Projeto clube-empresa do Coxa pára por seis meses

O sonho ficou adiado, pelo menos por seis meses. A diretoria do Coritiba ainda não conseguiu emplacar a sua oferta pública de ações na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o que implica no adiamento do projeto Coritiba S/A. E a dificuldade de se acertar com a entidade reguladora do mercado financeiro vai forçar o clube a investir menos do que se previa até o final do ano e em 2004.

Segundo o presidente Giovani Gionédis, a discussão com a CVM passou a ser ?doutrinária?. “Não é uma discussão técnica. Eles entendem que o futebol não é sério, e que os clubes vão dar calote nos investidores”, afirma. Hoje, inclusive, o Cori entrega à comissão mais documentos, partindo para a garantia da honestidade do clube. “O Coritiba tem responsabilidade, tanto que antes da nova legislação do esporte já estava mudando sua estrutura”, explica o presidente.

Mesmo assim, o tempo agora é adversário alviverde. “Essa definição demora de seis a sete meses para acontecer”, diz o dirigente coxa. Isso obriga o Cori a rever seus planos até o fim da temporada, brecando os investimentos que vinham sendo feitos. “Vamos rever alguns conceitos. Só vamos manter o que é obrigatório pelo Estatuto do Torcedor”, confessa Gionédis, com uma ponta de mágoa com o atraso da S/A.

E até as reformas obrigatórias do Couto Pereira terão que ganhar parceiros externos. “A construção dos banheiros já está sendo feita com a ajuda da iniciativa privada. Teremos que encontrar outras parcerias para nos ajudar”, explica o presidente coxa. Para o ano que vem, já se prevê maiores reduções no orçamento. “Vamos pensar em outras alternativas para buscar recursos. O clube precisa andar pelas próprias pernas”, avisa. Não se descarta a venda de jogadores ao final do ano.

O que Gionédis garante que não quer ver é o Coritiba buscando empréstimos em bancos ou com abonados conselheiros. “Desde que assumi o clube não fizemos um empréstimo bancário sequer, muito menos pedimos ajuda a conselheiros. Isso não se faz mais no clube, porque temos que conseguir receitas de projetos viáveis. E nós estamos conseguindo fazer uma boa campanha no futebol com responsabilidade e criatividade”, explica.

Só que não fale com o presidente sobre as dívidas das gestões anteriores – ele confessou que se aproximam de R$ 50 milhões. Nos últimos dias, ele partiu para o ataque contra as críticas que o clube recebeu. “Não quero mais falar sobre isso, não vou polemizar. Só não admito que falem que a S/A foi criada para dar um golpe nos credores. Queremos criar uma nova receita, e com o que obtivermos de lucro pagar o que o clube deve”, garante.

Ele acredita que a oposição do clube esteja aproveitando casos como a da penhora de parte da cota de TV (para pagar dívida com o Caxias) para iniciar a discussão sucessória – o mandato de Gionédis termina em dezembro. “Não vou cair no engodo dos opositores. Mas não vou deixar falarem mal do que está sendo feito no Coritiba. Eles não entendem que o Coritiba S/A é maior que as dívidas. É um projeto financeiro para mudar a história do clube”, finaliza.

Cléber e real empurram dívida para R$ 50 milhões

A dívida do Coritiba, segundo o presidente Giovani Gionédis, é de cinqüenta milhões de reais. E esse valor é apenas a soma de vários problemas acumulados nos últimos anos, quando a falta de continuidade no comando agravou a crise. E, é claro, o Cori levou um tombo com a recessão e a desvalorização do real, como qualquer empresa.

Para quem não acompanha economia a fundo, pode até parecer surpresa o fato do Coritiba ter se complicado por causa da desvalorização do real, que se acentuou a partir de 98. Mas o clube tinha dívidas em dólar, e elas explodiram por causa do preço da moeda americana. A mais famosa delas era a de Cléber, comprado naquele ano junto ao Mérida por US$ 2,5 milhões.

Depois, a turbulência econômica piorou a já frágil sustentação financeira alviverde. Forçado a pagar dívidas e manter o futebol (além da estrutura física), o Coritiba acumulou empréstimos bancários, tendo que colocar o CT da Graciosa como garantia ao Bradesco. Falta de pagamentos e negociações atribuladas fizeram o clube ser ameaçado de suspensão pela FIFA.

E alguns pagamentos que o Cori tem que fazer dão conta da situação. O clube paga mensalmente parcelas da dívida referente à negociação de Mozart; as pendências junto aos bancos foram equalizadas, mas comprometem quase metade do faturamento mensal do clube; e uma negociação envolvendo Brandão fez o clube perder R$ 100 mil de sua cota da TV. São problemas que se acumulam, mas que não fazem o presidente coxa esmorecer. “Eu gosto de desafios. Minha vida foi sempre assim, e quero sanar os problemas do Coritiba”, promete Gionédis.

Mexida na zaga

Quando se esperava uma modificação, acontece outra. A grande novidade do Coritiba no coletivo de ontem, realizado no Couto Pereira, foi a entrada de Odvan na defesa, no lugar de Danilo. Dois problemas podem atrapalhar o zagueiro: uma gripe que o impediu de treinar nos últimos dias, e o fato de estar com dois cartões amarelos.

A gripe, por enquanto, já abriu caminho para a entrada de Odvan. Ele, que veio com status de titular, treinou bem e diz estar pronto para jogar. Só que o departamento médico ainda tenta recuperar Danilo, que se estiver bem joga no sábado. “Vamos dar mais um tempo para o Danilo melhorar”, afirma o médico Walmir Sampaio.

Voltar ao topo