Primeiro teste mostra Coxa com muito a corrigir

Claro que não foi o que se esperava. A primeira movimentação do Coritiba contra um adversário mais forte mostrou as dificuldades que o time ainda tem que superar para chegar à estréia do campeonato paranaense, que passou do dia 21 para o dia 22, contra o Iraty. O técnico Antônio Lopes admitiu os erros, mas valorizou a recuperação do time, que venceu o jogo-treino contra o Rio Branco por 3×2, ontem, no Couto Pereira.

A equipe voltou a ser montada no 3-5-2 após vários treinos. Mas, para surpresa de quem acompanha os trabalhos – e dos mais de mil torcedores que foram ao Alto da Glória -, era Reginaldo Nascimento quem atuava na sobra. “Ele é um líder, um jogador inteligente e que foi bem na função”, elogiou o treinador. “Eu não sabia que ia jogar por ali. Fiquei sabendo ontem (quarta)”, comenta o capitão alviverde.

A formação do Cori foi a seguinte: Fernando; Danilo, Reginaldo Nascimento e Nivaldo; Roberto Brum, Reginaldo Araújo, Adriano, Luís Carlos Capixaba e Eder; Luís Mário e André Nunes. Nos primeiros minutos do trabalho, ficou claro o pedido expresso de Lopes – extrema movimentação e troca constante de posições. Adriano e Araújo chegavam a inverter seus lados de jogo, enquanto Eder e Capixaba partiam pelas pontas.

Como todo esquema que está sendo implantado, vez ou outra tudo ficava embaralhado. Embolado, o time passou a sofrer ante a marcação do Rio Branco – que exagerou nas faltas, 32 apenas no primeiro tempo, irritando Antônio Lopes e os jogadores. “Eles bateram muito”, resumiu Luís Mário. Errando muito, o Cori acabou sofrendo o primeiro gol: Araújo e Danilo falharam, Negreiros tentou mas quem fez foi Luís Sabiá.

O empate veio na cobrança de falta do melhor em campo: Eder teve a ajuda da defesa, que desviou o arremate e enganou Rodrigo. O armador conseguia aparecer nas principais jogadas ofensivas do Cori, principalmente quando Luís Mário se aproximava. Na metade do primeiro tempo, Adriano deixou o campo com dores musculares, dando lugar a Lira.

Mas o time não se acertava por inteiro. Só que os torcedores não tinham paciência e ainda na primeira etapa começaram a reclamar do time e vaiar Reginaldo Araújo. Na última jogada, Júnior Gaúcho marcou o segundo do Leão da Estradinha.

No intervalo, Lopes desceu das tribunas (de onde assistiu todo o jogo) para cobrar dos jogadores. O time respondeu e voltou mais forte. Luís Mário apareceu mais, jogando pela direita – e levantando a torcida, sequiosa de bons lances. Em outra falta, o Cori empatou com Lira, em ótima cobrança.

A virada veio com o time reserva, que treinou no 4-4-2: Douglas; Tesser, Juninho, Nivaldo e Lira; Ataliba, Pepo, Rodrigo Batata e Alexandre Fávaro; Ângelo e Ricardo Malzoni. Em rápida jogada, Rodrigo sofreu pênalti que o “Príncipe” cobrou, dando números finais ao trabalho. “O importante é que a equipe rendeu bem, apesar de ainda algumas coisas precisarem ser corrigidas”, resumiu Antônio Lopes.

Reginaldo Araújo continua prestigiado

Chega a ser cruel. Reginaldo Araújo foi alvo de vaias em boa parte do jogo-treino de ontem – e possivelmente essas vaias foram o estopim para uma altercação entre torcedores durante o trabalho, que chegou a obrigar o lateral Adriano e o goleiro Júnior a terem que acalmar os ânimos. Ele estava visivelmente chateado ao final do treino, mas levou tudo com a sua costumeira tranqüilidade.

Mas o lateral-direito não gostou de ouvir perguntas sobre a cobrança que recebeu. “Isso é você que vê. Hoje (ontem) a gente fez um treino, era só isso”, comentou. Mesmo com os aplausos quando descia para os vestiários, o que ficava para quem esteve no Couto Pereira era o exagero de alguns torcedores, que não deixaram Araújo em paz durantetodo o jogo.

Mas a força do lateral ainda permanece. A diretoria do Coritiba teria recebido uma proposta do Atlético-MG, treinado por Paulo Bonamigo. Caso isso aconteça, será necessária a contratação de dois jogadores para a posição (Tesser também pode deixar o clube). Um deles é Alemão, que vem do Cruzeiro – o outro seria Neném, que defendeu o Santos no Brasileiro do ano passado.

Reforços têm um bom desempenho na “estréia”

Os olhos dos torcedores, dos cronistas e até dos dirigentes do Coritiba estavam voltados basicamente para três jogadores: Luís Carlos Capixaba, Eder e Luís Mário. Os reforços que entraram em campo foram os mais procurados antes e depois do treino, e cada um – a seu jeito -mostrou a que veio quando foi contratado pelo Coxa. A seguir, uma avaliação da Tribuna sobre a atuação da trinca.

Luís Carlos Capixaba

O volante atuou como na maioria dos trabalhos da temporada -pela direita, revezando-se no apoio com Reginaldo Araújo. No que planejou Antônio Lopes, Capixaba cumpriu as orientações à risca, sem no entanto aparecer para a torcida. Esse, por sinal, será seu resumo no Alto da Glória: um meio-campista discreto, mas extremamente eficiente. Já pode ser considerado titular absoluto, seja no meio, seja na ala-direita.

Eder

É o destaque dos treinos desde que chegou ao clube. Para quem viria para ser avaliado, é um feito e tanto, principalmente comparado a jogadores de mais ‘nome’ que ele. O armador é rápido, trabalha por todo o campo (o chamado “motorzinho”) e ainda é bom cobrador de faltas. Como ele mesmo vem dizendo, o seu objetivo é provar que o Coritiba não precisa mais contratar um meio-campista. Por enquanto ele vai comprovando isso em campo.

Luís Mário

Um atacante que está entre os melhores do país. Movimenta-se muito, não foge do jogo e, principalmente, dedica-se todo o tempo. Os torcedores festejaram as grandes jogadas, aprovaram sua velocidade (mesmo que ainda esteja fora de forma) e comemoraram o fato dele ter, no futuro, Aristizábal como companheiro de ataque.

Preparação física puxada deixou “pernas travadas”

“Travado”. A palavra tem vários significados, inclusive os mais duvidosos ou impertinentes. Mas, para os jogadores do Coritiba, “travadas” estavam as pernas, depois de forte preparação física. Segundo o time que atuou por sessenta minutos no jogo-treino de ontem, ainda há muito para evoluir e essa melhora será natural.

Luís Mário não negou que sentiu a falta de ritmo. “Particularmente, chegou uma hora em que eu cansei. A gente fez poucos trabalhos com bola e era natural que ficasse travado”, confessou o atacante, jogador mais esperado pelos torcedores no Alto da Glória. “Esse é o período de trabalho forte e a gente vai melhorar”, completou o volante Roberto Brum.

Para Eder, o melhor do treino, o importante é ajustar o time a cada trabalho. “Nas próximas partidas, o rendimento será melhor”, disse o meia, que gostou muito do que fez em campo. “Eu estou fazendo o meu máximo para mostrar que tenho espaço no Coritiba”, afirmou, garantindo que não será necessária a vinda de mais um meia para reforçar o Coxa.

Antônio Lopes deixou claro que o mais importante era testar o time. “A gente enfrentou um time que jogou pesado, fez muitas faltas, mas é normal, vamos enfrentar isso na Libertadores”, explicou o treinador coxa, que sabe que terá mais opções a partir de segunda, quando Aristizábal chegar. “Vamos estudar ainda, vamos trabalhar”, resumiu.

Por sinal, a chegada do colombiano animou os novos companheiros. “O Lopes está pensando em novas formações com o Ari”, contou o capitão Reginaldo Nascimento. “É muito bom contar com um jogador da qualidade dele no elenco. Espero que ele chegue logo, e que a gente possa treinar e adquirir rapidamente o entrosamento necessário para a disputa da Libertadores”, finalizou Luís Mário.

Tranqüilo

O presidente Giovani Gionédis, que acompanhou o treino das cadeiras, anunciou que a chegada de Aristizábal terá procedimento especial. O avião que trará o atacante (que será ciceroneado pelo vice-presidente Domingos Moro) chega a Curitiba às 10h10 de segunda, sendo recebido por torcedores e dirigentes. Às 15h, no Couto Pereira, será feira a apresentação oficial do jogador.

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