Pirlo terá adeus especial à seleção italiana no Brasil

O torcedor brasileiro terá o privilégio de ver de perto os últimos jogos de Pirlo com a camisa da Itália, porque ele está decidido a encerrar sua trajetória na seleção nesta Copa do Mundo – diz que é hora de abrir espaço para os mais novos. E o craque italiano também se diz privilegiado, porque disputar um Mundial no Brasil é, aos 35 anos, a realização de um sonho.

“Todo menino sonha em jogar uma Copa quando crescer. E jogar uma no Brasil, o País dos grandes craques e da grande paixão pelo futebol, é o máximo. Estou muito feliz por ter a sorte de estar aqui.”

Jogar no Brasil traz para Pirlo uma das melhores recordações de sua carreira, segundo suas próprias palavras. Ano passado, na estreia na Copa das Confederações, ele foi ovacionado ao entrar em campo no Maracanã para enfrentar o México, ouviu o público gritar seu nome, pedindo para que batesse uma falta e fez o estádio explodir quando a cobrou e colocou a bola no ângulo direito como tantas vezes Zico, um de seus ídolos, havia feito naquele campo. “O carinho que recebi naquele dia, em um estádio tão especial como o Maracanã, foi um dos pontos altos da minha vida como jogador.”

Outra ligação de Pirlo com o Brasil é sua fonte de inspiração para cobrar faltas. Ele revelou em seu livro, intitulado Penso Quindi Gioco (Penso, logo jogo), que estudava o jeito de bater na bola de Juninho Pernambucano para tentar fazer igual. “Sou um pouco brasileiro, Pirlinho”, diz o texto. “Quando vou cobrar uma falta, penso em português, e quando a bola entra, comemoro em italiano.”

No capítulo em que trata do assunto, o craque conta que, no início, dava muito trabalho ao gandula do Centro de Treinamentos do Milan, porque mandava a bola sempre muito longe. Mas, um belo dia, a ficha caiu e ele percebeu que Juninho batia com três dedos e fazia um movimento seco com o pé para que a bola ganhasse efeito e caísse rapidamente depois de superar a barreira. Ao chegar ao CT, antes mesmo de se trocar, cobrou uma falta com sapato mocassim – sob o olhar desconfiado do pobre do gandula – e colocou a bola na gaveta.

Pois na última quarta, ele conheceu Juninho, que esteve na concentração italiana antes do treino da manhã, acompanhado da filha Maria Clara, de 12 anos. Pirlo recebeu uma camisa da seleção brasileira, com seu nome e o número 21, e uma do Vasco e presenteou o brasileiro com uma camisa da Azzurra.

RECORDE À VISTA – Pirlo diz que um dos maiores prazeres que tem na vida é fazer um gol de falta. E, por isso, no livro revela que quer se tornar o recordista de gols feitos dessa maneira na história do Campeonato Italiano. “Acho que faltam uns três ou quatro gols. Como tenho mais dois anos de contrato com a Juventus (a renovação foi anunciada na quarta), posso chegar lá.” O recorde pertence ao ex-zagueiro sérvio Sinisa Mihajlovic, com 28. Pirlo tem 25 – 41 na carreira. Neste ponto, ele perde para Juninho Pernambucano, que fez 44 de seus 100 gols pelo Lyon batendo falta. E calcula que, na carreira, marcou 80.

Para bater o recorde de Mihajlovic, ele tem tempo, mas, para ser campeão do mundo pela segunda vez (a primeira foi em 2006), é agora ou nunca mais. E apesar do ceticismo que reina na Itália por causa das atuações ruins da equipe nos últimos jogos, Pirlo acha possível voltar para casa como campeão. “Sabemos da nossa força.”