Técnico inglês alega que seu time parou no 2º tempo

Shizuoka (AE) – O sueco Sven-Goran Eriksson chegou aos estúdios do Shizuoka Stadium Scopa, após a derrota do Brasil surpreendentemente tranqüilo, como se a desclassificação da Inglaterra da Copa do Mundo fosse a coisa mais normal do mundo. Enquanto os técnicos da tevê japonesa colocavam o microfone em seu paletó, o veterano treinador só abriu a boca para fazer o teste de áudio. O que Eriksson pensava naqueles momentos que antecediam a entrevista coletiva oficial dos dois treinadores é impossível saber. Mas ao menos uma coisa ficou bem clara em suas palavras: o Brasil mereceu vencer a partida e prosseguir na Copa do Mundo.

“Eu só esperava que pudéssemos fazer melhor com 11 jogadores contra 10, mas infelizmente acho que nós cansamos . Tivemos uma grande oportunidade de avançar às semifinais e não soubemos aproveitar muito bem a vantagem que tínhamos no primeiro tempo. Acabamos perdendo o jogo em questão de minutos: nos acréscimos do primeiro tempo e logo no começo do segundo”, lamentou o treinador do English Team.

A derrota e a desclassificação só não tiveram um peso maior porque do outro lado estava o Brasil, um time que Eriksson considera fantástico. “Além das nossas deficiências, o Brasil teve o mérito de saber aproveitar a situação. Soube conduzir muito bem a bola, especialmente no segundo tempo. Se não me engano, só conseguimos dar um chute a gol nessa fase. O Brasil mereceu a vitória e está de parabéns. Pode ter um grande futuro nesta Copa do Mundo”, avaliou o técnico sueco.

Eriksson também teve o cuidado de poupar os seus jogadores das críticas. Não exagerou nas palavras ao falar sobre a apatia de seu time, especialmente no segundo tempo, e tampouco condenou a performance do capitão David Beckham. No entanto, acrescentou em seu depoimento que a Inglaterra não teve forças para reagir depois que o Brasil virou o placar. “Perdemos um pouco a força ofensiva e não conseguimos vencer os três zagueiros brasileiros. Acho que também nos faltou um pouco mais de paciência para responder na partida.”

Apesar de se sentir desapontado com a desclassificação da Inglaterra, Eriksson fez previsões otimistas para o futuro. “Temos muitos jogadores jovens que devem melhor bastante nos próximos dois anos. A geração atual é excelente e vai dar um bom retorno aos nossos torcedores, que tiveram um comportamento exemplar neste Mundial. Aliás, não só os que estão aqui, mas também os que nos acompanharam pela tevê, em casa”, elogiou.

Mesmo com a frustração por ter de voltar para a casa antes do tempo, Eriksson fez um balanço positivo da participação inglesa na Copa de 2002. “Passamos bem por um grupo difícil na primeira fase, com Argentina, Suécia e Nigéria. Fizemos um bom jogo nas oitavas-de-final, contra a Dinamarca. E ainda tivemos um bom desempenho no primeiro tempo contra o Brasil. Só não jogamos bem o segundo hoje e acabamos derrotados. A Inglaterra vai embora com um bom balanço no Mundial.”

Seaman pede desculpas e não segura lágrimas

Shizuoka

(AE) – Terminada a partida contra a Dinamarca, o vitorioso David Seaman passou por jornalistas de todo o mundo recusando-se a dar entrevista. Terminada a partida contra o Brasil, o derrotado David Seaman parou para falar com todos que o esperavam. Parou, ouviu a primeira pergunta e disse: “O principal é pedir desculpas aos torcedores…”.

O que seria uma introdução a outros comentários, terminou aí. As lágrimas começaram a cair. O velho goleiro de 39 anos, titular da Inglaterra há 14, tentou recomeçar, mas foi definitivamente vencido. Abatido pela falha que resultou no segundo gol do Brasil, sentindo-se culpado, balançou a cabeça e se despediu com um aceno de mão.

Saiu, em meio ao silêncio respeitoso de todos. Até dos que ficaram irritados com a sua má vontade no dia da vitória contra a Dinamarca.

Não é oficial, mas é muito provável que tenha sido o último jogo do goleiro do Liverpool com a camisa da seleção inglesa. O jogo número 73.

A defesa de Seaman veio por parte de Beckham, o capitão do time. Ele, que foi culpado por muitos pela derrota para a Argentina em 98 – foi expulso depois de uma falta em Simeone -, falou sobre o erro que é escolher um bode expiatório numa derrota. “Seria uma estupidez muito grande culparem Seaman. Ele estava sendo um dos melhores do mundial e é uma pessoa sensacional. Seria uma atitude mesquinha, contra o espírito do futebol.”

Ferdinand foi menos enfático na defesa do goleiro. “Ele foi muito infeliz. É uma maneira triste de dizer adeus.” O atacante Terry Sheringham defendeu também o goleiro. “Ele deve estar se sentindo mal, mas não deve. Coisas assim acontecem.”

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