Torcida coxa recepciona Aristizábal no aeroporto

Quando Victor Hugo Aristizábal Posada entrou no saguão de desembarque do Aeroporto Afonso Pena, enfim, ele percebeu o que significa a sua contratação pelo Coritiba. Há muito não se via tamanha mobilização na torcida alviverde, que coloca o colombiano como principal esperança para a Copa Libertadores da América, que começa para o Coxa no dia 10. A apresentação do atacante agitou o futebol paranaense ontem.

A recepção no Afonso Pena já foi surpreendente. Aristizábal deixou claro, em seu semblante, que não imaginava ter essa chegada. “É interessante, porque mostra que a torcida está animada. Fico feliz em ser recebido dessa maneira”, comenta o atacante, que chega para ser o jogador mais bem pago do futebol paranaense – os valores, não confirmados pela diretoria, chegariam a R$ 95 mil mensais.

Ele sabe da importância desta temporada para o Coxa, que disputa quatro competições, incluindo a Libertadores (será a sétima participação do jogador no torneio) e a Copa Sul-Americana. “Acho que um clube como o Coritiba precisa sempre disputar os títulos. É isso que pretendo fazer aqui”, diz Aristizábal, que, no entanto, não se considera o ?salvador da pátria? alviverde. “O elenco é forte, vieram jogadores de qualidade. Estaremos todos juntos tentando as vitórias e as conquistas.”

Aos 32 anos, Ari é um dos atacantes mais valorizados do futebol brasileiro. Ele decidiu jogar no Coritiba pelo projeto do clube e pela possibilidade de morar em Curitiba. “Quando você decide por uma coisa, você tem que gostar de tudo. E eu tinha muita vontade de viver aqui, gostei muito da cidade em todas as vezes que visitei ou vim jogar alguma partida”, conta o colombiano, que recusou propostas de Goiás, Atlético-MG e Corinthians.

O atacante espera começar a jogar em vinte dias – isto é, só estrearia na Libertadores. O principal problema é a artroscopia que realizou em dezembro. “Eu sofri uma lesão de menisco no final do brasileiro e joguei algumas partidas porque não estava me prejudicando. Quando o campeonato acabou, eu operei”, conta. O médico Lúcio Ernlund realizou o exame no atacante e o liberou para treinar. “Clinicamente ele está recuperado”, resume.

Restaria apenas entrar em forma. “Estava treinando na Colômbia, mas preciso fazer toda a pré-temporada e o preparo básico. Não vamos ficar falando em datas, mas o meu interesse é voltar o mais rápido possível”, garante Aristizábal, que não realiza trabalhos específicos desde o final do campeonato brasileiro, que ele conquistou jogando pelo Cruzeiro, ao qual estava vinculado até a última sexta. Outro empecilho é a renovação do seu visto de trabalho, que expira no dia 4 de fevereiro.

Só que agora a Raposa é passado, o que importa para Aristizábal é o Cori. E para a torcida, sequiosa por novas conquistas, Ari é o nome que faltava para completar o time. “Nós estamos felizes em contar com um atleta dessa capacidade”, resume o presidente Giovani Gionédis. “Quero ajudar o Coritiba a partir de agora e espero que este ano seja muito bom para mim e para o clube”, finaliza o atacante.

Recepção de gala para o artilheiro colombiano

“Deixa passar, deixa passar, Ari é do Verdão, campeão do Paraná.” O som da bateria e do grito improvisado ecoou, certamente, até naquele avião que decolava no Aeroporto Afonso Pena. Duzentos torcedores do Coritiba mudaram o ambiente do local (foto), que viveu uma das manhãs mais agitadas dos últimos tempos. Quem estava lá e não sabia o que ia acontecer (ou quem chegava de viagem), não imaginava o que viria pela frente.

A torcida organizada Império Alviverde fez uma caravana até o aeroporto. “Nós viemos com pelo menos trinta pessoas”, conta o presidente Luís Fernando Correa. Destes, boa parte era da bateria da facção, que postou-se à frente da sala de embarque. Além deles, vieram voluntariamente outros torcedores, que saíram de casa como se estivessem indo para o Couto Pereira – camisas e bandeiras do Coritiba tomaram conta de São José dos Pinhais.

E, no saguão, eles dividiam espaços com motoristas de empresas multinacionais, agentes de turismo, pais e irmãos de jovens que voltavam de intercâmbios. O Afonso Pena estava lotado e os responsáveis da Infraero nem imaginavam que isso se devia apenas à chegada de Aristizábal. Quando perceberam, começou a se montar um esquema de segurança alternativo.

O presidente Giovani Gionédis e o gerente de futebol Oscar Yamato ficaram encarregados de receber o atacante ainda na sala de desembarque. Faltava apenas a camisa do Cori, que foi levada pelo assessor de imprensa. Nesse momento, a bateria da torcida resolveu atacar, assustando alguns passageiros. Uma senhora chegou a ficar parada, preferindo esperar a festa terminar para depois buscar o seu carro.

Depois, os passageiros foram levados ao saguão por outro caminho (uma freira, chegando de viagem, não entendeu nada). Quando Aristizábal, enfim, apareceu, envergando a camisa alviverde, o Afonso Pena transformou-se na sede da torcida do Coritiba. O barulho era tanto que os líderes da Império Alviverde chegaram a pedir que a bateria parasse para que o atacante pudesse falar – e que fosse possível ouvi-lo.

Depois de atender aos repórteres, Ari (já com um boné da torcida) saiu escoltado por empolgados coxas e por Gionédis, enquanto os fotógrafos e os cinegrafistas o perseguiam. O estacionamento foi tomado e a muito custo o atacante deixou o Afonso Pena. Quando tudo parecia terminado, aparece Oscar Yamato correndo – naquela confusão, haviam esquecido de pagar o estacionamento. É, o aeroporto não vai esquecer dessa manhã tão cedo.

Antônio Lopes só tem uma dúvida para estréia

Não deve passar de hoje. O técnico Antônio Lopes deve definir, nesta tarde, o Coritiba que enfrenta o Iraty quinta, as 20h30, no Couto Pereira. O time só não está oficializado porque há uma dúvida na defesa: Reginaldo Nascimento foi aprovado na zaga e pode acabar sendo a principal novidade da equipe. De resto, os titulares são o do jogo-treino de domingo contra o Araucária – incluindo Tesser, que ganhou a vaga de Reginaldo Araújo.

O lateral, que até há pouco estava prestes a jogar no Madureira, agora tomou conta da posição. “O Tesser está melhor tecnicamente e taticamente em relação ao Araújo”, comentou Antônio Lopes, que usou-o no jogo-treino de domingo. Além da boa atuação, os dois gols fizeram com que não haja mais mudanças na ala – Adriano, que também marcou, está totalmente recuperado das dores na coxa e vai jogar.

Com isso, fica apenas a dúvida na defesa. A entrada de Reginaldo Nascimento agradou ao treinador, que pensa em escalá-lo como zagueiro pela esquerda. A formação ficaria mais próxima da que Paulo Bonamigo utilizou nos últimos 18 meses, mas com a diferença do posicionamento do capitão alviverde: ao invés de ser um ?zagueiro-volante?, ele será um ?zagueiro-zagueiro?, guardando posição.

No ataque, apesar das dificuldades apresentadas por André Nunes, não deverá haver mudança, até porque Lopes crê que Luís Mário precisa de um jogador de referência como companheiro -apesar disso não acontecer quando Aristizábal estiver liberado. O treino de hoje começa às 16h30, no Alto da Glória.

Ficha do craque

Nome:

Victor Hugo Aristizábal Posada

Nascimento:

09/12/1971 (Medellín, Colômbia)

Altura:

1,74 m

Peso: 72 kg

Clubes:

Nacional-COL (90/94, 95, 96 e 2000), Valencia (94/95), São Paulo (96/98), Santos (98/99), Deportivo Cali (2001), Vitória (2002) e Cruzeiro (2003)

Títulos:

Bicampeão colombiano, Copa Merconorte (2001), Copa América (2001), Baiano (2002), Mineiro (2003), Copa do Brasil (2003), Brasileiro (2003)

Pela seleção colombiana:

em dez anos, quatro Copas América, Eliminatórias das Copas de 98, 2002 e 2006 e Copas do Mundo de 94 e 98

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