Reginaldo Nascimento faz balanço e vê Coxa no rumo

Reginaldo Nascimento é o capitão do Coritiba e símbolo da boa fase que o clube viveu entre 2003 e 2004.

Além disso, o volante tornou-se o único remanescente deste período – Fernando, outro que passou todo este tempo como titular, está de malas prontas para Portugal. Assim, poucos dentro do clube (mesmo dirigentes e membros da comissão técnica) podem avaliar o momento alviverde como ele.

E, aos 30 anos, ele vive um período de maior conscientização, fruto da liderança assumida no elenco, das relações mais próximas com os dirigentes e de uma visão diferente do mundo. Principalmente do preconceito racial, que ainda existe e o preocupa – Reginaldo Nascimento usa a pulseira da campanha contra a discriminação lançada na Europa. Nesta entrevista ao Paraná-Online, o capitão coxa fala sobre estes assuntos e dá um depoimento inédito sobre o racismo.

Paraná-Online – Você está usando a pulseira da campanha contra o racismo. Neste ano tivemos muitas situações que passaram o limite do bom senso. Esta campanha chega na hora certa?
Reginaldo Nascimento – Eu acho que chegou um pouco tarde. O futebol sempre foi citado como o esporte que une as raças, acaba com as guerras…

Paraná-Online – Ainda mais aqui no Brasil.
Reginaldo Nascimento – A gente já tinha sofrido alguma coisa. Mas quando fica escancarado é que existe a polêmica. Existe um preconceito e ele era um pouco mascarado. Agora não, tem atingido atletas de alto escalão, os jogadores melhores do mundo. E aí vem a campanha, que veio tarde mas era necessária. Eu só lamento porque sempre se pregou no futebol esta unidade de raças e o povo brasileiro está esquecendo isto, adotando esta moda horrível que vem de fora. Fico triste pelo que passamos aqui e pelo que acontece lá fora. Na Alemanha, diminuiu muito porque há negros defendendo a seleção. E há países que não aceitam isso, talvez porque não têm negros em suas seleções.

Paraná-Online – Como foi este período de interrupção do brasileiro?
Reginaldo Nascimento – São semanas muito importantes para a gente ver que está no caminho certo. E podemos aproveitar para corrigir o que nós erramos.

Paraná-Online – Como você avalia o Coritiba nesta temporada?
Reginaldo Nascimento – Eu tenho plena certeza que este ano vai ser legal. Mesmo porque a gente sente que o espírito do grupo está pra cima. Todos que vieram nesta temporada estão ajudando. Tudo isso faz acreditar que o que vem pela frente será melhor que no primeiro semestre.

Paraná-Online – E o contato com o Cuca nas primeiras semanas?
Reginaldo Nascimento – É um trabalho muito bom. Ele pegou algumas coisas que o professor (Antônio) Lopes deixou, acrescentou suas idéias e tem nos motivado a jogar muito mais para frente. E o grupo, por ter um campo muito mais rápido agora, está se acostumando a jogar no ataque. E na defesa nós aumentamos a responsabilidade na marcação. E ficamos felizes porque já se vê resultados e a expectativa de que podemos melhorar ainda mais.

Paraná-Online – E como os jogadores se adaptaram à mudança de filosofia de jogo?
Reginaldo Nascimento – Mudamos a característica. Éramos uma equipe de muita marcação e agora temos que jogar com responsabilidade, mas no ataque. Muda-se um pouco, mas nada demais. E o jogador é condicionado a fazer algumas coisas. Então, treinando e condicionando o grupo, não há problemas.

Caio chegou para reforçar

Finalmente ele realizou um sonho – dele e do Coritiba. O meio-campista Caio foi apresentado ontem no CT da Graciosa e já se entrosou rapidamente no discurso alviverde, principalmente em relação ao clássico de domingo contra o Paraná, clube que o revelou para o futebol brasileiro, em 2003. Empolgado, o jogador espera atuar já na rodada seguinte do brasileiro, contra o Goiás.

Caio sabe que o ‘namoro’ era antigo. "Sei que o Coritiba tinha interesse em mim há um bom tempo, mas só agora deu certo", comenta ele. E mesmo agora não foi fácil, já que o Ituano – dono de 50% de seus direitos -tentou atravessar o negócio.

Ele garante estar satisfeito com o desfecho do negócio. "Estou feliz por voltar a jogar, de estar em uma cidade que eu gosto muito e de finalmente atuar no Coritiba. Já estive perto de jogar aqui", lembra Caio, citando principalmente o caso do início deste ano, quando chegou a treinar no CT da Graciosa e acabou, por causa de um litígio judicial, não podendo acertar com o Cori, indo parar no Flamengo.

E Caio já faz planos para o brasileiro no Alto da Glória. "Eu acompanhei algumas partidas, e vi que o time está bem. Por isso, estou muito confiante, acredito que o Coritiba pode pensar em ser um dos primeiros do campeonato", comenta o jogador, que quer ajudar o Coxa a conquistar uma vaga na Copa Libertadores.

O armador espera estar em campo contra o Goiás, mas no domingo ficará na torcida, justamente contra seu ex-clube.

Versátil

Caio é mais uma opção para Cuca, tanto pelo meio quanto para o ataque. "Eu joguei mais na frente no Paraná, com o Renaldo", relembra o jogador. "Ele é um atleta versátil, que vai nos ajudar muito nesta temporada", reconhece o técnico alviverde.

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