Protesto da torcida do Atlético divide opiniões

O jogo festivo contra os norte-americanos foi escolhido pela organizada para mostrar mais uma vez seu descontentamento com a diretoria do Furacão, em especial com o presidente do conselho deliberativo, Mário Celso Petraglia. Após vaiarem o hino dos Estados Unidos e virarem as costas para o gramado, os integrantes da TOF abandonaram o estádio minutos após o início do segundo jogo da noite da quarta-feira na Baixada.

Os Fanáticos estavam na bronca desta vez, pela utilização do time titular no amistoso, enquanto os reservas foram escalados para enfrentar o Cianorte pelo Paranaense.

?Não concordamos de maneira nenhuma com isso. O campeonato oficial não pode ser abandonado por causa de um amistoso que atende a interesses pessoais do Petraglia?, explicou Juliano Rodrigues, vice-presidente da TOF. O time B do Atlético venceu (3 a 0) o Cianorte, e classificou o clube para a 2.ª fase do Estadual.

A organizada vê a parceria com o Dallas como uma causa pessoal de Petraglia, que não traria nenhum benefício ao clube. Nota oficial divulgada ontem pela TOF classifica o jogo com os americanos de ?amistoso meramente comercial?.

O outro lado

A direção do Atlético diz que não há fundamento nenhum nas críticas. ?É um absurdo. Já foram expostos todos os benefícios que o clube terá com essa parceria, que abrange diversos setores?, rebate o diretor de marketing do Furacão, Mauro Holzmann.

Petraglia, que foi novamente xingado pelos membros da TOF, lamentou a atitude. ?Quero agradecer pelo comportamento dos verdadeiros atleticanos, que torcem pelo sucesso da marca do clube e não da torcida. Lamento pela má educação de alguns em relação a um parceiro nosso, de uma instituição que tem assinado uma parceria de troca de tecnologia, conhecimento e mercado conosco?, afirmou.

Lemas de um lado e de outro. Quem perde?

?Os verdadeiros atleticanos.? A expressão tornou-se chavão na Baixada nos últimos anos. Na briga entre organizada e diretoria, ambos os lados dizem contar com o apoio dos ?legítimos? rubro-negros. ?O torcedor de verdade, que hoje não pode assistir aos jogos, está do nosso lado?, acredita o presidente da TOF, Júlio César Sobotta, o Julião.

A declaração mostra bem onde está o centro da disputa. Muito mais do que o desacordo com a parceria com o Dallas, a briga é pelo preço do ingresso cobrado na Baixada – R$ 30 e R$ 40. ?Não brigamos pela torcida, mas pela família atleticana. Pelo povão que hoje não pode ir aos jogos?, afirma Julião.

Mas a posição da TOF está longe de ser unanimidade entre a torcida rubro-negra. Ao contrário, a atitude da organizada no duelo com o Dallas foi contesta e vaiada por grande parte do estádio. ?Não esquentamos a cabeça com isso. Esses são torcedores da moda, a geração da Arena. Os mesmos que nos vaiaram, nunca incentivam o Atlético o tempo todo, como nós?, dispara o presidente da organizada.

Pegou pesado – Porém, mesmo entre os simpatizantes e sócios da TOF os protestos no jogo com os americanos causaram polêmica. ?Sou sócio da Torcida Os Fanáticos, carteirinha n.º 17.528. Fiquei bastante triste com a forma como a torcida protestou. Foi um nítido exagero?, escreveu o atleticano Ricardo Campelo, em sua coluna no site Furacao.com.

Julião garante que a organizada respeita os descontentes. ?Aceitamos as críticas. Até a galera aqui dentro ficou meio dividida. Mas quem pega pesado mesmo é o ?dono? do Atlético, ao cobrar esses preços absurdos?, contesta.

A união nos fortalece – Quem espera por uma ?guerra civil? na Baixada após tanto fogo cruzado pode ficar tranqüilo. O presidente da TOF, diz que os protestos não continuarão. ?Vamos dar apoio total ao Atlético, em todos os jogos, como fazemos há 30 anos?, garante Julião.

A diretoria do Atlético espera que a promessa seja cumprida. ?Queremos que todos venham aqui para se divertir e torcer. Quem não quiser pode ir embora?, diz Mauro Holzmann.

O que o ?episódio Dallas? deixa claro é que só o Atlético tem a perder se a postura de ambas as partes for focada no radicalismo. É consenso entre quase todos os rubro-negros que o Furacão fica mais fraco sem o apoio da ?Caveira?. E que Os Fanáticos não têm razão de existir afastados do Rubro-Negro. A maior lição esteja, talvez, num antigo lema da própria TOF: ?O Atlético nos une. A união nos fortalece.?

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