas por prova e a Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF, na sigla em inglês) vai convidar atletas a partir do ranking para completar a lista, Vanessa muito provavelmente terá lugar. Até 11 de julho, é improvável que tantas atletas a ultrapassem.

Tanto que Vanessa já pensa na Olimpíada. Além de competir, ela será uma espectadora privilegiada no Rio. Afinal, a prova do heptatlo vai começar na sexta-feira de manhã e só vai terminar no sábado à noite. Serão quatro sessões inteiras no Engenhão.

“Não é igual 100 metros, que corre 10 segundos acabou. Vou estar na pista manhã e noite. Já tive essa experiência no Mundial, ver as estrelas do atletismo correndo do seu lado”, disse Vanessa, que obviamente terá seu próprio desempenho em primeiro plano. “Pretendo melhorar. Quero quebrar essa barreira de 6.200, que já vale índice para o Mundial do ano que vem”, afirmou. A medalha deve ser disputada por atletas que somam de 6.600 pontos para mais.

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