Seleção Brasileira no ataque em Porto Alegre

Porto Alegre (AE) – Tudo o que a seleção brasileira não quer é chegar às rodadas finais das Eliminatórias Sul-Americanas precisando buscar pontos para garantir vaga no Mundial.

A última experiência, antes da Copa da Coréia e do Japão, não foi nada agradável. Carlos Alberto Parreira, assim, quer acabar de vez com o suspense e definir a classificação para a Alemanha-2006 hoje, às 16 horas, contra o Paraguai, no Beira-Rio, em Porto Alegre.

De acordo com seus cálculos, a vitória neste domingo vai garantir o time na Copa. "Estaremos praticamente classificados." Como disse o treinador, o Brasil ainda não vai estar assegurado na competição matematicamente, mas só ficará fora se milagres ocorrerem até o fim do ano.

A equipe tem 24 pontos e ocupa a segunda posição, atrás apenas da Argentina, já sem risco de não ir à Alemanha. Com o triunfo, a seleção de Parreira chegará a 27 e, na pior das hipóteses, mesmo que perca as últimas partidas, não se colocará abaixo do quarto lugar. Só Equador e Paraguai têm realmente possibilidades de ultrapassar o Brasil. Os quatro primeiros se classificam e o quinto disputa repescagem com o vencedor da Oceania. "Se vencermos, estaremos dentro e ganharemos moral para enfrentar a Argentina", declarou o lateral Cafu, que assistirá ao jogo das tribunas por estar suspenso. O substituto será Belletti.

Na teoria, o Brasil sai com os três pontos do Beira-Rio, que receberá lotação máxima – os 56 mil ingressos foram vendidos antecipadamente. O Paraguai tem seleção limitada e jogará pelo empate. O técnico Aníbal Ruiz escalará equipe extremamente defensiva e explorará os contra-ataques. Esse, aliás, é o único temor de Parreira, que escalará uma das formações mais ofensivas desde que voltou ao comando da seleção.

Kaká e Ronaldinho terão liberdade para armar e atacar, e Adriano e Robinho ficarão na frente para finalizar. Os laterais, Belletti e Roberto Carlos, também poderão avançar, um de cada vez. "O Paraguai vai vir muito fechado, precisaremos ter paciência e cuidado, caso contrário, poderemos ser surpreendidos", analisou Parreira. "O Paraguai não tem medo de dar chutão para o ataque e explorar a bola parada", acrescentou. "Mas a qualidade individual do Brasil deve fazer a diferença." A equipe, desde terça-feira reunida, fez somente um coletivo, e ruim, na tarde de sexta-feira, em Teresópolis.

A principal atração para o público será a presença dos dois melhores dribladores do futebol brasileiro – e talvez mundial -, Robinho e Ronaldinho, que começarão um jogo oficial juntos pela primeira vez. Os dois fizeram parceria no início do ano, em fevereiro, em amistoso vencido pelos brasileiros por 7 a 1 contra a seleção de Hong Kong, em Hong Kong.

E Ronaldo?

Uma das questões mais abordadas durante a semana de preparação foi sobre Ronaldo, que ganhou férias da comissão técnica, depois de ter pedido dispensa da Copa das Confederações. Tema que, aliás, ainda irrita Parreira. E se Robinho e Adriano forem bem, como achar lugar para encaixar Ronaldo? "Tomara que eles (Adriano e Robinho) arrebentem e depois eu resolvo o problema."

Robinho e Adriano ansiosos

Gilmar Ferreira

Teresópolis (AG) – A expectativa de ver o novo ataque da seleção é grande também para Robinho e Adriano. Os dois não escondem a ansiedade pelo início do jogo contra o Paraguai e nem mesmo a tímida atuação da dupla no coletivo de sexta diminuiu o otimismo. O Brasil viajou após o treinamento para a capital gaúcha e ontem fez o treino de reconhecimento no estádio Beira-Rio.

"Treino é treino e a rapaziada dá uma aliviada para evitar uma contusão de última hora. Espera só a hora do jogo", advertiu Robinho, que apesar do interesse do Real Madrid deve ficar no Santos até a Copa do Mundo. Hoje, o presidente do clube paulista, Marcelo Teixeira, declarou que ele não está à venda e ficará no clube até pelo menos metade de 2006.

É evidente que a falta de gols pode ser atenuada com um dado único e inquestionável: foi a primeira vez que a dupla treinou junta. "O Ronaldinho e o Kaká precisam se juntar mais aos atacantes e o Robinho tem que encostar um pouco mais no Adriano para as coisas funcionarem", explicou Parreira, dando um voto de confiança.

O fato de Robinho jogar um pouco mais afastado da área não assusta Adriano. Mais experiente (tem 23 anos), o atacante da Inter de Milão toma para si  a responsabilidade do entrosamento. "O Robinho gosta mais de sair da área para fazer as tabelas e eu vou procurar estar sempre junto dele para facilitar o entrosamento."

Adriano, que nas primeiras convocações tinha a utilidade questionada, ganhou seu espaço após as boas atuações na Copa América. A regularidade com a camisa de time de Milão consolidou na Europa a imagem do grandalhão revelado pelo Flamengo. Recentemente, Edmílson, do Barcelona, disse que Adriano é o atacante mais difícil de ser marcado na atualidade. Nos últimos quatro anos, passou de 85 para 94 quilos, aumentou consideravelmente sua massa muscular e aprendeu a fugir da marcação. "Finjo que me projeto na direção do marcador e fujo em direção à área", tentou explicar o atacante, que interessa ao Chelsea.

Enquanto Robinho e Adriano tentam mostrar serviço, Ronaldinho vive dias de estrela. Ele, Romário, Rivaldo e Ronaldo têm em comum o fato de ostentarem o título de melhor jogador do mundo com a camisa do Barcelona. Porém, um título em especial o dentuço gaúcho já tomou para si. É o ídolo mais simpático e acessível no universo verde-amarelo da seleção. "Sou o que eu sou. Estou feliz, realizado, jogo na seleção e sou tratado com carinho e respeito."

Eliminatórias da Copa do Mundo
Brasil x Paraguai

Brasil: Dida; Belletti, Roque Júnior, Lúcio e Roberto Carlos; Emerson, Zé Roberto, Kaká e Ronaldinho Gaúcho; Robinho e Adriano. Técnico: Carlos Alberto Parreira

Paraguai: Villar; Caniza, Manzur, Gamarra e Da Silva; Bonet, Ortiz, Paredes e Torres; Cabañas e Cardozo. Técnico: Aníbal Ruiz

Súmula
Local: Beira-Rio (Porto Alegre-RS)
Horário: 16h
Árbitro: Martin Vazquez (URU)
Assistentes: Fernando Cresci Fripp (URU) e Marcelo Costa (URU)

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