Pra Ricardinho, a partida contra a Bolívia não define o grupo

Teresópolis – O meia Ricardinho não considera a partida de amanhã, do Brasil com a Bolívia, como decisiva para sua permanência na seleção. Ele já está escalado para começar o jogo. ?Nosso comercial é nosso trabalho?, disse, para desconsiderar a hipótese de que o técnico Carlos Alberto Parreira vai eliminar nas próximas horas suas últimas dúvidas com relação aos convocados para a Copa do Mundo de 2006.

?Vai ser mais um jogo oficial da seleção, pelas eliminatórias de um mundial. Aqui os objetivos são os mesmos.? Ele não acredita numa divisão do grupo com relação à importância dos dois últimos confrontos da seleção no torneio classificatório. Para alguns, como Roberto Carlos, Ronaldo e Ronaldinho Gaúcho, a seleção já fez o dever de casa, assegurando com antecedência a vaga para a Copa da Alemanha.

?Todo jogo da seleção significa cobrança, repercussão. Independentemente de vaga garantida, o Brasil tem que vencer Bolívia e, depois, Venezuela.? Ricardinho nunca atuou em La Paz, a 3.600 metros de altitude. Mas já teve experiências em Quito (2.900 metros acima do nível do mar).

?Existe um desconforto, mas como a previsão é de chegarmos a La Paz poucas horas antes da partida, os efeitos da altitude podem ser minimizados.? A última vez em que atuou como titular foi em 17 de agosto, num amistoso contra a Croácia, no país europeu. Ricardinho se destacou e marcou o gol de empate numa bela cobrança de falta. O jogo terminou 1 a 1.

Parreira anuncia time titular

Depois de poupar os principais jogadores da seleção brasileira, Carlos Alberto Parreira confirmou ontem o time titular para o jogo contra a Bolívia, amanhã, em La Paz, pelas Eliminatórias. Como o Brasil já está classificado para a Copa de 2006, o treinador vai aproveitar essa partida para observar alguns atletas para poder formar o grupo que vai ao Mundial da Alemanha.

Dida, Cafu, Roberto Carlos, Juan, Emerson, Kaká, Ronaldinho Gaúcho e Ronaldo foram os jogadores poupados por Parreira. Assim, a seleção vai jogar em La Paz com o seguinte time: Júlio César; Cicinho, Luisão, Roque Júnior e Gilberto; Gilberto Silva, Renato, Juninho Pernambucano e Ricardinho; Robinho e Adriano.

Mas os oito jogadores poupados têm retorno garantido ao time na partida da próxima quarta-feira, contra a Venezuela, em Belém, quando o Brasil encerra sua participação nas Eliminatórias. ?Com a Bolívia é o jogo que você pode aproveitar para fazer observações?, explicou Parreira.

Apesar disso, além da altitude de La Paz, Parreira quer a vitória na Bolívia para continuar na luta pelo primeiro lugar das Eliminatórias – o Brasil está apenas 1 ponto atrás da líder Argentina. ?Nós vamos jogar para ganhar. Ainda não perdemos a esperança de terminamos em primeiro e para isso, precisamos vencer os dois jogos?, afirmou o treinador da seleção brasileira.

Seleção faz coletivo ?invisível? na Granja Comary

Um intenso nevoeiro atrapalhou o coletivo mais atípico da história recente da Seleção Brasileira. Silhuetas à distância impediam a identificação dos atletas que vestiam coletes azuis e dos que usavam o de cor alaranjada. Pouco antes de o treino começar, na Granja Comary, o técnico Carlos Alberto Parreira e seu assistente Jairo Leal praticamente desapareceram no centro do gramado. O mais inusitado, porém, foi ver em ação entre os reservas uma equipe formada pelos pentacampeões mundiais Ronaldo, Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Roberto Carlos e Cafu.

Eles não foram relacionados para a partida de domingo, contra a Bolívia, em La Paz. O coletivo terminou com a vitória por 2 a 0 do time já confirmado para enfrentar o último colocado das eliminatórias do Mundial. Juninho Pernambucano e Robinho fizeram os gols. A atividade pode ter servido como uma pista de que há uma leve preferência do técnico por Ricardinho e Gilberto, que iniciaram o treino como titulares. Eles estão numa disputa direta de vagas para o Mundial com Alex e Gustavo Nery, aproveitados no time azul nos 30 minutos finais do coletivo.

Parreira também trocou, durante a movimentação, Renato por Júlio Baptista, e disse que vai fazer três alterações no decorrer da partida contra a Bolívia, dando a entender que gostaria de repetir as efetuadas nesta sexta. ?Vai ser um jogo para observações.?

O treino sofreu atraso de quase uma hora. Parreira já havia decidido realizar um trabalho técnico, ao perceber que o nevoeiro demoraria a deixar a concentração da seleção. Aos poucos, a visibilidade melhorou e ele então voltou atrás. Mas logo no início do coletivo, a névoa mudou de rumo e ocupou toda a área da Granja Comary.

Mesmo assim, a bola continuou rolando. E então começaram as jogadas que provocavam risadas dos torcedores. Num lance de contra-ataque, Adriano pediu que Juninho lhe acionasse. ?Vai Juninho, dá, dá.? O meia até ouviu o apelo do colega, mas parecia não enxergá-lo. Demorou a dar o passe e perdeu a oportunidade. Depois, Juninho admitiu a dificuldade. ?Eu ouvia a voz dele, mas não via.?

Robinho, um dos mais acionados, chegou a dar um chute em vão, errando o ?tempo da bola?. No time reserva, o goleiro era Gomes. Mas um repórter de uma emissora de TV européia só descobriu isso na metade do coletivo. Teve até quem tentasse uma tabela com Parreira, como o zagueiro Luisão. O técnico foi rápido. ?Não estou jogando.? Adriano, sem marcação, chutou a bola na trave. Robinho também.

Do outro lado do campo, Zagallo só era notado por quem estava a seu lado. Ele teve bom humor para comentar o clima que cercou o coletivo. ?Foi um treino invisível.? Invisível ou secreto, outra definição de Zagallo, o coletivo teve muitos passes errados e finalizações ruins. Numa cobrança de escanteio, vários jogadores puxaram a camisa ou o calção dos adversários, mas Parreira, de longe, com o apito nas mãos, não assinalou a falta.

No final de 57 minutos de atividade, apenas uma certeza: o time misto do Brasil para enfrentar a Bolívia terá somente um verdadeiro titular: Adriano. ?Queria saber qual a opinião dos comentaristas sobre o coletivo. Eles não viram nada?, comentou Zagallo.

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