Emoção à flor da pele

Promessa não cumprida leva jogador do Paraná ao choro

Faz muito tempo que o torcedor do Paraná Clube sonha com uma capa de jornal ou uma manchete que exalte apenas uma grande vitória. Alternadas com derrotas e tropeços, os bons resultados precisam dividir o espaço dos títulos das reportagens com problemas financeiros que parecem não ter fim. A boa vitória contra o Vila Nova, sábado na Vila Capanema, poderia ser exaltada por diversos fatores: bom público, ótimo futebol apresentado, gols do Thiago Alves (fez dois na vitória por 3×1) e mais uma vez o trabalho tático de Claudinei Oliveira. Mas foram as entrevistas pós jogo que voltaram a roubar a cena.

Uma delas, em especial, merece a atenção. Com experiência e passagens por diversos clubes do futebol brasileiro e também do exterior, o zagueiro Gustavo é um líder dentro do elenco paranista. Ao final do jogo, em desabafo, chorou. Chorou como tantos torcedores já fizeram, mas o pranto do defensor veio carregado de mágoa e angústia. Um choro de quem já não acredita nos homens, mas confia na bela essência do futebol para continuar a ter esperanças. “Até hoje a gente tenta da melhor forma não passar os problemas pra fora. Tenta resolver da melhor forma. Só que a diretoria para mim perdeu a credibilidade com o grupo. É uma situação insustentável. Mas somos profissionais, a gente honra a camisa e tem identificação grande com o Paraná. Vamos fazer por nós, pela nossa família, pelo torcedor”, desabafou.

O discurso foi unificado ao longo de toda a temporada. Tendo que administrar meses de 210 dias (alguns jogadores, especialmente os de salários maiores e já estabelecidos financeiramente, estão sem receber há sete meses) os jogadores chegaram ao ponto de pedir para a diretoria não mais prometer pagar os salários.

Os mais experientes estão sendo determinantes para segurar a onda da piazada. Lúcio Flávio, por exemplo, tem uma longa ficha de serviços prestados ao Tricolor. Para ele, o profissionalismo tem que prevalecer e os mais jovens precisam passar por isso mais fortes. “O atleta tem que ter isso (profissionalismo), independente da situação. Quando é contratado, precisa dar o melhor, respeitar a camisa que veste. A maioria do grupo pensa assim e por isso estamos de pé e firmes para continuar”.

O jovem Alisson, uma das revelações do time na temporada, não deixa os companheiros sozinhos. Com personalidade, admite as dificuldades. “Incomoda, né (os atrasos)? Sabemos da situação do clube, mas a gente procura fazer o melhor durante a semana, mesmo com salários atrasados. Damos o melhor para honrar o Paraná e sua torcida”, concluiu.

O empate do Oeste com o Avaí deu alívio ao Tricolor, que começa a semana fora da zona do rebaixamento. O próximo passo é a diretoria pagar parte do que deve aos seus funcionários.

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