STJD confirma afastamento de Onaireves do futebol

Agora só resta a Justiça Comum, já que a principal corte do futebol acaba de escorraçar Onaireves Moura. O dirigente mais controvertido da história do esporte local viu mantida uma inédita suspensão de seis anos e dois meses e está fora do esporte até 2013.

Jamais um dirigente de federação estadual recebeu punição tão dura. No julgamento dos recursos de três processos, o pleno do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) manteve as suspensões impostas pela 3.ª Comissão Disciplinar. Não há recurso possível na área desportiva – ou seja, desde ontem Moura é oficialmente um ex-presidente da Federação Paranaense de Futebol, após 22 anos no comando. A decisão vale para qualquer cargo em entidade de administração esportiva (caso da FPF).

Embora o advogado Vinícius Gasparini tenha afirmado na terça-feira que Moura estava no Rio de Janeiro, o agora ex-presidente da FPF não compareceu ao julgamento. Nem ele nem qualquer outro cartola de sua trupe – o presidente em exercício da FPF, Aluizio Ferreira, chegou a acompanhar a sentença do caso da impugnação de Paraná Clube x São Paulo, mas deixou o tribunal antes do julgamento de Moura.

A ausência do cartola, que havia pedido licença de 60 dias do cargo, não significou abandono de causa. Moura não admitia ser tocado do futebol desta forma e jogou pesado para livrar-se da punição. Fez lobby com alguns velhos contatos na CBF e chegou até a procurar o ex-presidente da Fifa, João Havelange. Mas pouco adiantou e agora resta a opção por uma ação na Justiça Comum.

A condenação foi acompanhada de um duro pronunciamento do presidente do STJD. Ao justificar seus votos, Rubens Approbato Machado disse que a Justiça Desportiva não poderia silenciar ante à série de denúncias e desmandos na Federação e defendeu que a entidade paranaense tivesse as portas abertas e sua administração inteiramente revista.

Agora, os cinco vice-presidentes devem escolher, entre eles, um substituto até o final deste mandato (abril de 2008). Mas a posição de Approbato reforça a hipótese de intervenção na FPF, preparada pela Confederação Brasileira de Futebol – CBF. Neste caso, um interventor seria nomeado para gerenciar a entidade até a convocação de novas eleições.

Julgamento – A sessão começou com a manutenção da pena de 60 dias por causa da publicação de charge ofensiva ao STJD. No mesmo processo, o tribunal repetiu a absolvição a Moura no caso do contrato do jogador Paulo Massaro, do Rio Branco, por prescrição (não-cumprimento de prazos).

O julgamento da sonegação da taxa de 1% das rendas devida à Federação das Associações de Atletas Profissionais foi mais acirrado. O relator Francisco Mussnich manteve a suspensão de três anos a Moura, por corrupção, e foi seguido por três auditores e o presidente da casa. Um votante absolveu Onaireves e outros três optaram por reduzir a suspensão.

Venceu a Maioria – Também houve divisão no processo do desvio de 2,5% das rendas para a empresa Comfiar. O relator, cinco auditores e o presidente puniram Moura com três anos. Os dirigentes Carlos Roberto de Oliveira, Cirus Itiberê da Cunha, Marco Aurélio Rodrigues e Laércio Polanski, da FPF e da Comfiar, continuaram com penas de 120 dias a dois anos de suspensão.

Com Moura punido, candidatos agora se alvoroçam

A confirmação do fim do reinado de Moura dá a largada oficial para a sucessão da Federação Paranaense de Futebol. Candidatos que até então mantinham-se reservados devem mostrar a  cara na corrida pelo cargo que teve um só dono desde 1985.

O presidente do Paraná Clube, José Carlos de Miranda, aparece como um dos nomes mais fortes. Antes de saber da decisão do STJD, o dirigente não descartava a idéia de comandar a FPF. ?Por que não? Há 30 anos a federação é presidida por atleticanos. Está na hora de um paranista. Recebi uma série de pedidos para entrar na disputa?, falou Miranda, que relutou em demonstrar entusiasmo antes de esgotados os recursos jurídicos de seu aliado Moura. O presidente tricolor, no entanto, diz que não seria o candidato do ex-chefe da FPF. ?Não somos amigos pessoais?, justificou.

A candidatura de Miranda, porém, depende da sucessão no Paraná Clube, no final do ano. O atual presidente paranista ainda luta nos bastidores das Vilas para poder concorrer a mais uma reeleição.

Outro ?pré-candidato? é o presidente de honra do J. Malucelli, Joel Malucelli, que em outras ocasiões já mostrara interesse. Joel tem bom trânsito nos três grandes clubes da capital e é considerado administrador de competência.

A sucessão deve ter ainda o dedo da CBF, que deseja um dirigente isento para conduzir a candidatura paranaense à Copa de 2014. Assim, ganha força o nome do presidente do Londrina, Peter Silva, alinhado com Ricardo Teixeira.

O governo do Estado também deve entrar no jogo e avalizar um nome – o atual presidente da Paraná Esporte, Ricardo Gomyde, já foi cogitado para o cargo, embora não tenha declarado oficialmente a intenção de ocupá-lo. O advogado Lourival Barão, auditor do TJD, também é um dos pré-candidatos.

Voltar ao topo