Terror na Arena da Baixada

Bastaram 45 minutos para a reação do Atlético no Brasileiro desmoronar em plena Baixada. Em uma tarde trágica, o Rubro-Negro foi impiedosamente goleado pelo Botafogo, por 5 a 0. Mas o desastre já estava consolidado desde a etapa inicial, que terminou com quatro gols de vantagem para a equipe carioca.

O resultado foi um verdadeiro balde de água fria na cabeça da torcida atleticana, que esperava por mais uma boa atuação e pela quarta vitória consecutiva. Ao invés disso, os mais de 16 mil torcedores que estavam na Arena foram obrigados a engolir a pior derrota no estádio desde sua inauguração, em 1999.

No início, o Atlético até deu esperanças à galera. Mesmo sem chegar perto do futebol mostrado na vitória sobre o Santos, na última quarta-feira, o Rubro-Negro tinha o domínio da partida. Marcos Aurélio e Dênis Marques tiveram boas chances de abrir o placar, mas não conseguiram vencer o goleiro Lopes.

Até os 24 minutos, o Botafogo não havia chutado a gol uma vez sequer. Mas conseguiu balançar a rede logo na primeira tentativa. Juninho soltou uma bomba em cobrança de falta. A bola quicou na frente de Cléber e explodiu no peito do goleiro atleticano. No rebote, Lima marcou de cabeça.

Quatro minutos depois, uma expulsão infantil do volante rubro-negro Cristian definiu os rumos da partida.

O jogador, que já havia recebido cartão amarelo por um desnecessário carrinho no meio do campo, puxou a camisa do botafoguense Claiton e foi expulso.

Com um homem a menos, o Atlético se tornou uma presa fácil para os cariocas. O time da Estrela Solitária explorava bem as deficiências da equipe rubro-negra, apostando nos ataques nas costas do lateral Ivan, que fez mais uma péssima partida e não foi perdoado pela galera. E foi assim que conseguiu mais três gols ainda no primeiro tempo.

Aos 38?, Zé Roberto passou por dois marcadores e tocou para Reinaldo, que acertou um belo chute com a perna esquerda. Aos 42?, Ruy avançou junto à lateral e cruzou para Reinaldo, que subiu no meio da zaga e marcou de cabeça. Aos 44?, mais uma vez pelo lado esquerdo da defesa do Atlético, Zé Roberto arrancou em velocidade, tocou na saída de Cléber e marcou o quarto.

Atônita, a torcida vaiou muito a equipe na saída para o intervalo. O técnico Vadão também não estava nada satisfeito: ?Foi um desastre. Temos que mudar tudo?.

O treinador pelo menos tentou, queimando as três alterações já na volta para o segundo tempo. Fabrício, Willian e Erandir entraram nos lugares de Marcos Aurélio, André Rocha e Alan Bahia.

Mas em nenhum momento o Atlético mostrou disposição suficiente para ao menos diminuir o vexame. Satisfeito com o placar, o Botafogo tratou apenas de fazer o tempo passar, trocando passes na intermediária.

Por pouco, a Segunda etapa não foi apenas uma formalidade. A Baixada já estava quase vazia quando, em nova jogada pela esquerda, Ruy acertou um chute na trave. No rebote, Lima sacramentou a goleada, aos 45?. Nervosa com a desmoralizante derrota, parte da torcida se envolveu em uma grande confusão com a polícia, já fora do estádio.

Em termos de classificação, a goleada não foi tão ruim para o Rubro-Negro, que perdeu apenas uma posição. Agora, é o 12.º, ainda com 27 pontos. O próximo compromisso pelo Brasileirão é diante do Internacional, no domingo. Antes, o Atlético enfrenta o Paraná pela Copa Sul-Americana, quarta-feira, no Pinheirão, tentando ao menos mostrar dignidade suficiente para voltar a ser chamado de Furacão.

Não tem explicação

Como encontrar explicação para uma derrota de 5 a 0?

O técnico Vadão e os jogadores do Atlético até tentaram, mas acabaram admitindo que não vai ser fácil encontrar os motivos para o ?acidente? de ontem.

?Foi horrível. É péssimo passar por esse momento. Não podemos buscar explicação na expulsão do Cristian. A gente aceitou a derrota no primeiro tempo. Em dez minutos, perdemos a partida?, lamentou o volante Marcelo Silva.

Para Vadão, o time não soube como agir quando ficou com um homem a menos em campo. ?Foi um acidente. Ninguém poderia prever isso num confronto tão equilibrado. Faltou inteligência quando o Cristian foi expulso. Tínhamos que nos precaver e não agredir o tempo todo. Perdemos o jogo nos contra-ataques?, analisou.

Mas o treinador prefere não apontar o cartão vermelho do volante como o principal motivo para a goleada. ?Ninguém vai colocar a responsabilidade nas costas do Cristian. A equipe não foi mal só individualmente.

Ela foi muito mal taticamente e tenho que assumir minha responsabilidade também?, admitiu.

Agora, o Atlético tenta não desanimar e mostrar que a reação no campeonato continua em curso.

?Tão importante quanto os resultados é a reação.

O placar não tem mais como reverter. Mas a reação tem que continuar e é aí que vamos mostrar a nossa força?, afirma Vadão.

Campeonato Brasileiro
22ª rodada
Local: Arena da Baixada
Árbitro: Guilliano Bozzano (DF)
Assistentes: Marrubson Melo Freitas (DF) e Enio Ferreira de Carvalho (DF)
Gols: Lima, aos 24?, Reinaldo, aos 38? e 42?, e Zé Roberto, aos 44? do 1.º tempo. Lima, aos 45? do 2.º tempo.
Cartões amarelos: Cristian, João L. (A), Reinaldo, Diguinho e Asprilla (B)
Cartão vermelho: Cristian (A)
Público: 16.190 (14.265 pagantes)
Renda: R$ 252.582,50

Atlético
Cléber, André Rocha (Willian), Danilo, João Leonardo e Ivan; Marcelo Silva, Alan Bahia (Erandir), Cristian e Ferreira; Dênis Marques e Marcos Aurélio (Fabrício). Técnico: Vadão

Botafogo
Lopes; Rafael Marques, Juninho e Asprilla (Felipe Saad); Ruy, Diguinho (Ataliba), Claiton, Zé Roberto e Júnior César; Lima e Reinaldo (Vando). Técnico: Cuca.

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