Um clássico para medir forças

O mundo dá voltas. Apenas vinte dias depois de fazer história com seu recorde de vitórias em seqüência, o Atlético chega ao clássico de hoje contra o Paraná, às 18h10, na Arena, em um momento delicado. A torcida sofreu com a eliminação surpreendente na Copa do Brasil (em casa, para o Corinthians de Alagoas) e com a primeira derrota no ano, quarta-feira, para o Engenheiro Beltrão. Até os dirigentes principais do clube, que pouco aparecem, surgiram para prometer melhor relacionamento com torcedores e imprensa.

O mundo dá voltas. Apenas um mês depois de viver um crise quase irremediável, o Paraná Clube chega forte para o clássico de hoje, contra o Atlético, na Arena. Classificado com sobras na Copa do Brasil, e em um momento ascendente sob o comando de Paulo Bonamigo, o Tricolor engrenou no Campeonato Paranaense, e voltou a acreditar que é possível começar uma temporada de objetivo fixo (a volta à primeira divisão) com o título estadual.

No cenário cada vez mais maluco do futebol, o que era verdade ontem é mentira hoje. E vice-versa.

Do outro, Bonamigo, que deu nova cara ao Paraná.

Essa sensação é clara no clássico deste final de tarde – e justamente este jogo pode ser novo divisor de águas, para o bem ou para o mal. Vencer o Paraná em casa pode significar para o Atlético a recuperação moral e psicológica, que é necessária para a melhoria nesta segunda fase de Estadual. Além disso, manteria a série invicta na Baixada. Para o Tricolor, derrotar pela segunda vez na história o Furacão na Arena é a confirmação do bom momento, do acerto na vinda de Bonamigo e até de um possível favoritismo na reta final do campeonato.

Perder, para o Atlético, é a instalação da crise. A torcida não está suportando as explicações dos dirigentes, e deseja reforços e uma atitude afirmativa do clube – que o Furacão sempre lute por títulos. Perder, para o Paraná, é a volta das dúvidas. É o retorno do questionamento sobre determinados atletas, a falta de confiança no time como um todo, a necessidade de reforços.

O que vai acontecer depois dos noventa minutos de clássico é imprevisível. Pode até dar empate, com aqueles jogos chatos. Mas, com tanta coisa em volta de Atlético x Paraná, é certo que teremos uma partida emocionante.

Se pintar chance de gol não pode vacilar

Foto: Ciciro Back

Fábio Luís pode fazer sua estréia com a camisa
tricolor no clássico.

Irapitan Costa

É jogo para afirmação. Após um início de temporada marcado pela incerteza, o Paraná Clube reagiu e sob a batuta de Paulo Bonamigo atingiu um ponto de equilíbrio, num quadro que já faz o seu torcedor sonhar com novas conquistas. Independente das carências ainda perceptíveis, o Tricolor tem hoje um time com alma. Foi na base da garra que o clube chegou à segunda fase. Também com esse sentido coletivo largou com vitória sobre o Iraty, assegurando a primeira ?vingança?.

O grande desafio do Paraná nessa nova etapa é provar que pode alimentar o sonho do título, mesmo contra equipes que o haviam derrotado na fase anterior. ?Agora é um novo momento. E tudo começou do zero. Largamos na frente, mas há um longo caminho a ser percorrido?, frisou Bonamigo. No clássico de hoje – às 18h10, na Arena -, o desafio é abrir vantagem sobre um concorrente direto, que na fase de classificação abriu vinte pontos de vantagem sobre o Tricolor.

Para fazer frente ao poderio do rival – que ainda está invicto jogando em seu estádio – Paulo Bonamigo prega precisão máxima nas finalizações. ?Num jogo assim, as chances são raras. Então, chegou na frente, tem que matar?, frisou o treinador paranista. Nos dez jogos sob o seu comando, o Paraná só não balançou as redes uma vez (no empate sem gols com o Trem-AP, pela Copa do Brasil). E isso, trabalhando sob a pressão de não contar com um atacante de referência em muitos jogos.

A rigor, o Paraná ainda não empolgou. Mas, pragmático, vai trilhando um caminho até aqui de resultados positivos. Muito por conta da forma como Bonamigo ajustou o sistema de marcação da equipe. Salvo alguns lapsos de concentração – talvez o maior exemplo seja o jogo do Rio Branco, em que a marcação foi falha -, a marca desse ?novo? Paraná é a forma como o time consegue se moldar em campo, anulando as principais virtudes dos adversários. Uma característica que justifica o bom aproveitamento defensivo da equipe.

E, marcação, hoje, é o que não pode faltar.

?O Atlético tem um time eficiente e muito perigoso. Qualquer vacilo é fatal?, admitiu Bonamigo, que analisou uma série de DVDs do adversário. Como sempre, à procura de algum ponto vulnerável. Se o encontrou, o técnico guardou para si. ?É um time sem pontos fracos. Por isso, será um jogo duríssimo?, frisou o comandante tricolor, que hoje busca a sua primeira vitória sobre o Atlético, à frente do Paraná.

Nas temporadas 2001-02, Bonamigo disputou seis clássicos contra o Rubro-Negro, com apenas uma derrota e nada menos do que cinco empates, incluindo a série de três jogos de igualdade, nas finais do Paranaese-01, que deu o título ao Atlético.

Bona faz mistério pra pegar o Rubro-Negro

Diante da ausência de dois titulares – João Paulo e Daniel Cruz, suspensos – e com novas opções, o técnico Paulo Bonamigo manteve uma postura de silêncio quanto à escalação do Paraná Clube para o jogo de hoje. Paralelamente a isso, recorreu a alguns artifícios para manter o suspense: trabalhou com treze titulares no apronto de sexta-feira e ontem liberou o grupo para o tradicional rachão.

?Podem perguntar o que quiserem, só vou dizer sim?, despistou Bonamigo durante a coletiva, abrindo o leque de possibilidades.

É certo, porém, que ele não vai abrir mão do sistema com três zagueiros e assim Nem volta à condição de titular. A dúvida maior gira em torno da ala esquerda e a escolha do treinador pode acarretar outras mudanças. Wellington, o reserva imediato da posição, teve altos e baixos ao longo dos seis jogos que disputou, o que faz o treinador pender para a improvisação de Éverton no setor.

O meia atuou nesta função na reta final do jogo contra o Iraty, com sucesso. Essa mudança deixaria uma vaga no ataque, onde Bonamigo pode confirmar a estréia de Fábio Luís, que fez apenas dois treinamentos com o grupo, mas mostrou qualidade na área. ?É um finalizador nato. Precisávamos de um jogador com esse perfil?, comentou o treinador paranista. O atacante diz estar pronto para superar a falta de entrosamento com muita garra.

?Minha característica é essa, de muita luta na área adversária?, disse Fábio Luís, não ao acaso conhecido por ?Tanque?. Mesmo com 1,85m de altura, mostrou ser um atleta de força e um arremate qualificado, principalmente com a canhota. A outra opção de Bonamigo seria a entrada de Cristian – que na avaliação da comissão técnica ainda não suporta 90 minutos de jogo – para compor o meio-de-campo, que se tornaria ainda mais compacto. (IC)

Não existe outro remédio pro Furacão

Foto: Fábio Alexandre

O atacante Marcelo Ramos é a esperança de gols do Atlético, hoje.

Clewerson Bregenski

Hoje é dia de reencontro do torcedor atleticano com o time na Arena, palco da inesperada eliminação da Copa do Brasil há dez dias. Mas a lembrança amarga da derrota tem que ser transformada em incentivo, principalmente pelo mau momento que o clube atravessa. E a força da torcida é um dos trunfos apontados por jogadores e comissão técnica para abocanhar o clássico de logo mais, às 18h10, diante do Paraná. Hoje é vencer ou vencer.

As críticas feitas ao desempenho do time pela imprensa, comissão técnica e a cobrança entre os próprios jogadores alertaram sobre a necessidade de mudança, principalmente na postura em campo. Insatisfeitos com as apresentações, os atletas prometem reverter o quadro de derrotismo e quem vai ?pagar o pato? será o Tricolor. ?Em Irati vencemos, mas não jogamos bem. Em Engenheiro, novamente deixamos a desejar. Mas agora, jogamos dentro de casa e com a Arena lotada. Vamos nos recuperar. De hoje não passa?, afirmou o zagueiro Danilo, que está totalmente recuperado da lesão na coxa direita e confirmado para retornar à zaga atleticana.

O defensor analisa que o Paraná vive um melhor momento, mas acredita que, por jogar na Arena, as forças vão se equivaler e o Atlético tem tudo para vencer. ?Estaremos jogando com o apoio da nossa torcida que, nos momentos difíceis, nunca nos abandonou e não vai ser agora que vai nos abandonar. Não tem jogo melhor para se reabilitar do que um clássico em casa. Daí sim, vamos ver quem vive o melhor momento?, finalizou.

Sobre o incentivo do torcedor, o treinador Ney Franco disse que ele é imprescindível para a recuperação do time na competição.? O diferencial na Arena é o ambiente criado, que é totalmente favorável.

Os jogadores entram mais confiantes porque a torcida os motiva o tempo todo. (Hoje) esperamos mais uma vez que a torcida esteja ao nosso lado, nos empurrando?, afirmou. Para apimentar um pouco mais o clássico, o Atlético coloca duas marcas suas em jogo. Não perde em seu campo desde agosto de 2007 e o treinador Ney Franco não conhece o gosto de ser derrotado na Arena e em clássicos paranaenses.

Pressão não atrapalha

A necessidade de vencer o clássico gera pressão no Atlético, mas os envolvidos afirmam estar preparados para lidar com isso e que esse é o preço a ser pago por jogar em um grande clube. ?Vivemos um momento conturbado e quem joga em time grande sabe que existe pressão?, afirmou Danilo. ?Sou jovem, mas já sei conviver com a pressão. Tem que deixar o pessoal falar e voltar a fazer o que sei fazer, que é jogar futebol?, ensinou o atacante Willian. Já o comandante Ney Franco afirmou que a cobrança é uma coisa normal e que é necessário ter tranqüilidade e consciência de que o trabalho que está sendo bem desenvolvido e que o grupo tem potencial. ?Para jogar no Atlético tem que saber conviver com pressão, seja comissão técnica, jogadores ou diretoria. Não é através de berro com os jogadores e achando que está tudo errado que vai resolver (esse mau momento)?, analisou.

Explicações

O zagueiro Danilo acredita que o Furacão passa por um período de transição e que precisa de tempo para se adequar e voltar a jogar bem. ?Em equipes pequenas você tem tempo e tranqüilidade para trabalhar, mas no Atlético não existe isso. Temos ciência da necessidade de vencer, mas que não vamos vencer de qualquer jeito. O treinador de lá é muito capacitado?, disse o defensor prevendo um jogo muito difícil diante do Paraná.

E para não dar armas ao inimigo, Ney Franco prefere esconder a escalação até minutos antes da partida e divulgá-la somente no vestiário. Surpreender para se recuperar. Esse é o objetivo rubro-negro hoje. (CB)

Campeonato Paranaense

2.ª Fase – 2.ª Rodada

ATLÉTICO x PARANÁ CLUBE

Atlético

Vinícius; Rhodolfo, Antônio Carlos e Danilo; Nei, Valencia, Alan Bahia, Irênio (Pimba) e Netinho; Willian (Irênio) e Marcelo Ramos.

Técnico: Ney Franco

Paraná

Fabiano Heves; Daniel Marques, Nem e Luís Henrique; Araújo, Jumar, Léo, Giuliano e Éverton (Wellington); Joelson e Fábio Luís (Éverton ou Cristian).

Técnico: Paulo Bonamigo

Súmula

Local: Joaquim Américo

Horário: 18h10

Árbitro: Mauricio Batista dos Santos

Assistentes: Gilson Bento Coutinho e Ivan Carlos Bohn

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