Serginho morre jogando e abala futebol do país

O zagueiro Serginho, do São Caetano de 30 anos, morreu na noite de ontem, em conseqüência de uma parada cárdio-respiratória sofrida durante a partida de sua equipe contra o São Paulo, no Morumbi, pela 38.ª rodada do Campeonato Brasileiro. O jogador desmaiou, chegou a receber atendimento médico ainda no gramado – inclusive com respiração boca-a-boca – mas em seguida foi levado ao Hospital São Luiz, onde morreu minutos depois. De acordo com a direção do hospital, o jogador deu entrada às 22h05 e às 22h45 foi declarado morto. Serginho deixa esposa e filhos.

O jogador se sentiu mal aos 14 minutos do segundo tempo. Ele estava em sua área, quando caiu, ao lado do atacante Grafite e bem perto do goleiro Silvio Luiz. Imediatamente, os colegas pediram para que o árbitro interrompesse o jogo e autorizasse a entrada de massagista e médico. Em instantes, a preocupação espalhou-se entre os demais atletas e chegou à arquibancada, com o público atônito e pressentindo que havia uma tragédia em campo.

Desmaiado, sem pulso, o zagueiro recebeu respiração boca-a-boca de Paulo Fortes, médico do São Caetano. O massagista também tentou reanimá-lo, com massagem cardíaca, assistido por seus colegas do São Paulo. “Ele estava sem pulso”, disse o médico José Sanchez, enquanto o jogador era colocado na maca e levado para a UTI móvel do Morumbi.

Antevendo que a situação do jogador era muito grave, os jogadores dos dois times se deram as mãos e formaram um círculo ainda no gramado, orando pela recuperação do colega. Depois de esperar por cerca de 15 minutos, o árbitro Cléber Abade decidiu suspender a partida, alegando que os jogadores não tinham mais condições psicológicas de atuar. Serginho teria chegado vivo ao hospital, foi entubado, mas não conseguiu ser reanimado.

A cena chocou o País, a começar pelos jogadores no Morumbi. Serginho ainda recebia tratamento e seus companheiros choravam, colocavam as mãos no rosto, erguiam os braços sobre a cabeça. Tristeza e solidariedade se misturavam. Muitos rezavam.

“Me assusto com o quadro clínico, espero que possa se recuperar”, falava o doutor José Sanches, emocionado, mas sem convicção. Como médico, previa o pior e mal conseguia segurar as lágrimas. “O quadro é crítico, mas tudo foi feito da melhor forma”, ponderou o superintendente do São Paulo, Marco Aurélio Cunha, também médico e que auxiliou no socorro de Serginho.

No placar do estádio, frase de apoio. “Serginho, oramos por você.” A torcida gritava o nome do zagueiro.

O público saiu em silêncio do Morumbi e a notícia se espalhou pelos outros sete estados onde havia jogos do Campeonato Brasileiro. Minuto de silêncio foi respeitado, nos estádios o público se emocionou e se despediu de Serginho com aplauso.

Jogo com Paraná adiado

O diretor-técnico da CBF, Virgilio Elisio, já cancelou a partida entre São Caetano e Paraná, inicialmente prevista para o próximo domingo, em São Paulo. Ele informou que será reprogramada pela entidade nas próximas horas.

Na mesma decisão, ele informou que a princípio, São Paulo e São Caetano jogarão os 31 minutos restantes da partida de ontem. Mas frisou que hoje se reunirá com o Departamento Jurídico da entidade para consultá-los sobre a melhor medida a ser tomada.

“Neste momento, afirmo que, por analogia, as duas equipes jogarão os minutos restantes. Digo analogia, porque este tipo de situação não está prevista no Regulamento Geral das Competições da CBF”, disse Elísio ao Estado. “Sendo assim, se o jogo tivesse sido interrompido no primeiro tempo, seria iniciada uma nova partida. Como parou depois do primeiro tempo e antes dos 30 minutos do segundo, acredito que o certo é jogar o tempo que falta. Se parasse após os 30 minutos da segunda etapa, o resultado seria mantido.”

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