Reinaldo quer virar presidente, para tirar o Galo da segundona

Belo Horizonte – Ao mesmo tempo em que a diretoria do Atlético-MG adota o silêncio em relação à iminente queda do time para a Série B do Campeonato Brasileiro, torcedores e representantes da oposição se mobilizam para cobrar profundas modificações no clube. Pelo menos dois movimentos surgiram nos últimos dias exigindo a renúncia do atual presidente Ricardo Guimarães e de seus vices, além da alteração do estatuto para permitir a participação dos associados na eleição de uma nova diretoria – atualmente, apenas os conselheiros têm direito a voto.

Um grupo intitulado ?Reação Atleticana? já conta com a adesão do maior ídolo do clube: Reinaldo. O ex-centroavante participaria na noite de ontem de uma reunião de lançamento do movimento em um hotel da capital mineira.

O virtual rebaixamento do Atlético deu novo estímulo às pretensões de Reinaldo de presidir o clube. Ele afirma que é preciso ?passar o Galo a limpo?. ?Eu coloco meu nome à disposição para sair candidato à presidência do Atlético. Eu não posso ficar omisso, de braços cruzados, vendo essa administração ridícula conduzir o Atlético?, afirmou o ex-jogador de 40 anos, que atualmente é vereador em Belo Horizonte.

A disposição de Reinaldo já havia sido manifestada em maio deste ano, após seis rodadas do Brasileirão, quando a equipe mineira passou a ocupar a zona de rebaixamento. Mas, com suas declarações, ele entrou em rota de colisão com o presidente Ricardo Guimarães e o presidente do Conselho Deliberativo do clube, Alexandre Kalil, ex-aliados que romperam e disputam o poder no clube.

?O Kalil é do grupo do Ricardo Guimarães. Não vejo diferença nenhuma. O Atlético tem de reunir todas as forças. Não pode ficar somente essa elite burguesa administrando o Galo?, atacou Reinaldo.

Um dos líderes do ?Reação Atleticana?, o engenheiro civil Luís F. Gramiscelli Tolentino, de 39 anos, cobra transparência da atual diretoria. Ele afirma que há ?indícios? de que a dívida do clube, cerca de R$ 150 milhões, segundo declarou recentemente Ricardo Guimarães, já está próxima dos R$ 200 milhões.

?Há sete anos, quando o Nélio Brant (ex-presidente) assumiu o clube a dívida era de R$ 27 milhões?, disse o engenheiro, ex-conselheiro e associado do clube, que participou de uma chapa derrotada nas últimas eleições. Segundo Luís Tolentino, alguns atuais conselheiros apóiam o movimento.

Desde a derrota em casa para o Goiás, por 2 a 1, no último domingo, os dirigentes do Atlético não são mais vistos no clube. A assessoria de imprensa informa que Ricardo Guimarães, ?por enquanto?, não pretende se pronunciar. Ele havia anunciado que iria deixar o cargo no final deste ano, antecipando sua saída, já que seu mandato termina no final de 2006. Kalil não foi localizado pela reportagem.

Folga

Ontem foi dia de folga geral no Atlético. A assessoria do clube disse que a comissão técnica decidiu dispensar os jogadores dos treinamentos devido ao desgaste da competição.

Pelos cálculos de matemáticos, o Atlético tem 99% de chance de cair para a segunda divisão e só escapa do rebaixamento se vencer os cinco jogos restantes. Façanha que alcançou pela última vez há oito anos, no Brasileiro de 1997, quando era dirigido pelo técnico Emerson Leão.

Numa tentativa desesperada de evitar o rebaixamento do time, torcedores impetraram na Justiça comum de Minas Gerais dois pedidos de liminares solicitando a anulação do campeonato nacional por causa da manipulação de resultados pelo árbitro Edílson Pereira de Carvalho. Os pedidos, porém, foram indeferidos por magistrados da 5.ª e da 16.ª varas do Fórum Lafayette.

Mas os torcedores ainda poderão recorrer.

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