Ronaldo enfrenta Turquia ainda na base da superação

O atacante Ronaldo continuará realizando atividades específicas até readquirir a forma ideal. Ele reconheceu ontem que vai enfrentar a Turquia ainda sem estar em “ótimas” condições físicas. “Durante o jogo o que vai valer é o poder de superação”, disse. Ronaldo disse que cumpriu com sucesso o planejamento feito em conjunto com a comissão técnica nos últimos meses, visando à estréia do Brasil na Copa do Mundo.

Por causa de problemas musculares recentes e das duas cirurgias que sofreu no joelho direito nos últimos dois anos, Ronaldo precisou de um cuidado especial, individualizado, desde que se apresentou à seleção. “Nesses dias de fase de preparação, aprimorei o trabalho de explosão e de velocidade.” Sobre a Turquia e a provocação do zagueiro Alpay Ozalan – que chegou a dizer que não teria o menor problema em marcá-lo -, Ronaldo preferiu não alimentar polêmicas e até elogiou os adversários. “São jogadores técnicos, muito fortes no aspecto físico, com grande poder de marcação.” Para o jogador da Inter de Milão, os outros integrantes do grupo do Brasil, Costa Rica e China, têm uma característica em comum: a gana.

Depois de dificuldades de adaptação ao fuso horário (em Ulsan são 12 horas a mais que em Brasília), Ronaldo finalmente conseguiu ter noites de sono ininterruptas nos últimos dias.

Sobre a responsabilidade do Brasil no mundial, destacou que o fato de a equipe não ser apontada como grande favorita ajuda a tirar o “peso” de jogadores mais inexperientes e pode acabar sendo um trunfo. “Estamos mais tranqüilos que em 1998, quando vínhamos de um título e todo o mundo nos olhava como campeões de novo.” Ronaldo gostou de saber que a Fifa orientou os árbitros a agirem com mais rigor para coibir a violência. Disse que isso inibirá alguns zagueiros mais “afoitos”.

Acabou a chatice nos treinamentos

Os jogadores da seleção brasileira não sabem exatamente o que vão encontrar pela frente. Mas um consolo já está garantido. Os tediosos treinamentos físicos, execrados pela imensa maioria dos atletas, estão encerrados. O grupo entra a partir de agora, em uma fase de relaxamento. A idéia é fazer com que a musculatura, enrijecida pelo forte trabalho de condicionamento, solte-se aos poucos. Ao mesmo tempo, a performance atlética evolui proporcionalmente.

O trabalho começou quando a delegação ainda estava na Espanha, onde realizou a primeira etapa da fase de preparação. Em Barcelona, a comissão técnica, orientada pelo fisiologista Paulo Figueiredo, submeteu todos os atletas a exames de sangue e de força muscular. Diante dos resultados, desenvolveu um trabalho específico de condicionamento e fortalecimento para cada um dos jogadores. “O resultado disso foi que hoje o grupo está praticamente no mesmo nível de preparação”, explicou o preparador físico Paulo Paixão.

Apenas três atletas estão recebendo tratamento especial. De acordo com os resultados, o meia Kaká e o volante Gilberto Silva apresentaram dados inferiores à média do grupo. “Mas isso não se deve ao preparo deles, mas sim a uma série de detalhes, como estrutura muscular”, explicou o especialista. O outro é o atacante Ronaldo. Depois de ficar dois anos afastado do futebol, esforça-se para recuperar seu ritmo.

Pico

Paixão explicou que, de acordo com a programação de atividades definida pela comissão técnica, a seleção brasileira deve chegar ao máximo de sua condição física na partida diante da Costa Rica. “Nosso ápice vai ser atingido entre o segundo e o terceiro jogo”, afirmou. O preparador físico disse ainda que a manutenção de condição até o final da competição não vai ser um problema. “É preciso ver que, a partir da segunda fase, o intervalo entre os jogos é menor. Portanto, as próprias partidas servem como uma forma de manter a preparação.”

Já o técnico Luiz Felipe Scolari procurou analisar o treino sob outro aspecto. Para ele, o que mais chamou a atenção foi a reação do grupo. “Estou impressionado com a disposição deles (jogadores)”, observou. “Estão alegres e trabalhando muito forte.” (SB e WV)

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